Um desfile de moda chamou a atenção de quem passava pelo centro histórico de São Paulo na tarde desta quarta-feira (10). As modelos eram 15 detentas que cumprem pena na Penitenciária Feminina do Butantã, na Zona Oeste. Como são do regime semiaberto, passam o dia na rua e voltam para dormir na prisão.
“Eu me senti livre, livre por um momento. A gente estando fora da unidade, sem uniforme, é a liberdade”, contou Liana Larossa. Tatiana Nascimento, livre há cinco dias, consentiu. “É aquela sensação de que estou de volta à sociedade, sou uma pessoa normal no meio de todo mundo.
Para o inverno que virá, xales e ponchos quentinhos. Ainda para o verão, regatas coloridas e com aplicações. As peças foram criadas também por mulheres presas. “Muitas pessoas não acreditam na gente lá dentro e essa foi uma grande oportunidade, um pedacinho de cada uma de nós feito com muito amor e muito carinho”, disse a artesã Jacqueline Alves.
Ao todo, 70 artesãs trabalham na grife Daspre, que mostrou as coleções no Pátio do Colégio. “Se elas tiverem oportunidade, elas e qualquer preso, forem capacitados, são capazes de produzir, ter geração de renda e, acima de tudo, se integrar à sociedade, que é o sonho de todos nós, e assim diminuir a criminalidade”, afirmou Lúcia Casali, diretora da Fundação de Amparo ao Preso.
Quem deu um tempinho na correria, aprovou. Em 18 meses, nenhuma das detentas e ex-detentas que participam do projeto voltou a cometer crimes.
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