Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Fonte:|administradores.com.br|

Por Eduardo Pocetti

Imagine um paciente que anda sofrendo com insônia, enxaqueca ou dor de estômago. Ao procurar um médico, ele sairá do consultório com uma lista de recomendações: descansar, praticar esportes com regularidade, consumir menos frituras, trocar o refrigerante pelo suco natural e as oito xícaras diárias de café por doses equivalentes de água e chazinho...

O herói que seguir à risca todas as prescrições terá grandes chances de melhorar. Mas, de todos os procedimentos impostos pelo médico, qual deles será que realmente funciona? A adoção de hábitos mais saudáveis? O corte drástico na sua cota de cafeína?

Com o problema resolvido, nossa tendência é achar que não importa conhecer a verdadeira fonte da cura. Mas isso é importante, sim. Primeiro, porque parte das recomendações médicas demanda custos e mudanças de rotina que poderiam tornar o tratamento inviável em outro momento; e, segundo, porque essa informação poderá ser útil caso haja uma recaída.

Então, o que teria acontecido se, em vez de mudar tanta coisa ao mesmo tempo, tivéssemos apenas parado de tomar café? Ou tirado férias? Será que uma mudança simples teria resolvido tudo?

Talvez. O único jeito de encontrar a resposta seria suprimir, um a um, os passos saudáveis adotados com sucesso, e então identificar em qual “ponto de relaxamento” a saúde desandaria outra vez.

Quando se começa pelas mudanças mais simples, é possível acrescentar novas medidas pouco a pouco, e observar os resultados de cada uma. Desse modo, aprendemos muito mais, e nossas chances de economizar dinheiro, tempo e esforço aumentam.

Retomando o paralelo entre a saúde humana e a ‘saúde’ das empresas, percebemos que, quando estas últimas começam a manifestar sintomas preocupantes, muitos gestores agem mais ou menos como o médico do exemplo: implantam meia dúzia de mudanças simultâneas, na expectativa de que uma delas funcione.

Em certos casos, a ‘cura’ de uma empresa depende de uma terapia drástica e abrangente, incluindo a extirpação dos ‘tumores’ que paralisam a criatividade, inibem a disposição proativa e desestimulam o impulso modernizador. Mas há inúmeras situações em que as empresas se beneficiariam com a adoção de uma abordagem criteriosa, ‘homeopática’. Afinal, tal como um medicamento ‘tarja preta’, as ‘terapias de choque’ que colocam o redimensionamento do negócio, as mudanças nas linhas de serviços e produtos e as alterações no quadro de pessoal no mesmo pacote podem matar em vez de salvar.

Diagnosticar o que é mais indicado a cada caso não é tão simples, mas é necessário. Os resultados obtidos com o tratamento ideal, e não pela mera aplicação de fórmulas prontas e óbvias, tendem a ser muito melhores e mais duradouros do que aqueles que derivam de uma experiência feita às cegas. Esta pode surtir efeito em um primeiro momento, mas não se sustenta a longo prazo.

O especialista em Advisory Services é o médico que tem a incumbência de olhar para esse organismo complexo chamado empresa e, no melhor estilo Dr. House – o protagonista da série homônima, interpretado pelo inglês Hugh Laurie –, fazer um diagnóstico preciso, correto e, no mais das vezes, surpreendente. Talvez, depois dessa avaliação, ele opte pela cirurgia. Porém, se bastar um ‘floralzinho de Bach’ corporativo para devolver a boa forma ao paciente, o processo de recuperação será mais rápido e menos traumático.

Com uma abordagem criteriosa, é possível que os resultados demorem mais a aparecer. Mas, pelo menos, o empresário poderá identificar com muito mais clareza o foco do problema – e, dessa maneira, evitará a repetição de equívocos e atuará com muito mais eficiência.


Eduardo Pocetti - CEO da BDO no Brasil.

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