Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Raízes da padronagem dentro da tecelagem Européia

Fonte:|etnoarte.wordpress.com|

As estampas podem tanto ser aplicadas sobre a superfície dos tecidos como trabalhadas na própria estrutura do mesmo, durante a tecelagem. Dos
vários e diferentes métodos de estamparia a técnica de uso de blocos de
madeira é a mais antiga. Mais tarde surgiram as estampas utilizando a
tela de stencil e os rolos de cobre gravados.

Os fenícios produziram os primeiros tecidos estampados, usando o método de estamparia em blocos e a tecelagem trabalhada em fios de
diversas cores formando estampas muito apreciadas pelo mercado. Outro
método usado era o stencil, em diferentes estamparias, além de bordados
em cores ricas e vibrantes. Na verdade, tecidos estampados apenas
passaram a ser utilizados na Europa após o século XVII. Porém, existem
exemplos de estamparia utilizando blocos de madeira sobre linho, durante
a Idade Média, técnica esta que foi muito provavelmente trazida da Ásia
e introduzida pelos romanos na Europa. A Índia era mestra na arte de
estamparia sendo que seus produtos superavam, em muito, o trabalho feito
pelos Persas e Egípcios.

Estampas usando técnica de serigrafia sobre linho foram escavadas pelos arqueólogos em tumbas egípcias de 8.000 anos. Seda estampada foi
encontrada em escavações a leste do Turkistão e Kansu muito
provavelmente originárias da dinastia Tang chinesa.

Tartans e Xadrez: estampas geométricas fazem parte da história humana. Na história da moda ocidental, a origem do xadrez pode ser
traçada até a Idade do ferro (700 –50a.C.) no Norte da Europa, mas
especificamente nos pântanos da Alemanha e Dinamarca. Pesquisas
arqueológicas escavaram vários sacrifícios humanos, nos quais foi
possível identificar as padronagens têxteis das roupas das vítimas.
Estas se compunham quase exclusivamente de tecidos com padronagem xadrez
em fio de lã, tecido 2X2 cruzado (em forma de losango). Os pigmentos de
base vegetal davam à cor na lã, naturalmente branca. Um manto
encontrado em Thorsberg, Alemanha comprova uma padronagem xadrez
combinando 3 tons de azul; já a roupa de uma jovem de Lønne Hede,
Dinamarca, compõe-se de saia e blusa em xadrez azul e vermelho com um
barrado em xadrez vermelho e branco.

Hoje este xadrez vermelho e branco é conhecido por padronagem “Medevi square” e considerado a marca registrada do xadrez sueco assim como a
padronagem xadrez branco e preto é conhecido como “Vichy”.

Já os Tartans, tão famosos símbolos dos clãs escoceses surgiram, com este específico propósito, apenas no século XVIII. A falta de tecnologia
indispensável para a imensa quantidade de diferentes combinações de
tons que classificam os vários clãs, impossibilitava o tingimento
homogêneo do fio, necessário para a confecção da padronagem xadrez
complexa dos tartans.

Contudo existe evidência da existência de tartans que datam do século 3 a.C.. Escavações arqueológicas, perto de Falkirk descobriram um jarro
de terracota com moedas de prata, no qual um pedaço de pano xadrez, nas
cores marrom e branca, fora usado como tampa.

Referencias à tartans ocorrem em vários documentos, pinturas e ilustrações. Uma carta patente em favor de Hector MacLean of Duart, de
1587, garante a concessão de terras em Islay e detalha o pagamento de 60
ells de tecido nas cores branca, preta e verde (as cores do tartan de
caça do clã MacLean of Duart).

A palavra Tartan significava, originalmente, “tecido de lã leve” e origina-se do francês tiretaine ou do espanhol tiritana.

Difusão das estampas na Europa

Foi partir do ano 1000, quando Veneza estabeleceu sua posição como porto de difusão de mercadorias entre o Leste e o Oeste que os tecidos
estampados começaram a ganhar força na moda européia. De todas as
transações comerciais importantes, Veneza dava prioridade à importação
de seda e tecidos preciosos, assim como especiarias e gemas do Oriente.

Para os espanhóis dos séculos XIV e XV a seda era muito cobiçada pois refletia uma distinção soberba que os atraia devido a seu temperamento.
Por volta do ano 1200 aconteceram várias mudanças importantes, entre
elas o fato das cores deixarem de possuir um significado simbólico,
deixando de serem usadas com o propósito específico de indicar as
diferenças de classes – papel este que passou a ser exercido pelo
tecido, no caso a seda, devido ao seu alto valor de mercado.

Surgiu então uma imensa variedade de padrões de estamparia como listras, quadrados axadrezados e figuras.

Diferente da seda, os tecidos comuns eram de cores sólidas. As roupas comuns e de cerimônia eram decoradas com bordados e appliqués formando
devices: imagens de objetos, plantas ou animais escolhidos para
representar emblemas pessoais como o urso e o cisne sangrento do Duque
de Berry.

Apesar do trabalho dos centros têxteis europeus, os tecidos orientais continuavam a exercer forte atração sobre os países ocidentais:
musselina de seda e ouro de Mossul; tecidos adamascados, isto é, com
padronagem de Damasco e Pérsia; sedas baldacchino decoradas com pequenas
figuras; sendo estas encontradas até na Inglaterra; tecidos da
Antioquia com pequenos pássaros dourados ou azuis sobre campos vermelhos
ou pretos. Os tecidos orientais eram muito apreciados por causa de suas
padronagens mas, principalmente, devido a sua perfeição técnica.

Em meados do século XIII, as tecelagens de Regensburg e Colônia demonstravam a influência de certos protótipos de padronagem oriental,
que gradualmente foram sendo adaptadas ao gosto europeu, rompendo-se
assim um padrão pré-estabelecido. Na Itália, durante o século XIV este
fenômeno pôde ser observado com o desaparecimento dos temas animais e
divisões arquitetônicas e com o florescimento das estampas de flores
cada vez mais estilizadas. A moda dos tecidos de estampas florais se
tornou generalizada desenvolvendo-se, especialmente, nas regiões de
Genova e Florença.

No século XV os padrões florais assumiram dimensões exageradas, com grandes romãs ou cardos estampados entre linhas sinuosas.

Durante o século XVIII, as padronagens dos tecidos passaram a sofrer a influência das grandes descobertas e viagens de exploração e as
importações dos tecidos orientais tornaram-se lugar comum. Cada vez mais
começaram a ser encontradas exemplos da flora exótica em padronagem que
exibiam flores e frutos desconhecidos na Europa até então. Flores como o
crisântemo, acabaram por criar o gosto pelas padronagens florais
exóticas. Isto se manteve até o final deste século, quando a moda voltou
as suas origens ocidentais, com padronagens mais simples, como
margaridas, papoulas e rosas. Durante o século XIX, essas padronagens
florais realísticas se mantiveram populares. Entretanto, algumas
padronagens florais formais e estilizadas em algodão acetinado foram
desenvolvidas durante o período Art Deco. O final do século vinte trouxe
um revival do estilo vitoriano de flores em design natural.

Tecidos estampados com flores miúdas, ainda tão comuns nos dias de hoje, surgiram por volta de 1800, nos Estados Unidos, com a adoção das
primeiras máquinas de estampar. A empresa Thorp, Siddel and Company,
instalava em Philadelphia a primeira dessas máquinas em 1810. Dentro de
poucos anos passava a existir uma grande quantidade de empresas de
estamparia, mesmo no pequeno estado de Rhode Island. Entre estas,
exemplos de tecidos da Allen Print Works, da Clyde Bleachery e da Print
Works ainda podem ser encontrados no Museum of American Textile History
em North Andover, Massachussets, possibilitando confirmar que a
padronagem era de pequenas flores espalhadas por toda a superfície do
tecido, que acabou sendo conhecido como “calicoes” ou chita.

pictografia: O motivo pictográfico (nuvens, objetos, paisagens, etc) surgiu em toda sua glória na época medieval. Apresentando cenas de
batalhas, caçadas e torneios eram muito apreciados pelos nobres da época
com seus ideais românticos e de honra. Continuaram bastante populares
durante toda a renascença. Durante o período barroco francês e inglês,
as padronagens se tornaram bastante complexas, usando técnicas
sofisticadas e cores realistas. Já o estilo rococó, no início do século
XVIII produziu um tipo mais informal de padronagem pictográfica,
geralmente frívola e extremamente colorida, em seda e algodão,
apresentando design em estilo oriental com cenas de paisagens árabe e
mourisca. A expansão do comércio além-mar incentivou a moda da
padronagem pictográfica, apresentando paisagens e povos nativos como as
do Hawai.

A partir de meados do século dezoito estas padronagens voltaram a se tornar menos populares, com a preferência se voltando a cenas mais
delicadas, como as imagens dos campos franceses e ingleses.

As padronagens pictoriais adquiriram um tom refrescante no início do século vinte, quando o movimento Art Nouveau introduziu elegantes
figuras e plantas alongadas. O movimento Arts and Crafts, entretanto,
tornou a explorar um design mais medieval, apresentando formas humanas
em meio a fundos florais.

No início do século vinte, os designers modernistas e Art Deco raramente usavam tecidos com padronagens pictográficas. Esse tipo de
padronagem sofreu um revival apenas no final do século vinte.

Outro fenômeno importante do final do século XX são as padronagens inspiradas pela arte Manga, os famosos quadrinhos japoneses. À primeira
vista estes parecem ser uma versão oriental das histórias em quadrinhos
ocidentais. Isto é uma realidade parcial, pois ainda que alguns aspectos
do manga tenham sido extraídos do ocidente, uma vez que Osamu Tezuka, o
“pai” do manga tenha sido influenciado por Disney e Max Fleisher, sua
estrutura básica pode ser encontrada na arte japonesa.

Desde o início do século VII, a cultura japonesa segue os princípios da cosmologia chinesa. Os 5 elementos do fogo, água, terra, madeira e
metal, associam-se aos pontos cardeais, as estações do ano e as cores
primárias e intermediárias numa fusão de idéias que acabou refletindo-se
em um elaborado sistema conhecido por kasane-iro no qual os kimonos
passaram a ser usados em camadas de graduação de tons e texturas, com
nomes como “camadas azáleas”. As propriedades medicinais dos pigmentos
vegetais e o simbolismo inerente nas cores criaram a base de um padrão
estabelecido para o uso da moda oriental que progrediram linearmente,
seguindo um padrão coerente até a arte manga dos dias de hoje.

Os padrões dos tecidos usados pela corte imperial japonesa eram chamados yüsoko e estes se tornaram os padrões básicos para todas as
variações usadas a partir desta época. Os padrões principais do yüsoko
apresentavam as seguintes versões: treliças diagonais; losangos,
arabescos, vinhas; xadrezes; círculos entrelaçados e medalhões com
flores, plantas, pássaros e insetos. As primeiras estampas “livres”
apresentavam plantas e animais, reais ou míticos, além de objetos,
geralmente agrupados em combinações sazonais ou auspiciosas.

Durante as guerras do período Hei, a situação econômica tornou a indústria têxtil inviável e o Japão voltou-se à China para a obtenção da
tão necessária seda, renovando o contato com a dinastia Ming.

A partir de 1544, mercadores europeus introduziram mercadorias estrangeiras em terras japonesas. Entretanto em 1638, a capital do Japão
foi transferida para Edo, (hoje Tókio) e promoveu-se uma política de
isolacionismo, cortando o Japão das influencias culturais externas. Isto
possibilitou um desenvolvimento artístico único, sem influências que
culminou, no século 17 no Ukiyo-e ou “imagens do mundo flutuante”.
Pode-se dizer que o Ukiyo-e é a expressão primeva da arte Manga. São as
estampas feitas com blocos de madeira, criadas durante a estabilidade
próspera do Shogunato Tokugawa, que acabou exercendo profunda influência
sobre o Impressionismo e Pós-Impressionismo na Europa.

Dentre os trabalhos mais significativos da arte Ukiyo-e destacam-se os de Hishikawa Moronobu (1618-1694) em estampas preto e branco
(chimai-e); Suzuki Harunobu (1725-1770) cujo trabalho é associado ao
primeiro nishiki, ou estampas policromáticas lembrando brocado; Ando
Hiroshige (1797-1858) conhecido por suas ilustrações de viagens;
Kitagawa Utamaro (1753-1806) especialista em bijin-ga, “beleza
feminina”; Katsushika Hokusai (1760-1849) conhecido por suas dramáticas
paisagens marinhas em azul e branco e Utagawa Kuniyoshi (1798-1861) que
trabalhava com coloridas cenas de ação apresentando animais e pássaros.


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Comentário de Alexandre Heberte em 6 dezembro 2010 às 17:27
Gostei muito desse post. Uma aula.

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