Comentário: Grade orgulho ...estar melhor que Argentina e Venezuela
Autor(es): Sergio Lamucci | De São Paulo |
Valor Econômico - 17/01/2013 |
O Brasil fechou 2012 com uma inflação bem mais alta que a registrada no Chile, Colômbia, México e Peru, países latino-americanos que também adotam o regime de metas inflacionárias e conseguiram um crescimento bem mais forte que o brasileiro. Por aqui, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou o ano passado em 5,8%, um número bem superior ao 1,5% do Chile, aos 2,4% da Colômbia, aos 2,6% do Peru e aos 3,6% do México. A inflação brasileira, porém, segue bem abaixo das outras duas economias de peso da América Latina. Na Argentina, o índice oficial de preços ao consumidor, tido como não confiável, ficou em 10,8%, enquanto uma média de sete consultorias privadas apontou uma alta de 25,6%. Na Venezuela, a inflação ficou em 20,1%. Segundo analistas, o nível mais alto da inflação brasileira nos anos anteriores - de 5,9% em 2010 e 6,5% em 2011 - é um dos fatores que ajudam a explicar o número ainda pressionado do índice de preços ao consumidor neste ano, num país com uma economia bastante indexada. A desvalorização do real, que passou a flutuar numa banda muito estreita em 2012, também contribuiu para manter a inflação na casa de 5% a 6%. Já a taxa de investimento mais baixa no Brasil é apontada como um fator estrutural por trás dos índices de preços mais altos por aqui. Para completar, há o forte aquecimento do mercado de trabalho, com desemprego nas mínimas históricas e a renda em alta. A definição de um alvo mais elevado e com maior banda de tolerância é um dos primeiros pontos que fazem a inflação ser mais alta no Brasil do que nos outros países da região que adotam o regime de metas, diz o chefe de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. No Brasil, a meta é de 4,5%, com um intervalo de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. No Chile, na Colômbia e no México, o ponto central é de 3%, com tolerância de 1 ponto. No Peru, a meta é ainda menor, de 2%, com o mesmo intervalo. Além do nível da meta, o Banco Central brasileiro não se mostra incomodado se a inflação fica acima dos 4,5%, mas abaixo do teto de 6,5%, afirma Ramos. Entre 2010 e 2012, por exemplo, a média anual do IPCA foi de 6%. "Colômbia, Peru e Chile fizeram um trabalho melhor na consolidação do processo de estabilização de suas economias, reduzindo a indexação e com um menor nível de dívida pública", diz o analista-sênior da Economist Intelligence Unit (EIU) para a América Latina, Robert Wood. Para ele, esses países têm adotado ainda uma abordagem mais rigorosa na condução do regime de metas, o que aumentou a credibilidade dos BCs e ajudou a diminuir as expectativas de inflação. Em 2012, Chile e Colômbia tiveram inflação abaixo da meta. No México, o IPC fechou o ano passado em 3,6%, superando o centro do alvo, de 3%, mas o indicador mostrou uma tendência declinante nos últimos meses, com o núcleo, que exclui alimentos e preços de energia, encerrando o ano em 2,9%. O PIB deve ter crescido um pouco menos de 4%, segundo projeções dos analistas. No Peru, a inflação, de 2,6%, também ultrapassou o centro da meta, mas o alvo peruano é o mais baixo desse grupo de países. Além disso, ocorreu uma forte queda do índice em relação aos 4,7% de 2011, mesmo com um crescimento forte - os economistas estimam uma expansão superior a 6% em 2012. No caso brasileiro, diz Wood, a economia tem um maior grau de indexação e o BC tem sido menos rigoroso na condução do regime de metas, num cenário de aumento forte dos preços de serviços - em 2012, eles subiram 8,7%. O comportamento do câmbio também tem algum peso para o resultado diferente da inflação no Brasil e nesses países. Enquanto o real se enfraqueceu e passou a flutuar entre R$ 2 e R$ 2,10, a valorização das moedas da Colômbia e do Chile contribuiu para a queda da inflação nessas economias, diz o economista João Pedro Resende, do Itaú Unibanco. Resende destaca ainda fatores específicos de cada país, que colaboraram para um bom comportamento da inflação. No caso do Chile, os preços de energia caíram, e o IPC fechou em 1,5%, mesmo com um mercado de trabalho aquecido, com um PIB que, segundo estimativas, avançou cerca de 5,5%. Na Colômbia, por sua vez, o PIB perdeu força, passando de uma alta de 5,9% para cerca de 3,5% em 2012. A taxa de investimento mais alta é outro trunfo dessas economias para crescer a um ritmo mais forte com inflação sob controle. Wood estima que no Chile e na Colômbia, essa taxa ficou próxima de 23% do PIB em 2012; no Peru, beirou os 26% PIB. Mesmo a do México, de 21,4% do PIB, é superior à brasileira, hoje abaixo de 19% do PIB. "A queda do investimento desde 2011 prejudica o crescimento e afeta as perspectivas para a inflação", afirma Wood. O quadro inflacionário brasileiro, contudo, permanece bem mais tranquilo que o da Argentina ou da Venezuela, onde os índices de preços andam na casa de 20% ou mais |
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