Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os jovens estrangeiros que embarcaram na tapeação do coro dos contentes foram transformados em passageiros do horror

Entre uma gastança em Roma e uma promessa que não vai cumprir no Brasil, a presidente Dilma Rousseff vive declamando que a solução para a insegurança pública existe, mora no Rio de Janeiro e atende pelo nome de Unidade de Polícia Pacificadora. Entre um jantar em Paris e um jogo de basquete em Nova York, o governador Sérgio Cabral trata de endossar o parecer da chefe: basta que todos os municípios copiem a modernidade inaugurada no Morro do Alemão para que o país que acabou com a miséria festeje também a erradicação de todas as formas de violência.

Depois da invençao da UPP, a Cidade Maravilhosa ficou mais segura que o Vaticano, confirma o prefeito Eduardo Paes entre uma ginga de passista aposentado e outra discurseira triunfalista. Exemplarmente afinado, o coro dos contentes não perde nenhuma chance de queixar-se dos pessimistas profissionais, das cassandras da imprensa e das demais subespécies de inimigos da pátria sempre decididos a denegrir a imagem da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Só gente assim não admite que o Rio nunca esteve tão bonito, tão bem cuidado e tão protegido pelos homens da lei.

Por terem embarcado na tapeação, um jovem francês e sua namorada americana subiram a bordo de uma van que passava pela Praia de Copacabana na madrugada deste 31 de março. Logo descobriram que haviam desembarcado no Rio de verdade. O veículo era dirigido por um bandido, que recolheu dois comparsas algumas quadras adiante. O confisco do dinheiro e dos cartões de crédito foi só o começo da viagem imposta pelos sequestradores aos passageiros do horror. Ele foi submetido a espancamentos selvagens. Ela foi estuprada sucessivas vezes.

Tão logo se anunciou a prisão dos criminosos, as autoridades policiais retomaram a lengalenga do “caso isolado”. Isolado coisa nenhuma, desmentiu a aparição de outras duas vítimas do mesmo bando, ambas brasileiras. Embora ligeiramente reduzidos, os números da violência na capital fluminense continuam assustadores. Na melhor das hipóteses, a UPP talvez seja uma boa ideia ainda engatinhando. Essencialmente, nada mudou. Não há notícia de um único e escasso meliante que tenha desertado da quadrilha, abandonado o ofício ou antecipado a aposentadoria por medo de polícia.

A cidade mais tranquila que margem de lago suíço só existe na cabeça dos embusteiros. Também por isso, como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, os cartolas da potência emergente deveriam exigir a imediata inclusão na lista de modalidades olímpicas de um esporte cada vez mais praticado pelos governantes nativos: revezamento de cínicos. O Brasil garantiria medalhas de ouro, prata e bronze a cada quatro anos. Dilma, Cabral e Paes são apenas três na multidão dos enganadores. É muito farsante para pouco pódio.

Gonçalo Osório repassa ao timaço de comentaristas o que disse um ge...

Atenção, amigos: leiam o recado que acabei de receber do meu velho amigo Gonçalo Osório. Extraordinariamente bem informado, ele acerta todas. Subscrevo sem ressalvas o que se segue. (AN).

Uma informação de bastidor para seu timaço de comentaristas. Até recentemente, comandava a ocupação do Morro do Alemão um general responsável pela 9ª Brigada ─ uma tropa de elite das Forças Armadas, desse tipo moderno (é, o Brasil tem) que mistura forças especiais com poder de fogo convencional. Atualmente o mesmo general, que tem três estrelas (é um general de divisão, portanto), comanda a inteligência militar. Consta que ele tirou uma importante conclusão do período de ocupação e imposição de paz no Alemão: a principal força a serviço das diversas facções de criminosos e traficantes é….a PM!

As UPPs são um paliativo mas jamais uma solução. Os militares do exército ficaram preocupadíssimos como o que chamam de “cooptação”: em contato com a realidade da favela (desculpe, comunidade) descobriram que as forças da “lei e ordem” comandadas pelo governador não passam, em boa medida, de forças envolvidas diretamente com um dos lados do crime. Que passaram a cooptar o próprio Exército. Conclusão do general: a questão é insolúvel, vamos tirar nossos homens rapidamente de lá.

É isso, amigos. Mas o coro dos contentes, como constatou o post anterior, vai continuar cantarolando que no Rio a coisa anda tão bem que, se melhorar, estraga.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/

Exibições: 107

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço