Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Em entrevista a Roberto D’Ávila, ex-presidente deixa claro que não tem mais nada a dizer e que seu repertório se esgotou

Por: Reinaldo Azevedo  


Lula está mais assanhado que lambari na sanga. Quer falar. Não passe perto dele com um gravador ou com um microfone. Você corre o risco de ser laçado para ele lhe dar uma entrevista, nem que seja à força. Mas falar o quê?

Assisti à entrevista dele a Roberto D’Ávila, na GlogoNews. Pois é… D’Ávila consagrou um estilo ali nos estertores da ditadura. Entrevistava personalidades do governo e da oposição, sempre com um modo lhano, cara de bom moço, como a dizer: “Não temam a democracia, senhores de farda”. E conservou a fala mansa.

É injusto dizer que ele não apertou Lula. Ao longo da vida, fez boas e más entrevistas sem apertar ninguém. É um jeito. No programa que foi ao ar nesta quarta, isso serviu para evidenciar que Lula, apesar do assanhamento, definitivamente, não tem mais o que dizer — o que é uma boa notícia.

O ex-presidente ficou o tempo todo com o cenho fechado, grave como convém a um suposto estadista, mas apelando, como de hábito, às altas categorias do pensamento político. Disse, por exemplo, que não dava palpite no governo porque isso seria como um ex-marido dizer ao atual como é a mulher. Ufa!

Ao falar da crise política, ele se traiu. Disse que, antigamente — no seu governo, por certo — “a gente falava com os ministros, e os ministros entregavam os votos”. Entenderam a compreensão que este gênio da raça tem do Parlamento? Hoje, ele diz, não é mais assim. Por que não? Sei lá! Não ficou claro.

Para a incredulidade geral, negou que tenha pedido a cabeça de Joaquim Levy, o que é obviamente mentira! Não só pediu como chegou quase a anunciar a nomeação de Henrique Meirelles — que não se fez de rogado: decoroso, deixou claro que só daria entrevistas depois de nomeado. Para não ser inteiramente desmoralizada, Dilma teve de manter Levy.

Não se é Lula sem uma grande cara-de-pau política, não é? O sujeito que orientou a Fundação Perseu Abramo a descer o porrete no ajuste econômico resolveu defendê-lo. Abriu mão, desta feita, da sapiência alcoviteira e optou pela metáfora de um encanador: “Nós cometemos erros. Dilma percebeu que estava saindo mais água da caixa do que entrando. Daí a contradição do discurso da campanha com o que ela está fazendo. Mas ela teve o compromisso de manter [o ajuste]”.

O quê? Então, em outubro, ele não sabia quanta “água” havia na caixa? Não existe contradição, mas estelionato.

E a Petrobras? Ah, aí, com efeito, a entrevista caminhou para o terreno do surrealismo. Lula disse, acreditem, ter tomado “um susto”. Isso mesmo! Foi surpreendido. É como se João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, não existisse. É como se Renato Duque, o diretor de serviços, também do PT, não existisse.

E a Lava-Jato? Ah, Lula acha que ela faz um bem ao Brasil. Só se opõe aos vazamentos. Outra inverdade, não é mesmo? Ele o PT querem a cabeça de José Eduardo Cardozo, acusado de não controlar a Polícia Federal.

E se a presidente decidisse falar com a oposição, chamar ex-presidentes para colher sugestões? Por ele, disse, tudo bem, mas seria preciso saber, alertou, se as pessoas teriam ou não delegação de seu partido. Era, claro!, uma referência a eventuais divisões no PSDB…

Ora, ora… E das divisões internas do PT, quem vai cuidar?

A menos que Lula diga alguma coisa interessante, este é o último post que escrevo sobre entrevistas suas.

Nesta quarta, tive a certeza de que, de fato, como personalidade política, ele já está morto. Um morto assanhado.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/lula-o-morto-assanhado/

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