Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Em Março deste ano, não faltavam as nuvens negras no horizonte de uma das marcas de maior sucesso das últimas décadas. A norte-americana Nike tinha falhado o seu objectivo de lucro pela primeira vez em quatro anos, afectada pelo aumento nos custos das matérias-primas.

Entre Março e Julho, a Nike conseguiu melhorar a sua performance, apesar das dificuldades do mercado. Com efeito, a margem bruta no quarto trimestre caiu 310 pontos para os 44,3%, principalmente devido aos custos crescentes das matérias-primas, mas também devido aos maiores gastos no transporte.

Estes aumentos foram mais do que compensados pela subida nas vendas directas ao consumidor e pelas iniciativas de redução de custos – e a Nike conseguiu registar uma subida de 14% no lucro líquido, atingindo o crescimento previsto das receitas e ultrapassando as previsões da maioria dos analistas de Wall Street.

Isto foi conseguido graças ao aumento das receitas em praticamente toda a linha, com o único ponto negativo decorrente da quebra nas receitas dos artigos de futebol, uma evolução compreensível face às vendas que antecederam o Campeonato do Mundo na África do Sul.

As principais regiões de crescimento incluem – sem surpresa – a China, com as receitas a aumentarem 21%, e mercados emergentes (25%). Ainda mais encorajador, para um negócio que ainda depende da América do Norte para mais de um terço das vendas, as receitas nesta região subiram 22% para os 2,1 mil milhões de dólares.

Enquanto isso, as receitas na Europa Ocidental aumentaram apenas 5% e na Europa de Leste mantiveram-se praticamente inalteradas. Apenas o Japão decepcionou, com as receitas a caírem 17% em resultado dos efeitos do terramoto e dos contínuos problemas económicos do país.

Os resultados são claramente positivos para a Nike, mas os rivais da empresa vão certamente ripostar, ansiosos por descobrir como a empresa norte-americana conseguiu impor os aumentos de preços para compensar os aumentos de custos, mas mantendo o forte crescimento das receitas.

Este sucesso da Nike resume-se a uma série de factores, sendo o mais óbvio a sua força nos mercados emergentes e especialmente na China. Mas o crescimento na América do Norte mostra que a Nike também convenceu os consumidores norte-americanos, algo que os analistas atribuem à presença da empresa em segmentos mais caros do vestuário e calçado de desporto.

Além disso, apesar da empresa pouco poder fazer para conter o aumento nos custos das matérias-primas como o algodão, conseguiu reduzir os gastos noutras áreas, com as despesas de vendas e administração a aumentarem apenas 2% para os 1,8 mil milhões de dólares, muito aquém do aumento das receitas.

As encomendas futuras da Nike sugerem um crescimento contínuo, embora talvez não no mesmo nível destes resultados: até aos 12% numa base de moeda constante, liderados por mercados emergentes, China e América do Norte.

Continua a ser uma incógnita saber até que pontos estes números animadores vão traduzir-se em vendas efectivas. A própria Nike admite que podem ser inflacionados por outros factores, como o crescimento da reposição de estilos com elevado volume de negócios, entrega antecipada de produtos sazonais com prazos de entrega mais longos e o crescimento das operações directas ao consumidor.

Mas, pelo menos por enquanto, a Nike deu uma lição sobre como absorver os correntes aumentos inevitáveis nos custos das matérias-primas e ainda conseguir gerar crescimentos nas receitas e nos lucros.

Entretanto, a empresa norte-americana acaba de prometer uma «acção imediata e decisiva» na sequência das notícias que dão conta de práticas laborais injustas em duas fábricas indonésias que produzem calçado para a sua marca Converse. As notícias revelam alegados abusos físicos e verbais por parte de supervisores a trabalhadores nas unidades da Pou Chen e da PT Amara, perto de Jacarta, que em conjunto empregam cerca de 10 mil trabalhadores, a maior parte dos quais mulheres. As notícias avançam ainda que a Nike sabia que cerca de dois terços das fábricas que fazem produtos para a Converse não passam nos padrões éticos da própria empresa.

Em resposta, a empresa norte-americana indicou que a Converse tomou acções «decisivas», implementando mudanças que incluem entrevistas directas com trabalhadores, que levaram à criação de planos de acção; revisão e reforço de processos confidenciais de queixas para trabalhadores; e implementação de formação de recursos humanos para supervisores e gestores.

«Como afiliada da Nike, a Converse leva as questões de práticas laborais injustas muito a sério e apoia vigorosamente a protecção de direitos dos trabalhadores», indicou a Nike em comunicado. «Assim que foi notificada destas questões em fábricas que produzem artigos Converse, foi tomada uma acção imediata. A Nike e a Converse continuam altamente empenhadas com os seus parceiros para que as medidas de correcção sejam sistémicas e duradouras», conclui o comunicado.

 

Fonte: just-style.com

Portugal Têxtil

 

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