Apesar das medidas do governo para estimular o crescimento da economia do país, a população cada vez mais endividada vem revelando certo pessimismo quanto ao consumo, mostrou uma pesquisa que mede a intenção de compra futura.
O índice de consumidores da cidade de São Paulo que pretendem comprar algum bem durável no terceiro trimestre caiu 18,6 pontos percentuais sobre um ano antes, para 53,8 por cento, o menor percentual há pelo menos três anos, segundo levantamento do Programa de Administração do Varejo (Provar), da FIA, em parceria com a consultoria Felisoni.
Na comparação com o segundo trimestre, o nível de intenção de compras na capital paulista diminuiu em 4,2 pontos percentuais, segundo divulgado nesta quarta-feira.
"O esforço do governo está sendo pouco efetivo até agora", disse o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni, referindo-se a medidas como desoneração fiscal, redução da taxa de juros e maior incentivo à liberação de crédito.
"As perspectivas para o consumo nos próximos três meses nunca estiveram tão baixas."
Entre aqueles que pretendem adquirir algum bem durável entre julho e setembro, a categoria com maior intenção de compra é vestuário e calçados, com 22,8 por cento das intenções, seguida por viagem e turismo (9,4 por cento), linha branca (8,8 por cento) e móveis e material de construção, ambos com 8,6 por cento.
Em termos de gastos, a categoria com maior intenção nos três meses até setembro é automóveis (33,6 por cento do total). Na sequência, os maiores gastos devem ser com eletroeletrônicos (32,2 por cento) e cine e foto (27,2 por cento).
"Vemos uma continuidade da desaceleração das vendas no varejo... As medidas (do governo) ainda não surtiram efeito, mas é possível que, com isso, a estimativa para o ano seja um pouco superada", afirmou Felisoni, sobre a previsão de alta real de 5,4 por cento nas vendas do varejo em 2012.
INADIMPLÊNCIA CRESCE
O estudo revelou ainda que a inadimplência nos próximos meses tende a aumentar. Para julho, é esperado índice de 8,1 por cento. Em agosto e setembro são esperados 8,2 e 8,3 por cento, respectivamente. No mês passado, o índice de inadimplência havia sido de 7,9 por cento.
"Se a inadimplência não crescer, também vai demorar muito para cair", disse Felisoni, que estima queda do endividamento da população apenas em 2013. "Ainda que o cenário hoje seja melhor, a inadimplência carrega fatores do passado."
Ele citou o comprometimento cada vez maior da renda da população como um dos fatores responsáveis por este cenário.
Segundo o estudo, houve redução de quase 3 por cento no valor equivalente à sobra do orçamento familiar no atual trimestre em relação a um ano antes, resultado de aumentos expressivos nos gastos com alimentação, educação e crediário.
Ainda conforme o levantamento, se mantidas as atuais condições, a inadimplência deve chegar a 8,6 por cento em dezembro.
FONTE: Agência Reuters
por Vivian Pereira
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