Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O Brasil num voo cego para o abismo socioeconômico

Essa é a atual e grande preocupação da classe esclarecida

Digo cego diante da persistência e irresponsabilidade de quem pilota, e digo cego porque insistem em tapar a visão do povo para a real situação do país apenas com a ilusória pregação da distribuição de riquezas. Mas, afinal, que distribuição é essa?

Nós assistimos a quatro tipos de distribuição da riqueza:

1º) O privilegiado grupo de empresas que só vive em simbiose e cumplicidade com a alta corrupção da elite política.

2º) Os governantes de primeiro e segundo escalão.

3º) O corporativismo do alto funcionalismo público, dos três poderes, que assiste à alta corrupção e cujo silêncio é pago com altíssimos salários ou com a própria prática da corrupção no varejo.

4º) E, finalmente, a menor parte: a esmola do Bolsa Família, destinada à gigantesca ignorância nacional para garantir a continuidade dos mandatos políticos.

Essa é a verdadeira distribuição da riqueza nacional, praticada por governantes que unem a grande incapacidade de plantar com a exagerada vontade de colher. Os efeitos desse modo de governar são gravíssimos porque, no futuro, eles não aceitam mais correções num ambiente democrático. Desse modo, avançamos cada vez mais para o mesmo caos da ingovernabilidade que gerou a intervenção militar de 1964.

Hoje, todos os políticos no poder querem recriar a história a seu modo e, em vez de combater as causas do golpe (porque são as mesmas, e cada vez mais praticadas hoje), convenientemente combatem seus efeitos. Ora, nenhum brasileiro consciente quer ditadura. O que nós queremos é um governo competente e ético, que defenda, sim, uma democracia de direitos, mas com uma radical rigidez na cobrança dos deveres, de todos: primeiramente na governança e na administração pública, com postura exemplar, para depois exigir o mesmo da sociedade e do contribuinte.

Com o atual modelo institucional na área tributária, o governo está sobrecarregando a sociedade com excessivas obrigações, enquanto agrada aos políticos e ao corporativismo do Estado com fartos direitos, tirando sem escrúpulos da área produtiva para colocar e inchar a área improdutiva. Resultado: um governo gigante que quer mais e uma sociedade economicamente enfraquecida que não aguenta mais, com muitos deveres de um lado e fartos direitos de outro.

Nosso modelo de governo, como uma ditadura disfarçada, é totalmente dedicado à eficiência e ao aprimoramento arrecadatório tributário, com sinais claros de que ninguém está preocupado com a eficácia e o rigor na administração dos recursos arrecadados. É muito fácil distribuir dinheiro e a esmola do Bolsa Família por um governo que teve uma arrecadação multiplicada em 500% em 12 anos, apenas graças ao aprimoramento da máquina arrecadatória. Com tanto dinheiro em mãos, a preocupação foi apenas comprar apoio político e dar asas à corrupção.

Pergunto: se a arrecadação aumentou 500%, os investimentos em infraestrutura, serviços públicos, como saúde, educação e segurança, aumentaram quanto? 500%? Não. 400%? Não. 300%? Não. 200%? Tenho minhas dúvidas. O que nos foi demonstrado até agora, em 12 anos de PT, é que a capacidade de nossos governantes, infelizmente, não permite gerar riqueza. Apenas distribuí-las. E a riqueza, se não é gerada, um dia acaba, como acabou em Cuba, e como acabou na Venezuela. Por isso é que essa nossa direção é o abismo.

O estrago é tanto que, mesmo se todos decidissem parar de roubar, há de se perguntar: como fazer para desinchar a máquina do Estado, que está superlotada de tanta gente apadrinhada? Como fazer para baixar os altíssimos salários generosamente concedidos para ter apoio institucional do poder público e administrativo? Como recriar tantos empregos no setor produtivo já destruído e aniquilado pela insuportável truculência tributária e por tanta imposição de funções sociais por meio de leis trabalhistas demagógicas? Como diminuir o custo da dívida pública se ela só tende a aumentar devido ao alto custo do governo?

Se a história de cada país é dividida em períodos, o Brasil, que já viveu o ciclo da borracha e o do café, o que vive hoje podemos chamar de “Período do Absurdo”.

Absurdo, por ver e ouvir exaltar a “defesa dos trabalhadores”, no “Dia do Trabalhador”, por políticos que de tudo gostaram na vida, menos de trabalhar.

Absurdo, por ver e ouvir candidato à reeleição de um partido há 12 anos no poder que não fez quase nada e ainda ter a coragem de prometer coisas e mais coisas.

Absurdo, por ver e ouvir governantes pregando a igualdade e a distribuição de renda e assistir aos enriquecimento instantâneo de tantos políticos e seus familiares.

Absurdo, por ver e ouvir todos os políticos no poder condenando (com razão) as atrocidades militares de uma ditadura que aconteceu para defender a nossa democracia e hoje, sem nenhuma ditadura, permitirem que mais de 50 mil brasileiros inocentes sejam assassinados por ano, por uma delinquência e impunidade institucionalizada.

Absurdo, por ver e ouvir que há políticos que, condenados lá fora por corrupção, correm o risco de ser presos pela Interpol no mundo inteiro, menos no Brasil, exatamente onde eles cometeram o crime.

Absurdo é ver e ouvir toda uma sociedade esclarecida assistir, inerte, a tantos e tantos absurdos.

Prefiro encerrar com as sábias palavras de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

 

* Reprodução liberada *

 

Cav. Giuseppe Tropi Somma é empresário, membro da Abramaco e presidente do Grupo Cavemac.

giuseppe@cavemac.com.br

http://www.costuraperfeita.com.br/edicao/27/materia/ponto-de-vista....

 

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 9 agosto 2014 às 9:05

  1º) O privilegiado grupo de empresas que só vive em simbiose e cumplicidade com a alta corrupção da elite política.

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