Os dilemas de PT, Cunha e oposição em torno do impeachment

[Romildo de Paula Leite]

Até Carta Maior considera "indigno" acordo que Lula quer fazer

Por: Felipe Moura Brasil  

Tuitadas infladas:

– Nota da oposição contra Cunha deu-lhe o pretexto para se aproximar do governo. Novo pedido de impeachment servirá para ele fazer exigências.

– Povão brasileiro mal sabe quem é Cunha. Oposição defendeu seu afastamento antes de concluídas as investigações porque teme propaganda do PT.

– Temor da propaganda do PT é causa recorrente do fracasso da oposição. Causa raiz é covardia abjeta, desfibramento da alma que a torna refém.

– Cansei de escrever que aliança política contra inimigo comum não é endosso a corrupção. Mas oposição caiu no jogo do PT e ‘irritou‘ Cunha.

– Sacrificar Cunha sem substituto pró-impeachment é tiro no pé. El País ainda mostrou que 8 dos 11 deputados na linha sucessória são alvo de processo, inclusive da Lava Jato no Supremo.

– Quem não está disposto a usar um suposto bandido para vencer uma organização criminosa nunca deveria ser jornalista, policial, nem político.

– A política brasileira é o confronto entre os que não têm medo de mentir e os que têm medo de falar a verdade. Por isso, os primeiros ganham.

– Cunha, ao negociar com governo salvação de Dilma e dele próprio, comprova o que escrevi quando ele assumiu a Câmara:

– Folha: Cunha coloca em dúvida poder do governo de salvá-lo de cassação. “Tudo o que o governo prometeu até agora a todo mundo, ele não entregou”, avisou a um interlocutor (após ler este blog).

– Cunha “considera um dos pedidos de impeachment ainda em análise tão ou mais consistente do que o encampado pela oposição”. Sim: ele sabe como mandar recado ao governo.

– Mônica Bergamo: “A bancada petista está rachada entre os que querem fazer acordo com Cunha e os que preferem confrontá-lo, mantendo distância”. Os segundos são leitores de Zé de Abreu.

– Estadão: “ministros dizem que Cunha é uma ‘fera ferida’ e não se pode confiar nele”. Oposição concluiu a mesma coisa. Todos têm razão.

– Há petistas que querem Cardozo na AGU, com demissão de Adams, e Temer na Justiça para agradar Cunha. Dilma resiste. Cardozo, miguxo de Janot, é seu pateta da guarda. Ela deve temer que Temer mande prendê-la.

– Para salvar Dilma, Lula chegou a Brasília “em segredo”, segundo o Estadão. Tem também aquela história do elefante que se escondeu atrás da formiga…

– Lula quer acordo de deputados do PT com aliados para melar investigação contra Cunha no Conselho de Ética. Aonde Lula vai, a Ética se perde.

– Até a Carta Maior, que recebeu R$ 484.977,00 em publicidade estatal federal em 2014, considera “indigno” o que Lula quer fazer.

(Vai perder a boquinha?)

– Um dos principais nomes do mercado financeiro disse à Folha que um cenário de forte disparada do dólar até R$ 5,00 é pouco factível em caso de processo de impeachment. O impacto da denúncia seria em parte “mitigado por parcela do mercado que vê essa saída como positiva”. Tudo pronto, então.

– Dilma acusa oposição de “pedaladas políticas” para esvaziar sentido das “pedaladas fiscais”, como faz ao sair de bicicleta. Tudo marketing.

– Folha: “Governo Dilma estuda forma de quitar pedaladas fiscais”. O primeiro passo para quitá-las é renúncia ou impeachment. O resto é golpe.

– Imprensa trata tentativas do governo de sair impune de seus crimes como forma de “quitação”. Não é jornalismo. É “agência” de marketing do PT.

– Oferecer ministros do STF, votos do Conselho de Ética e “quitação” de fraudes que renderam eleição – tudo é noticiado como “hoje é quinta-feira”.

Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil