O que custa mais: o pacote de ração para cães, o quilo de contrafilé, a garrafa de vinho chileno ou a embalagem de fraldas descartáveis?
Após cerca de duas décadas, o brasileiro enfrenta um cenário em que as referências de preço começam a se confundir. Ainda não é preciso sair desesperado atrás de um freezer horizontal para estocar comida por três meses, como nos tempos de hiperinflação. Na época, os preços subiam 50% ao mês. Hoje, a alta ronda 9,5% ao ano.
O problema é que justamente nesse patamar, perto dos 10%, está o limiar de um fenômeno típico de momentos de inflação acelerada: perdemos a noção de o que é caro e o que é barato, segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.
“Aí passam a surgir comportamentos oportunistas na colocação de preços, que é o ‘sobe 15% que ninguém vai reparar'”, afirma Terra.
Já há exemplos que sinalizam que essa perda de referência de preços está ocorrendo, segundo Mauro Calil, consultor financeiro do Banco Ourinvest. “Como 1 kg de tomate pode custar quase o que custa 1 kg de linguiça? Não é só culpa do clima.”
BEABÁ PREVENTIVO
Como mais de 70 milhões de brasileiros ainda eram menores de idade nos tempos em que a inflação pautava o comportamento do consumidor, é sempre bom relembrar certas dicas (veja ao lado).
Uma das principais é pesquisar e comparar os preços. Na época da hiperinflação, os preços subiam com tamanha velocidade que inviabilizavam até a comparação. Você anotava na loja da rua, checava no supermercado do bairro e, quando voltava à a lojinha, o preço já era outro.
Atualmente, não só a situação não é tão grave como também há aplicativos que ajudam a comparar os preços.
“É fundamental, porque hoje já vemos diferenças muito grandes”, afirma Terra.
Uma pesquisa pela internet na última semana, por exemplo, mostrava que um mesmo modelo de celular variava de R$ 598 a R$ 1.399, um pacote com 50 fraldas de dada marca ia de R$ 39,42 a R$ 68,69, e uma garrafa de vodca, de R$ 95,50 a R$ 179,90.
Calil alerta para um outro comportamento típico de eras de remarcação de preço: o repasse dos reajustes.
“Meu receio é a mente indexada do brasileiro. Muitos setores que são oligopolizados vão reajustar. Sobe o preço e ponto. Põe na tabela.”
Fonte: Folha de São Paulo
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI