Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A divulgação dos balanços anuais das varejistas de moda, que começa hoje com os resultados da Marisa, deve reforçar uma sutil divisão no setor. De um lado, Marisa e Hering continuam com claras dificuldades de expandir as vendas das lojas abertas há mais de um ano. Do outro, Renner e Guararapes (dona da marca Riachuelo) demonstram uma habilidade maior para enfrentar o atual ambiente de consumo e competição.

Com intensa atividade promocional e desvalorização dos estoques, a Marisa deve reportar lucro líquido de R$ 58,2 milhões no quarto trimestre. A estimativa - uma média entre as projeções de analistas do Credit Suisse, Brasil Plural, Votorantim Corretora e Goldman Sachs - representa metade do ganho auferido pela empresa no mesmo período de 2012.

A receita líquida da companhia deve avançar 8% no quarto trimestre, para R$ 963 milhões, com as vendas das lojas abertas há mais de um ano ("mesmas lojas") crescendo próximo a 2%, preveem os mesmos analistas.

Para Hering, também é esperado um dígito baixo nas "mesmas lojas". Já Renner e Riachuelo podem mostrar um pouco mais de força no indicador, embora ninguém aposte que ele volte a alcançar dois dígitos no curto prazo.

A diferença nos desempenhos das principais empresas listadas do setor de moda fica ainda mais evidente no discurso das diretorias. Contrariando a visão de que 2013 marcou o início de um patamar menor de crescimento para o varejo de moda no Brasil, Flávio rocha, presidente da Guararapes, costuma dizer que esta será a "década do varejo".

O entusiasmo de Rocha, que também é presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), está alicerçada no modelo integrado da rede, cujo negócio inclui produção, distribuição e comercialização de moda, além do financiamento aos clientes. Para o ele, esse formato é o quem tem permitido o crescimento e a melhora nas margens da companhia em uma ambiente de consumidor cauteloso e muita concorrência.

O discurso otimista de Rocha segue a linha do que foi dito ao Valor pelo vice-presidente comercial da C&A, Paulo Correa, em recente entrevista. Embora não tenha citado números - a C&A é uma multinacional de capital fechado -, o executivo disse que 2013 foi um "ótimo ano" para a varejista, que é líder do setor no Brasil. Correa também discorda da ideia de que o segmento de moda passou para um patamar mais baixo de expansão no país.

A visão semelhante dos dois vai de encontro ao discurso adotado por Márcio Goldfarb, presidente da Marisa. Para ele, o varejo de moda no Brasil nunca mais vai crescer no ritmo forte que avançou nos últimos dez anos. A companhia projeta abrir apenas 13 lojas neste ano - em 2013 foram 39 - e está sendo mais seletiva na concessão de crédito.

Executivos da Renner e da Hering adotaram um tom intermediário. José Galló, presidente da Renner, chegou a afirmar a investidores que o crescimento da empresa agora dependerá cada vez mais de ganhos de participação de mercado, uma vez que a velocidade do setor não será mais capaz de garantir a expansão de todos os concorrentes.

Já o presidente da Hering, Fábio Hering, se mostrou otimista com as oportunidades do mercado brasileiro, mas alertou, na mais recente reunião pública da companhia, que não espera uma retomada imediata de crescimento robusto.

Competindo num segmento mais 'premium', a Restoque, dona da Le Lis Blanc, deve apresentar mais um resultado fraco. O Goldman Sachs projeta alta de apenas 4% na receita, para R$ 200 milhões e queda de 6,2% nas vendas 'mesmas lojas' no quarto trimestre.

Na bolsa, as ações do setor têm sido penalizadas desde o ano passado. Enquanto o Ibovespa recua 17,58% no acumulado de 12 meses, as ações da Marisa caem 55,38% e as da Restoque, 42,83%. As ações da Renner e da Hering acumulam queda de 28,84% e 33,65%, respectivamente. A única com desempenho melhor que o Ibovespa é a Guararapes, cujas ações preferenciais caem 12,45%. Os papéis da companhia, no entanto, têm baixíssima liquidez.


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