Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Reajuste de derivados do Petróleo ameaça competitividade da indústria



São Paulo - O governo e a Petrobras estão em rota de colisão quanto a um possível reajuste dos combustíveis e dos demais derivados do petróleo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega (que acumula o cargo de presidente do Conselho de Administração da petrolífera), desmentiu na noite de ontem o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, que havia informado que a empresa poderia efetuar um aumento de preços por conta da alta da cotação do petróleo. Ontem a commodity voltou a subir em Nova York e em Londres. Na New York Mercantile (Nymex) a commodity fechou em US$ 108,83 por barril o maior preço em dois anos e meio. Já na plataforma ICE, o contrato do petróleo tipo Brent para maio subiu 0,06% para US$ 122,30.


Essa possibilidade de um novo patamar de preços dos derivados foi revelada ontem no início da tarde pelo presidente da estatal. O executivo mudou seu posicionamento quanto a este assunto e afirmou em São Paulo, pela primeira vez, que se a cotação do petróleo no mercado internacional se mantiver no nível atual, o reajuste seria inevitável para que a empresa consiga recompor as margens no País.


"O petróleo tipo Brent [que é utilizado pela Petrobras como referência] fechou cotado a US$ 122 o barril, há dois meses estava a US$ 100. É uma variação muito grande", disse o executivo. "Caso se configure uma determinada estabilização do preço do petróleo no plano internacional, vamos ter que alterar os preços do petróleo no Brasil e consequentemente os preços dos derivados", afirmou.


Diante deste impasse, o setor industrial brasileiro adota o cenário mais pessimista e começa a reavaliar os seus custos de produção. Se esse aumento se confirmar, a expectativa é de que as importações ganhem fôlego extra, principalmente nos setores onde o gás natural e o óleo combustível são insumos básicos para a produção, em decorrência da perda, ainda maior, da competitividade da indústria local.


Apesar de não haver consenso sobre esse reajuste, dois dos setores prejudicados seriam o químico e o petroquímico, pois utilizam o gás natural de forma intensiva como matéria prima para sua produção. Na opinião do vice-presidente da Unigel, Marc Slezynger, um aumento de preços dos derivados elevaria ainda mais o déficit do setor.


Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), a indústria brasileira foi responsável pelo consumo de 28,83 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural em fevereiro, alta de 13,2% sobre os 25,46 milhões de metros cúbicos apurados em igual mês de 2010. Outro segmento ligado à classe industrial, o de co-geração, teve aumento de 32,3% no período em questão, alcançando 3,23 milhões de metros cúbicos por dia.

Evidentemente isso atrapalha a competitividade do setor como um todo, pois, como exemplo, o gás natural no Brasil já é três vezes mais caro que o americano e isso torna a indústria nacional cada vez menos competitiva", afirmou ele. Além disso, outro fator já vem pressionando a indústria química, a cotação do real ante o dólar, que vem ficando cada vez mais forte. Na análise de Slezynger, essa combinação prejudica ainda mais as exportações brasileiras e facilita as importações, que entram em maior escala, pois ficam mais competitivas. "Isso inexoravelmente agrava o déficit do setor", resumiu o executivo.


Se depender das perspectivas estimadas para o preço do barril nos próximos meses, esse aumento realmente deverá ser implementado no País. Na avaliação de Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a cotação da commodity este ano não deverá baixar da casa dos US$ 100. "Acho que não se pode pensar num petróleo abaixo dos US$ 90 no médio prazo."


Outro setor que deverá sofrer os efeitos desse aumento dos custos de produção é o setor de transformação de plásticos por conta da elevação dos preços da Nafta, matéria prima das resinas termoplásticas. Apesar de haver uma fórmula que reduz a volatilidade dos preços internacionais da commodity a tendência é de que os preços aproximem-se, até meados do ano, ao teto histórico que é de US$ 1,1 mil por tonelada. Isso porque a complexa rede de indicadores para a composição do preço da Nafta leva em conta a média dos últimos três meses, ou seja, em abril já considerará a cotação do barril acima dos US$ 100, fato que levará o valor da commodity no Brasil para mais de US$ 900 por tonelada e, segundo avaliação de Otávio Carvalho, da MaxiQuim, poderá se elevar até US$ 1 mil já no mês de maio.



Procuradas, a Braskem e a Abiplast informaram que não comentariam o assunto.
FONTE: DCI

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