Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O rei do camarote agrega? Perguntem aos keynesianos

Se o empresário Alexander de Almeida não existisse, precisaria ser inventado, para o bem da economia brasileira. E, atenção, não se trata de ironia, uma figura de linguagem atualmente mais desgastada que o padrão-prata.

Somos todos keynesianos, certo? A revista “Times” decretou a soberania de John Maynard Keynes em 1965 e, depois de um breve lapso hayekiano, o colunista do “Financial Times” Martin Wolf reforçou a tese, em dezembro de 2008, às vésperas de Barack Obama assumir a presidência dos Estados Unidos. Estímulos, estímulos e mais estímulos precisam varrer o mundo, de Washington até Tóquio, passando por Londres e Brasília (espero que ao menos Viena tenha ficado de fora). Esse é o mantra para tirar o planeta do buraco.

Ainda assim, não conseguimos reconhecer um keynesiano em estado bruto quando vemos um. O rei do camarote descoberto pela "Veja SP" não precisa saber nada de "quantative easing", ele intuitivamente gasta tudo na noitada e ajuda a bombar a economia de bares, boates, butiques, empresas de segurança, de roupas de grife, de importação e blindagem de carros e, claro, de champanhe francesa, por que não? (Os franceses também são keynesianos agora.). Sem esquecer que a noitada não pode ser deduzida do imposto de renda.

Então, por que ele está sob o ataque moralista das hordas politicamente corretas da internet e de colunistas "progressistas"? Todos jogam no time de Cambridge, muitos desiludidos com o péssimo desempenho de Karl Marx, alguns vivendo na utopia de que ele seja resgatado algum dia da terceira divisão do pensamento econômico. Um blogueiro pró-governo -- governo ainda keynesiano, diga-se -- faz uma análise psicológica do gastador na tentativa de provar que ele é um infeliz que tenta compensar algum trauma. Um colunista das causas sociais fala em "insulto da ostentação". Insulto? O empresário não rasgou dinheiro, muito menos dinheiro público. Ele só fez a economia andar.

Gastar não é crime, pelo contrário, é a lei de Keynes: o sistema econômico não deve ser abordado como uma narrativa moral, mas como um desafio técnico. Mãos à enxada ou à Veuve Clicquot, seja no campo ou na boate Pink Elephant.

Em vez de maldizer o divertimento alheio, poderíamos analisar seriamente qual é o impacto dos sultões dos camarotes na demanda agregada. E se os R$ 50 mil da noitada fossem doados para uma ONG, qual seria o impacto social? Não estamos definitivamente em tempos de “laissez-faire”, mas também não chegamos ao bolivarianismo. O rei do camarote pode decidir onde gasta seu dinheiro.

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 14 novembro 2013 às 8:07

O rei do camarote pode decidir onde gasta seu dinheiro.

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