Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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MENSALÃO: Vejam como Lewandowski pode atrasar até dezembro o capítulo final — a publicação da sentença que condena os mensaleiros

Joaquim Barbosa, presidente do STF - fim de um julgamento (Foto: Nelson Jr. / STF)

PROTELAÇÃO -- Também relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa quer concluir o julgamento do mensalão com a a execução da decisão condenatória aos mensaleiros ainda neste primeiro semestre. Para isso, porém, depende dos colegas -- e o mais problemático é, uma vez mais, Lewandowski (Foto: Nelson Jr. / STF)

Reportagem de Daniel Pereira e Hugo Marques, publicada na edição de VEJA que está nas bancas

À ESPERA DA PUNIÇÃO

Dois meses depois do julgamento, o presidente do Supremo pede aos ministros que lhe encaminhem o voto revisado para que ele possa finalmente encerrar o processo e decretar a prisão dos mensaleiros

Os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski atuaram em trincheiras opostas no julgamento dos principais pontos do  processo do mensalão, numa dicotomia que transcendeu — e muito — o contraponto esperado entre o relator e o revisor.

Barbosa  acolheu a tese da acusação e afirmou que o PT montou, no primeiro mandato do ex-presidente Lula, um esquema de compra de votos  no Congresso custeado com recursos desviados dos cofres públicos.

Já Lewandowski, ecoando a defesa, alegou que essa denúncia não  foi comprovada nos autos. Barbosa condenou à cadeia a antiga cúpula petista, enquanto Lewandowski votou pela absolvição de José Dirceu e José Genoino, ex-presidentes do partido.

Barbosa também defendeu a cassação imediata dos deputados condenados, prevalecendo, como nos casos anteriores, à recomendação de Lewandowski para que a última palavra sobre a perda dos mandatos  fosse dada pela Câmara dos Deputados.

Ministro Ricardo Lewandowski: se depender dele, o fim do escândalo do mensalão pode ficar até para 2014 (Foto: STF)

Superada a parte principal do maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal (STF), o duelo se repete agora na definição do prazo para o cumprimento da sentença. Barbosa espera executá-la, o mais tardar, até julho. Lewandowski aposta em novembro ou dezembro.

Em 2012, o STF gastou 53 sessões plenárias e 138 dias para condenar 25 dos 38 réus do mensalão. Somadas, as penas chegam a quase  270 anos de prisão, e as multas, a 22 milhões de reais. Tais sanções só serão aplicadas depois de vencidas duas etapas derradeiras do processo.

A primeira é a publicação do acórdão. A segunda, a análise dos recursos que serão apresentados pelos advogados de defesa.  Presidente do Supremo, Barbosa já pediu pelo menos duas vezes aos ministros que liberem rapidamente seus voto revisados, o que permitirá a divulgação do acórdão.

Na semana passada, o pedido constou de um ofício encaminhado formalmente aos colegas. No  início do mês, Barbosa fez o mesmo apelo numa conversa informal entabulada pouco antes do início de uma sessão plenária. O prazo para a publicação do acórdão, segundo o regimento, acaba em 1º de abril, mas Barbosa quer ganhar tempo.

José Genoino seria beneficiado com um prazo maior na publicação do acórdão, mas outros mensaleiros condenados também sairiam ganhando, como José Dirceu (Foto: Ed Ferreira / AE)

ENQUANTO ISSO -- O deputado José Genoino, condenado por corrupção e formação de quadrilha, e o ex-ministro José Dirceu, chefe da quadrilha do mensalão, continuarão soltos até o julgamento dos recursos (Foto: Ed Ferreira / AE)

Se dependesse só dele, o  texto seria publicado ainda neste mês. O problema é que apenas três ministros liberaram os votos: Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto, já aposentados, e Gilmar Mendes. Luiz Fux, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello prometem fazer o mesmo até meados de março. Os  outros ainda não se pronunciaram.

Depois de publicado o acórdão, os réus têm cinco dias para recorrer da decisão. Não há limite de tempo para o julgamento dos chamados embargos. Por isso, apesar de tais recursos raramente resultarem na extinção das penas impostas, o fim do processo  depende do empenho dos próprios ministros.

Jogar com o tempo, prorrogando a tomada de decisões, foi uma estratégia urdida pelo  próprio Lula quando era travada a discussão sobre a data do início do julgamento do mensalão. O petista queria que o caso ficasse para  2013. Falou isso diretamente a ministros, mas não conseguiu convencer a maioria deles. O fato de o revisor prever o desfecho apenas  em novembro ou dezembro alimenta especulações nada edificantes.

Essa disputa pelo controle do andamento do processo interessa principalmente aos deputados condenados: José Genoino e João Paulo Cunha, do PT, além de Valdemar Costa Neto (PR) e Pedro Henry (PP). Se prevalecer o prazo idealizado por Barbosa, eles poderão  perder os mandatos ainda neste ano. Caso o ritmo imaginado por Lewandowski se imponha, a cassação ficará, na melhor das hipóteses,  para o próximo ano.

Como em 2014 haverá eleições gerais e os parlamentares praticamente não darão expediente em Brasília, na  Câmara há até quem aposte que os mensaleiros conseguirão concluir o mandato. É justamente isso que Barbosa quer evitar, sob pena  de desmoralizar a Justiça e tornar manca uma sentença histórica do STF.

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/mensalao-v...

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