Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Quatro séculos de têxteis da Ásia, Europa e Américas (século XV ao XVIII) são o foco de uma nova exposição, que explora o primeiro mercado verdadeiramente global do mundo: os têxteis. Uma exposição a não perder no The Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. 

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O primeiro mercado global

A exposição “Interwoven Globe: The Worldwide Textile Trade, 1500-1800”, que estará patente até ao dia 5 de janeiro, apresenta 134 trabalhos, incluindo tapeçarias, colchas de cama, vestuário eclesiástico, peças de mobiliário, figurinos, pinturas e desenhos.

Amelia Peck, curadora de artes decorativas americanas no The Metropolitan Museum of Art, explica que a utilização de tecidos como moeda para comprar outros bens criou o primeiro comércio verdadeiramente global. «A exposição destaca uma importante história do design que nunca foi contada a partir de uma perspetiva verdadeiramente global», realça Peck.

A ideia para a exposição começou quando uma peça têxtil do século XVIII, que se pensava ser americana e foi depois atribuída a produtores ingleses, acabou por efetivamente ser originária da Índia. Depois de Amelia Peck ter percebido que o mercado para tecidos asiáticos existia na América no século XVIII, estudou a própria coleção do museu e descobriu que muitos tecidos tinham sido fabricados num lugar, para serem vendidos a pessoas num outro lugar e cultura diferentes.

A Índia produziu determinados tecidos para a Indonésia que os comerciantes holandeses poderiam negociar para comprar especiarias aos indonésios. A curadora também descobriu que os tecidos foram usados como moeda de troca no comércio de escravos.

Durante centenas de anos, os têxteis foram transportados por terra, mas a fragmentação do Império Mongol ao longo da Rota da Seda e a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453 interromperam esta rota. Os europeus descobriram as rotas marítimas para as ilhas das especiarias do sudeste da Ásia e, ao longo deste caminho, encontraram têxteis exóticos.

«Quando os navios europeus iam para o Extremo Oriente, regressavam cheios de tecidos. Os têxteis eram realmente uma grande parte do que estava a ser transportado à volta do mundo», revela Peck.

A exposição inclui têxteis da China, Índia, Peru, México, Irão, Turquia, Espanha, Portugal, França e Grã-Bretanha. As obras representam pássaros, animais, flores e cenas da vida quotidiana. Dois trabalhos têxteis em exposição também retratam a violência e a morte. Uma peça bordada a azul proveniente da Índia para o mercado português mostra pessoas a serem decapitadas e uma colcha, provavelmente fabricada em Inglaterra por volta de 1785-1790, retrata o assassinato do explorador britânico James Cook por habitantes do que são agora as ilhas do Havai.

O comércio de têxteis produzidos por uma cultura para serem vendidos a outra cultura, «revelam frequentemente um aglomerado de características de design e recursos técnicos», sustenta Peck. Por exemplo na China, os produtores têxteis usavam técnicas de tecelagem e bordados tradicionais juntamente com métodos artísticos europeus que aprenderam com os missionários jesuítas.

O protecionismo também influenciou o fluxo de têxteis entre os países durante o período abrangido pela exposição. «À medida que os europeus compravam mais e mais destes produtos têxteis chineses, a Inglaterra e a França proibiram as importações para proteger as suas indústrias locais», indica Peck. «Mas os tecelões e estampadores locais passaram décadas a tentar fazer produtos que fossem tão sólidos e coloridos como os tecidos indianos e foi preciso chegar ao terceiro quarto do século XVIII para que a Inglaterra possuísse a tecnologia para produzir os tecidos de algodão que a Índia fabricava há centenas e centenas de anos», acrescenta.
 http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/43016/xmview/...

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 13 dezembro 2013 às 16:50

O protecionismo também influenciou o fluxo de têxteis entre os países durante o período abrangido pela exposição. «À medida que os europeus compravam mais e mais destes produtos têxteis chineses, a Inglaterra e a França proibiram as importações para proteger as suas indústrias locais»

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