Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Não é o Carnaval que atrapalha a produtividade – nós que somos péssimos profissionais

Não é o Carnaval que atrapalha a produtividade – nós que somos péssimos profissionais

Ana Colombia

Engana-se quem pensa que o Carnaval atrapalha a nossa economia. O problema é que o brasileiro trabalha mal e produz pouco. Somos folgados, somos preguiçosos, somos ruins no que fazemos. De quem é a culpa? Da nossa educação precária e da infraestrutura capenga

Quase todo mundo vai folgar neste Carnaval. Eu também vou. Mas engana-se quem pensa que o Carnaval atrapalha a nossa produtividade. Se compararmos os números de feriados nacionais com outros países, não parece ser o caso. Estudo internacional da consultoria em recursos humanos Mercer calculou, no ano passado, que o Brasil tem número de feriados semelhante a países como Canadá, França, Itália e Suécia, com 11 feriados cada.

O brasileiro trabalha muito - quer dizer, trabalha muitas horas.

O problema é que o brasileiro trabalha mal e produz pouco. Somos ruins no que fazemosE somos assim porque temos pouca educação e a infraestrutura das nossas cidades e dos nossos ambientes de trabalho são muito precárias. 


Nos Estados Unidos, trabalham-se 1.790 horas por ano, mesmo sem Carnaval como o daqui, enquanto no Brasil são 2.023 horas anuais de labuta. Apesar de trabalharem menos, eles produzem seis vezes mais que nós. Uma das razões é o foco ao trabalhar.

Enquanto no Brasil dois funcionários constroem 17 metros quadrados por dia no sistema de alvenaria, nos Estados Unidos uma dupla de operários levanta de 40 a 50 metros quadrados por dia com material pré-moldado.

Na Alemanha, trabalha-se em média 38 horas por semana. Na França e na Espanha, menos ainda: 35 horas. Aqui no Brasil, a média é superior a 40 - para ser exato, 40,9 horas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) feita pelo IBGE em 2008. Embora a média seja menor que a jornada máxima prevista na legislação trabalhista, esse mesmo levantamento revelou que 1 em cada 3 brasileiros trabalha mais que 44 horas semanais. E que 1 em cada 5 vai além das 48 horas por semana.

Quer um exemplo óbvio que como desperdiçamos tempo? Você conhece algum lugar no mundo que as pessoas passem mais de uma hora almoçando? Só no Brasil.

Você conhece algum lugar que as pessoas passem tanto tempo tomando café ou fumando ou cochichando nos corredores? Só no Brasil.

Você conhece um lugar onde as pessoas passem tanto tempo em redes sociais como Facebook ou no WhatsApp? Só no Brasil.

Um trabalhador brasileiro produz, em média, somente um quarto do que produz um trabalhador americano

Então como resolver o problema da baixa produtividade do trabalhador no Brasil? Bem, não é preciso acabar com o Carnaval. Melhorias na educação, aumento do investimento em tecnologia pelas próprias empresas e trabalho conjunto entre as firmas e universidades são algumas das sugestões ouvidas sempre por especialistas de diversas áreas.

Então recapitulando, para entender que o problema não é o Carnaval:

1) nossos trabalhadores são menos educados e menos qualificados(isto é, possuem um menor "capital humano");

2) esses trabalhadores têm a seu dispor menos máquinas, equipamentos, estruturas e infraestrutura (isto é, possuem menos "capital físico"); e

3) a ineficiência da economia é tal que trabalhadores com mesmo capital humano e físico que trabalhadores em países avançados produzem menos que estes últimos (isto é, a eficiência produtiva –a "produtividade total dos fatores", no jargão dos economistas– é baixa).

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a produtividade brasileira está estagnada há três décadas. Nos anos 80, ela encolheu 1,35% ao ano. Continuou a cair à média de quase 1% ao ano na década seguinte.

Grande parte dos economistas brasileiros afirma que, num contexto de baixo desemprego, é preciso aumentar a produtividade dos trabalhadores para acelerar o crescimento econômico do país

O Brasil dos últimos anos tem avançado muito pouco — e às vezes até recuado — nesse sentido.Em anos recentes, compensamos esse problema incorporando mais gente à produção.

Precisamos aumentar desesperadamente o investimento em educação, melhorar urgentemente nossa infraestrutura e acelerar o passo da produtividade — e, assim, do nosso desenvolvimento.

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