Inflação já supera o ganho do investidor
Em novembro, nenhum investimento atrelado a juros bateu o IGP-M de 1,45% e poucos vão empatar com o IPCA
A inflação voltou e ameaça deixar no vermelho, pelo segundo mês seguido, todas as aplicações financeiras. Em novembro, nenhum investimento atrelado a juros bateu o IGP-M de 1,45%; poucas aplicações conseguirão empatar com o IPCA, esperado entre 0,80% e 0,85%.
Diante da escalada de preços, os investidores praticamente ficaram sem alternativa de baixo risco para proteger o dinheiro, como ocorria nos tempos de inflação até meados dos anos 1990. A exceção são os fundos de investimentos atrelados a índices de preços e a aplicação direta em NTN (Notas do Tesouro Nacional) série B, título da dívida pública corrigido pelo IPCA.
As NTN-B são os únicos papéis disponibilizados hoje pelo Tesouro que garantem a correção pela inflação e mais um juro prefixado. Os papéis com vencimento em 15 de maio de 2045 renderam 19,98% neste ano. O problema é que os preços desses papéis dispararam nas últimas semanas, reduzindo a chance de o investidor entrar tardiamente e conseguir se proteger da inflação neste momento.
Em novembro, por exemplo, os títulos corrigidos pelo IPCA com vencimento em 2045 renderam 1,13% - menos do que os 1,45% do IGP-M de novembro, mas acima de 0,80% e 0,85% previsto para variação do IPCA.
O quadro é grave e só deve mudar após o Banco Central subir os juros - o que pode ocorrer só em janeiro. “Até lá, não tem muito o que fazer. Tem de esperar os juros subirem e a inflação cair”, disse Fabio Colombo, administrador independente de investimentos.
“Para dinheiro pequeno, não tem o que fazer neste momento. O título do Tesouro corrigido pelo IPCA está caro e pode subir mais ainda”, disse Mauro Halfeld, consultor de investimentos.
O pior investimento atrelado a juros agora são os fundos de renda fixa e os papéis da dívida prefixada, que devem acelerar as perdas assim que os juros subirem. A poupança também perde, apesar de ser isenta e de não ter taxa administrativa.
Halfeld lembra que a inflação é um fenômeno global, impulsionado pela desvalorização do dólar americano e pela procura pelos investidores por refúgio em ativos reais, como commodities, ações, imóveis e moedas alternativas (como o real).
“É uma inflação global como a gente viveu nos anos 1970. Os mais antigos sabem bem como conviver com a inflação; os mais novos, não. Não pode deixar dinheiro parado na conta. Tem de pedir desconto e utilizar a melhor data do cartão de crédito nas compras.”
FONTE: Jornal do Comércio- Porto Alegre - RS
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