Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O Vestir da Cor - A Produção e o Uso de Corantes Sintéticos


O VESTIR DA COR

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE AS CORES
QUE NUTREM
A INSUSTENTÁVEL “DECÊNCIA” HUMANA
HOJE – PRODUÇÃO E USO

            Hoje é notório que, a produção e o uso de corantes sintéticos, estão entre as atividades industriais mais poluentes do mundo. 
Estes compostos, por serem solúveis em água, apresentam sérios riscos a saúde para quem os fabricam, manipulam e os consomem, além de causar vários problemas ao meio ambiente.
 Estes corantes sintéticos além de serem utilizados no tingimento de têxteis, são amplamente utilizados pelas indústrias de papel, couro, farmacêutica, cosméticos, alimentos, impressão gráfica, fotografia, e outras aplicações indústrias. Existem catalogados mais de 8.000 compostos químicos sintetizados pelo homem, e estamos próximos de atingir a marca de 1 milhão de toneladas de corantes sintéticos produzidos em todo o mundo anualmente.
Atualmente a indústria química dos Estados Unidos é a maior exportadora de corantes, distribuindo no mercado mundial aproximadamente 2.000 tipos diferentes de corantes sintéticos utilizados pela indústria têxtil.
Para se obter um bom resultado ao tingir Algodão (ou outra fibra natural) utiliza-se grande quantidade de água, tanto para limpar (purga – remoção de impurezas, pectinas, ceras e óleos - possibilitando à fibra aceitar o corante), quanto após o tingimento, ao lavar os produtos têxteis para retirar o excesso de corante não fixado à fibra. Estes processos geram enorme quantidade de efluentes líquidos.
Segundo a EPA (USA - Environmental Protection Agency), todo processo de tingimento utiliza em média de 20 a 60 litros de água para cada quilo de tecido acabado.
Durante o tingimento os corantes são absorvidos pelas fibras, a transferência de corante da água para a fibra é chamada de “esgotamento do banho” ou "taxa de fixação", como  exemplo, se este percentual de esgotamento é 100%, não resta corante no banho,ou seja, todo o corante seria absorvido pelo tecido. 
Infelizmente os corantes sintéticos apresentam uma taxa média de esgotamento de 70%, isto significa que 30% do corante utilizado, não fixado à fibra, é levado para os efluentes (esgoto industrial), e se este não for tratado devidamente ainda nas dependências da indústria, os compostos nocivos e tóxicos vão para os nossos rios. Estes corantes contaminam águas interiores (rios e lagos) e águas costeiras (baías , mangues, praias e enseadas), causando graves problemas ambientais.


A falta de água potável é hoje uma das questões mais prementes no Mundo.
O tingimento de têxteis é o responsável por muitos casos de contaminação de água doce, que é utilizada nas diversas atividades de nosso cotidiano, como beber, lavar roupa, tomar banho, irrigar lavouras entre outras, e estas toxinas a qual estamos expostos podem ter efeitos catastróficos.
RISCOS À SAÚDE HUMANA
Os riscos toxicológicos de corantes sintéticos a saúde humana, estão diretamente relacionados a forma de contato: com a pele, pelas vias respiratórias, por ingestão e  tempo de exposição.
            No Japão, estatísticas comprovaram que trabalhadores de indústrias que manipulam corantes sintéticos apresentam maior risco no desenvolvimento de tumores. E nos Estados Unidos, estudos das causas de mortes entre os trabalhadores de fábrica de corantes, comprovaram que estes desenvolveram vários tipos de câncer, doenças cerebrovasculares, doenças pulmonares, em números significativamente mais altos - 40 vezes maior do que na população em geral.
Corantes do tipo Azo, quando atingem os efluentes e sofrem redução por microrganismos, geram aminas que contem anel de benzeno nas moléculas, compostos carcinogênicos e mutagênicos para o homem e sua cadeia alimentar. Muitos destes compostos Azo estão com seus dias contados, e “já não são mais produzidos por fabricantes responsáveis”, porém devido a interesses econômicos, indústrias de países menos desenvolvidos como Brasil, México, China, Índia e Argentina, não cessaram a produção de corantes Azo devido a grande viabilidade econômica e forte lucratividade (ex.: corante Congo Red).
Além dos corantes, compostos utilizados nos acabamentos das roupas muitas vezes são igualmente prejudiciais. Destacamos produtos como anti-rugas, impermeabilizantes (teflon ou scotchgard), removedores de manchas, retardantes de chamas, produtos anti-estática, fungicidas, anti-bacterianos, inibidores de odores, alisadores (elimina a necessidade de passar a ferro), e produtos que evitam o encolhimento de tecidos, amaciantes a base de silicone, e muitas vezes o fixador de corantes, usado durante o tingimento é quem provoca maiores problemas a saúde humana. Todos estes compostos são prejudiciais para pessoas com sensibilidade a produtos químicos.
Uma organização do Reino Unido (Better Thinking Ltd.) realizou estudos sobre os corantes utilizados na indústria têxtil e apresenta em seu relatório quais as conseqüências para nós e ao meio ambiente.  A publicação deste ensaio chama-se “Dyeing for a Change”, que descreve quais são os diversos corantes sintéticos disponíveis, explicando como são usados, e qual  é o impacto resultante.
Ver: http://www.treehugger.com/style/the-perfect-t-shirt-iii-a-dyeing-fo...
Apresentamos a seguir um resumo das várias classes de corantes e seus efeitos a saúde:
01. Corantes diretos: são corantes que se ligam as fibras "diretamente", eliminando a necessidade de um mordente. Os corantes Azo, que contém compostos de Nitrogênio, compreendem o segundo maior grupo de polímeros submetidos para registro nos EUA, em base a Toxic Substance Control Act, e estes compostos representam 70% do total de corantes sintéticos produzidos mundialmente.
Por serem solúveis, quando sofrem redução química (pela ação da enzima reductase), formam aminas carcinogênicas como: benzidina, o-dianisidina, o-toluidine, etc. e foram banidos em muitos países, incluindo a União Européia.
Seus efluentes contém 20% deste corante, além de sal e agentes de fixação como o formaldeído (altamente cancerígeno).
02. Corantes à cuba: para torná-los solúveis, necessitam de um agente químico redutor (hidrosulfito de sódio) em meio alcalino, além de apresentarem custo elevado e difícil aplicação.
Seus efluentes contém de 10 a 20% de corante residual, além de agentes redutores tóxicos, agentes oxidantes, detergentes e sais.
03. Corantes à enxofre: O mercado de moda demanda bastante  preto enxofre (70% dos tingimentos em preto – o Pretinho Básico). De todos os corantes à base de enxofre 90%  contêm sulfeto de sódio, o que põe em perigo a vida de animais aquáticos e causam alteração em seu código genético. Os resíduos são altamente corrosivos aos sistemas de esgoto, causam danos aos sistemas de tratamento de efluentes aeróbicos, elevam o pH  e desprendem odores desagradáveis.
Seus efluentes contém de 30 á 40% dos corantes, agentes redutores, álcalis e sal.
04. Corantes ácidos: corantes aplicados em meio ácido, por exemplo o vinagre (ácido acético), acido fórmico ou o ácido cítrico. A taxa de absorção do corante cresce em proporção à salinidade da água, logo grandes quantidades de sal (cloreto de sódio) são adicionadas ao banho. São usados para tingir fibras animais (lã e seda), e também tingem o nylon. Muito utilizados nos curtumes para tingir o couro. Entre os corantes ácidos, também são encontrados Azos-Composto.
Seus efluentes contém de 20 á 30% dos corantes, ácidos e sal.
05. Corantes reativos: esses corantes reagem com as fibras, permanecendo ligado a elas, e são os mais utilizados no Brasil para a tintura de algodão. Reagem eficientemente com fibras naturais e artificiais (viscose - celulose), porém esta reação é estendida para proteínas, presentes em todos os organismos vivos. O processo de tingimento requer muito sal, uso de químicos alcalinos e água.
Por serem muito solúveis e de alta estabilidade, são facilmente absorvidos por vegetais e animais em ambientes aquáticos, com tempo de vida estimado em 50 anos, causando expressiva preocupação devido ao grande potencial de bioacumulação na cadeia alimentar.
Esta classe de corantes possui um subgrupo chamado "corantes reativos de baixo impacto ambiental" - aparentemente a melhor opção, mas infelizmente estes ainda não estão disponíveis no Brasil. Como  o relatório " Dyeing for a Change ", explica:
“Corantes Reativos de Baixo Impacto Ambiental” - Classificados pela União Européia como “eco-friendly”; foram formulados para não conter metais pesados e substâncias tóxicas, não necessitam de mordentes para a sua fixação. De custo elevado e taxa de fixação de 70% o que não é a ideal, apresentam vantagens ambientais, pois são de fácil recuperação  nos sistemas de tratamento de efluentes. A água também apresenta maior facilidade em ser reciclada. O tempo de tingimento é mais curto, consumindo menos energia, água, sal e produtos químicos. Todo o processo ocorre em um pH neutro (7), significando que nenhum ácido ou álcali será adicionado.
Seus efluentes contém altas concentrações de sal, detergentes, produtos alcalinos e de 20% a 30% do corante utilizado. Os corantes reativos representam 50% do consumo mundial.

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