Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Por que tudo custa mais caro no Brasil!?

Os preços no País estão entre os mais altos do mundo. Com o mesmo valor que o brasileiro compra um Uno, o europeu coloca um Honda Civic na garagem

Apesar de do crescimento exuberante da economia brasileira, com PIB 36,1% maior nos últimos 10 anos e renda per capita 20% acima da inflação no período, está longe o dia que não será vantagem ir às compras em Miami.

Para comprar um iPad no Brasil, é preciso desembolsar em torno de R$ 1,6 mil. Com mais R$ 259, dá para ir para os EUA buscar o aparelho e, de quebra, se bronzear na areias de Long Beach, já que a mesma versão por lá custa apenas R$ 800.

Se o brasileiro pudesse trazer dos EUA um Corolla zero na mala, ele desembolsaria R$ 28 mil. Mas se for comprar no País, o veículo sai por mais de R$ 60 mil. E o carro é tão nacional lá quanto aqui, já que a japonesa Toyota fabrica o veículo nos dois países.

E as diferenças absurdas não se restringem somente aos EUA.  O valor gasto para se comprar um Fiat Uno no Brasil, mais ou menos US$ 15,6 mil, é o mesmo preço de um Honda Civic na Europa.

Não é à toa que o brasileiro é o turista que mais compra nos EUA: US$ 4,8 mil por pessoa. A distorção entre os valores dos produtos aqui e lá fora tem os impostos como causa principal.

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Confusão tributária

É uma sopa de letrinhas: IPI, ICMS, ISS, Cide, IOF, Cofins. Aqui, quase metade do valor de um carro (40%) vai para o governo na forma de tributos. Nos EUA e na China é 20%, e na vizinha Argentina, 24%. O padrão se repete com os outros produtos. Enquanto no resto do mundo é regra ter um único imposto para o consumo, aqui são pelo menos seis.

A confusão gera cobrança de impostos em cascata. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um imposto estadual, por exemplo, incide sobre o Cofins, o PIS e o IPI, que é um imposto federal. Ou seja: você paga imposto sobre imposto e tudo fica mais caro.

O peso do Imposto Sobre Serviços (ISS) sobre o preço final dos automóveis varia entre 2% e 5%; a contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) corresponde a 1,65% e o percentual referente à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) é de 7,6%. “Só o IPI pode chegar até 40% do valor de um veículo dependo da cilindrada”, explicou o analista tributário Marcos Camargo.

 

 

Compras online

O último imbróglio na área tributária está relacionado às compras online. Um acordo do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), assinado por 18 Estados, determina que a partir de 1º de maio deste ano, esses estados passem a recolher 10% de ICMS sobre os produtos comprados pela internet, ficando 7% para os Estados de origem onde de se concentram as lojas pontocom.

Se o Estado de origem da compra for da região Nordeste, a partilha será 12% para onde a loja está instalada (origem) e outros 5% para o Estado de destino.

 

 

Custo Brasil

Outro fator que afeta o custo dos produtos brasileiros é a ineficiência nacional em infraestrutura, logística e administração (a velha e boa burocracia). Esse atraso é chamado de “custo Brasil”, pelos especialistas e pode sobrecarregar em até 36% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos.

Somado a valorização do real em relação ao dólar, esse custo ajuda a explicar porque o um país que está cada vez mais rico como o Brasil, exporta cada vez mais produtos primários e semimanufaturados e importar mais produtos de maior valor agregado e de tecnologia avançada. “É literalmente exportar laranja para um cliente e comprar dele suco de laranja de caixinha”, explica Camargo.

A diferença de juros cobrada entre um financiamento no Brasil e nos demais países intensifica a disparidade de valores. A média cobrada no Brasil é de 25% ao ano, enquanto na Alemanha são 4%, nos EUA 8% e no Japão 6%. Enquanto um Honda Fit financiado em uma concessionária brasileira custa R$ 58 mil, nos Estados Unidos sai por cerca de R$ 31 mil e na vizinha Argentina, R$ 36 mil.

Além do mais, se levarmos em conta que renda mensal média do brasileiro (R$ 1,5 mil) é bem menor que a de regiões mais ricas (R$ 6 mil nos EUA, por exemplo), tudo é mesmo muito mais caro por aqui.

Enquanto um brasileiro que ganha o salário médio no país precisa trabalhar um pouco mais de um mês para comprar um iPad, um americano consegue comprar o tablet da Apple em menos de três dias.

 

 

Mercado de luxo

Mas impostos e custo Brasil não explicam tudo. Outra razão importante para a disparidade de preços é o crescimento do chamado mercado de luxo. No Brasil, este mercado nem é tão luxuoso assim, entretanto movimentou mais de US$ 7,5 bilhões em 2010, uma alta de 22% em relação ao ano anterior.

Roupas que aqui são consideradas “de marca”, lá fora não passam de produto popular. O irônico é que o preço alto muitas vezes vira uma razão para consumir o produto. A calça da italiana Diesel é um exemplo. Não chega a ser popular lá fora, mas a mesma peça masculina pela qual os brasileiros pagam R$ 750, os americanos desembolsam R$ 260, e os franceses R$ 226.

“O brasileiro tem um viés de consumo americano, mas gosta de achar que é europeu. Ele não admite que o produto que está nas vitrines de Paris não esteja aqui. Os outros países da América Latina trabalham com coleções passadas.

O Brasil, esse país megatropical, compra a coleção de inverno em pleno verão porque é a que está sendo vendida lá fora”, afirma Carlos Ferreirinha, dono da MCF Consultoria.

 

 

 

FONTE: Isto É DINHEIRO

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Comentário de maurijose.santos em 23 abril 2011 às 9:14

Para ser um país de primeiro mundo, precisamos avançar muito. O primeiro passo é fazer a tão sonhada reforma tributária, que é tão falada mais nunca sai do papel, até por que essa reforma irá afetar vários bolsos da massa política, que na sua maioria usa esses recursos (impostos) para seu bem próprio. Também necessitamos de grandes investimentos e incentivos na educação, é notório que houve uma grande melhora, mais ainda é pouco para um país que quer chegar ao topo e ser referência mundial.

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