Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O futuro das empresas e dos empregos no pós-coronavírus

Estamos passando pela maior evolução e transformação da história de toda a humanidade.

Coronavírus (Foto: d3sign via Getty Images )

(Foto: d3sign via Getty Images )



Para que seja possível nos prepararmos minimamente para enfrentarmos as incertezas do mercado no pós-coronavírus, é necessário traçarmos cenários que nos permitam sofrer menos com as devastações que vem pela frente em diversos segmentos.

O objetivo do uso de cenários vai além de selecionar um futuro ideal ou o mais provável. Contempla a possibilidade de ter a visão do todo através de alternativas que apresentam as melhores condições para as tomadas de decisão.

Nesse sentido, passa a ser operante desenvolver cenários possíveis e plausíveis para que empresas, instituições, governos e pessoas físicas, possam fazer escolhas “hoje” com uma visão de como elas poderão ser impactadas no futuro. Ou seja, precisamos estar dispostos a nos adaptarmos às incertezas e aceitar o fato de que não temos mais como controlar tudo, mas também não podemos ficar desamparados no que vem a seguir.

Para termos a consciência do que estamos vivenciando neste momento, gosto de fazer uma alusão a uma imagem: um caminhão em uma estrada escorregadia, em que o motorista perde o controle e coloca o pé no freio até parar. Temos a sensação de que, freando, retomamos o comando porque temos o controle de todas as variáveis, ou pelo menos, grande parte delas. A diferença é que ao frearmos o mercado, como ocorreu no mundo todo com a pandemia do coronavírus, não temos controle de praticamente nenhuma variável. É aí que a situação ganha uma complexidade jamais vivenciada por nós.

Como forma de iniciarmos uma projeção de cenários, é altamente recomendável nos utilizarmos das técnicas do Retrofuturismo, muito utilizada no Design Estratégico e de Descorrelação, comumente empregada no mercado de capitais. A questão é que ao utilizar essas técnicas, normalmente somos relativamente bons em projetar cenários prováveis em relação as tecnologias emergentes. Mas ainda não somos tão bons assim em identificar mudanças comportamentais futuras.

No processo de projeção dos cenários da sua organização em relação ao que ocorrerá no pós-coronavírus, é de suma importância fazer a correlação também entre três teorias. A primeira delas é a teoria do Black Swan (Cisne Negro), que avalia o que está fora do âmbito das expectativas normais porque nada no passado pode apontar de forma convincente para sua possibilidade. Ou seja, são eventos muito improváveis e imprevisíveis que geram grande impacto.

Imagem coluna Changemaker (Foto: Juan Pablo Boeira)

A segunda, é a teoria do Grey Rhino (Rinoceronte Cinza) que afere dados e informações que estão em campo aberto para o mundo ver, mas são ignoradas até que seja tarde demais. Pois as pessoas pensam que alguém deve estar pensando em como resolver, mas nada acontece e aí é que ocorrem os problemas.

E a terceira, é a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, que menciona que quanto maior a velocidade que estamos em relação ao espaço/tempo, mais devagar temos a sensação de que estamos. Só que na realidade, estamos muito mais rápidos do que outrora. Ou seja, é precisamente o que estamos vivenciando neste momento. Estávamos vindo em uma velocidade alucinante com inúmeras transformações e agora que o mercado parou, temos a sensação de que reduzimos drasticamente a velocidade. Mas na realidade, estamos exatamente na maior evolução e transformação da história de toda a humanidade.

E como o mercado e a vida não são uma equação linear, precisamos desenvolver cenários avaliando o tipo de empresa que fazemos parte. Podemos ter uma empresa Frágil, que facilmente pode desmoronar com a desordem. É o que chamamos de “Empresa Vela”. Vem um vento e apaga a sua chama. Outro tipo de organização, são as Resilientes. Chamadas de “Empresa Lanterna”. Pois pode vir o vento que for, que não acaba com a luminosidade. Só que a Resiliência é o “João Bobo” que bate e volta. Uma hora a pilha acaba, e aí pode ser tarde demais. Diante deste cenário, precisamos construir modelos de negócio que sejam Antifrágeis. São os que são beneficiados pela desordem. É o que definimos como “Empresa Fogueira”. Quanto mais vento, mais forte ela fica e mais luminosidade ela emite. Ou seja, é o tipo de empresa mais adequada para sobreviver e inclusive prosperar daqui para frente.

As organizações precisam pivotar para sistemas mercadológicos que se beneficiam de choques externos para prosperarem e crescerem quando expostas a toda volatilidade, aleatoriedade e desordem que vem pela frente. É necessário ter domínio da Teoria Caórdica do Dee Hock, que explica como chegar à ordem a partir do caos. Neste mesmo sentido e não menos importante, para planejarmos os próximos passos de nossas organizações, é operante desenvolvermos as estratégias empresariais levando em consideração também a Teoria dos Quatro Futuros de Jim Dator.

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Nesa teoria, a fase da Continuação representa o colapso da Saúde, depois o colapso da Economia, depois das Telecomunicações. Enfim, avalia as disfuncionalidade de diversas estruturas relacionadas ao contexto em análise. Na sequência, a fase dos Limites é quando a situação fica insustentável e começam a surgir limites de disciplinas e regras. Por sua vez, a fase denominada como Declínio e Colapso, é quando o sistema em análise entra em nível de disfuncionalidade. E por fim, a fase de Transformação, é quando os fatores sociais mudam completamente o jogo e emerge a necessidade de reordenar o mundo através de novos olhares.

Contudo, diante de todo o cenário exposto, as perguntas que ficam são as seguintes: a sua empresa vai continuar colocando as pecinhas no mesmo lugar, ou criarão uma nova ordem para elas? Quais novos comportamentos surgirão? Quais novos comportamentos precisam surgir? Como vamos sustentar eles?

O maior risco é não aprendermos nada e só voltarmos para onde estávamos. É a primeira vez que o mundo todo está com o mesmo problema e fazendo praticamente as mesmas coisas. Nenhum país terá vantagem, ou pelo menos, terá vantagens muito menores que tiveram até hoje. É a nossa chance de fazer tudo melhor. Vamos construir juntos um “novo normal” para o nosso Brasil?

* Juan Pablo D. Boeira é Chief Digital Officer do Innovation Center, mestre e doutorando em Design Estratégico e Inovação pela UNISINOS e professor de Inovação e Tópicos Avançados de Marketing na UNISINOS, ESPM e PUCRS

https://epocanegocios.globo.com/colunas/Changemaker/noticia/2020/04...

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