Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Para conter preço da gasolina, governo põe etanol em xeque

Para conter preço da gasolina, governo põe etanol em xeque


A decisão do governo de evitar, por meio de subsídios a gasolina e diesel, que a alta dos preços do petróleo chegue ao consumidor pode conter a inflação, mas põe em xeque um dos projetos mais ousados do Brasil, o programa do etanol. Na bomba, o álcool tem perdido a disputa com os combustíveis fósseis. Desde janeiro do ano passado, sai mais barato para o brasileiro usar gasolina, de acordo o monitoramento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com isso, a produção de etanol vem perdendo fôlego e o setor admite estar em crise. Por isso, o governo deve lançar até setembro um conjunto de medidas para estimular o segmento. Em estudos, a retirada do PIS e da Cofins, desoneração de investimentos e juros mais baratos.

Se em 2009 o etanol abastecia 54% da frota nacional de veículos médios, hoje, no país do carro flex, esse percentual já não passa de 35%, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), embora 85% das vendas de veículos leves da indústria automotiva sejam de modelos flex, que já somam cerca de 50% da frota nacional.

- O aumento da gasolina agora levaria o consumidor para o álcool, e não há álcool para suprir a demanda. Além de pressionar o preço da gasolina, ia subir também o do álcool e, por tabela, o da gasolina novamente, uma vez que anidro usado na mistura acompanharia o hidratado - disse um integrante do governo.

A indústria vive um dilema. Os empresários atribuem a queda na produção, em parte, à crise financeira de 2008 e às intempéries climáticas dos últimos dois anos. Mas também apontam a falta de previsibilidade e de segurança jurídica como obstáculos a novos investimentos. Alegam que não há políticas claras para o etanol e se queixam de terem sido deixados em segundo plano nos últimos anos. Eles avisam que, se não forem investidos R$ 115 bilhões nos próximos dez anos, não será possível atingir um equilíbrio no mercado de combustíveis. Só assim o país poderia dobrar a sua capacidade de produção - de um bilhão de litros por mês - e ainda ter um excedente para exportar.

- Isso é possível e aconteceu entre 2001 e 2010, quando crescemos o que levamos 500 anos para crescer. Não queremos subsídios, mas precisamos de garantias de que o negócio é rentável para levá-lo adiante - disse um representante do setor.


Etanol na gasolina pode aumentar

Estudos do mercado mostram que se tivessem sido investidos entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões nos últimos quatro anos, a produção de álcool hoje seria de mais 12 bilhões de litros, equivalente ao consumo de um ano.

O governo, por sua vez, embora reconheça as dificuldades vividas nos últimos dois anos pelo setor, cobra eficiência à indústria, que ainda mantém altos custos de produção, capacidade ociosa de 25% nas usinas e baixos índices de renovação do canavial.

- O álcool tem que ser competitivo com o barril do petróleo a US$ 111 e a US$ 89, como está agora - disse este técnico do Executivo.

Nos bastidores, a gravidade da situação do setor sucroalcooleiro é apontada como principal justificativa para o governo ter passado por cima do discurso da sustentabilidade e optado por pagar mais uma vez a conta da gasolina, por meio do subsídios da Cide, contribuição sobre combustíveis que foi zerada na semana passada para permitir o reajuste dos combustíveis nas refinarias sem repasse aos postos.

Não se descarta como medida emergencial aumentar a mistura do anidro na composição da gasolina, hoje em 20%, que pode chegar a 25%. Em outra frente, o governo quer transformar o etanol em commodity negociada no mercado internacional para garantir preços e mercado. Para isso, tem memorandos de entendimento com 77 países e já financiou pesquisas de viabilidade em 12 nações (seis americanas e seis africanas).

O Executivo admite a necessidade de um plano para os próximos dez anos e já avisou ao setor que fará uma grande reunião para discutir investimentos. No ano passado, foi anunciado um grande pacote para mudar o cenário do setor num horizonte de três a quatro anos. As linhas de crédito estão disponíveis para a estocagem, mas o setor se queixa dos juros e da burocracia. Além disso, a linha não poderia ser usada por empresas estrangeiras. E, segundo dados do setor, 25% das firmas têm controle estrangeiro.

Novata no mercado, a ETH Bioenergia foi criada em 2007 com a aquisição de usinas mais antigas. A empresa, que hoje produz 35 milhões de toneladas de cana, está ampliando suas instalações: vai investir US$ 1 bilhão e deve chegar a uma produção de 40 milhões de toneladas.

- Somos uma empresa onde o acionista tem visão de longo prazo. Sabe que o setor está passando por um momento difícil, com margem apertada. A demanda da frota flex é enorme e a necessidade de fechar o balanço da matriz energética renovável em 2020 também - disse o presidente da ETH, Luiz Mendonça (O Globo, 30/6/12) 

 

Exibições: 44

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço