Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Redução na fabricação de sacolas plásticas já resulta em demissões

Campanhas com slogan ambiental têm condenado, Brasil afora, o consumo das sacolinhas plásticas distribuídas pelos supermercados. Apontado como o grande “vilão” do ambientalismo, o saco plástico começa a ser substituído por sacolas de papel ou tecido. Conclusão: trabalhadores e empresários que atuam no setor plástico já sentem o impacto da mudança.

A redução na produção das sacolinhas, causada por cancelamentos de pedidos de clientes supermercadistas, provocaram demissões nas fábricas do ramo. Na Polimáquinas, empresa de Bauru que faz o corte e solda das sacolinhas, houve recentemente a demissão de18 funcionários de um total de 146 empregados.

“Tivemos cancelamento de 50% de pedidos, fator que diminuiu a nossa produção”, disse o diretor e engenheiro da empresa, Gino Paulucci Júnior. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas (Abief), as indústrias de sacolas plásticas empregam 16.800 pessoas em todo o Brasil. Somente no Estado de São Paulo são 5 mil postos de empregos. As demissões são ainda mais significativas em locais onde a paralisação da produção de sacolinhas está acontecendo de forma ainda mais drástica, como em Belo Horizonte, onde a distribuição delas está proibida desde 18 de abril.

No Estado de São Paulo, os empregados desse setor terão mais motivos para se preocupar: novas demissões podem surgir depois que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, assinarem acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas) nesta segunda-feira. Tal acordo elimina a distribuição gratuita das sacolas plásticas em todo o Estado. A medida vai pesar no bolso dos consumidores, que deverão pagar R$ 0,19 por cada sacola plástica que utilizarem em suas compras nos supermercados.

Como empresário do ramo plástico, Gino prevê que Bauru deve perder em torno de 200 a 250 empregos com a redução de sacolas plásticas. “Após assinatura do governador, creio que o cancelamento de pedidos por sacolinhas vai alcançar a margem de 70% na Polimáquinas”, alega.

A decisão entre governo e Apas é apoiada em justificativas ambientais. Com a redução do consumo de sacolas plásticas, pretende-se diminuir o impacto do produto no meio ambiente, reduzindo o volume desse tipo de sacolas lançadas nos aterros, esgotos, rios e meio ambiente em geral. Com a cobrança, o governo espera incentivar o uso de sacolas retornáveis.

Porém, para o diretor da Polimáquinas, Gino Paulucci, o interesse da Apas em diminuir o uso de sacolas plásticas alimenta um viés muito mais econômico do que ambiental. “Quando os supermercadistas perceberam que têm gasto excessivo com sacolinhas, o setor se preocupou em eliminar esses gastos. Mas se os supermercadistas querem economizar na sacolinha, devo imaginar que eles vão querer diminuir o consumo de energia elétrica, desligando os balcões de frigoríficos à noite. Também poderão reduzir custos apagando a quantidade de luzes no mercado, afinal, o consumidor não precisa de tanta luz.”


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Consumidor se preocupa com desconforto

Para empresários do setor plástico, a prioridade por usar sacolas biodegradáveis e outros meios que não sejam as tradicionais sacolinhas pode se tornar uma alternativa pouco confortável para os clientes. “É pouco prático ter que depender de uma sacola de pano para fazer as compras. Imagine, o consumidor tem que carregar a sacola toda vez que resolve ir até o supermercado. Isso pode até espantar a clientela e fazer com que o consumidor compre menos, pois não terá sacolinhas à vontade para levar suas compras”, diz Gino Paulucci.

Para ele, o corte do fornecimento gratuito de sacolinhas plásticas vai ter impactos sociais. “A população pobre vai ser a mais prejudicada, pois depende de transporte público. Se fala em utilizar carrinhos e até caixotes para armazenar as compras. Imagine a dificuldade de se carregar essas caixas de papelão e carrinhos para essa população que não tem o próprio veículo”, indica.

“E as sacolas de pano, por sua vez, acumulam bactérias. Por esse motivo, não podem guardar muito tempo certos tipos de alimentos. Já as de plástico são higiênicas”, enfatiza. “É um direito do consumidor poder escolher que tipo de sacola quer usar”, acrescenta Paulucci.

Os consumidores não reprovam totalmente a cobrança de sacolas plásticas, mas admitem que a utilização das biodegradáveis vai dificultar, de certa forma, a praticidade na hora de fazer compras.

“Não é o jeito mais prático de fazer compras. As pessoas vão ter que se acostumar e deixar uma sacola no carro, na bolsa, mas a maioria não tem costume e recorre às sacolinhas de plástico. Mas eu acho que as campanhas que visam reduzir o consumo podem colaborar, sim, com a preservação do meio ambiente”, diz a dona de casa Marilisa Cascais Tucunduva, de 50 anos.

Para a microempresária Sônia Venâncio, vai ser difícil se adaptar com outras sacolas. “A plástica realmente é mais prática, mas eu concordo com medidas que incentivem a redução dela. No começo vai ser difícil. Eu tenho algumas em casa, mas raramente uso”, admitiu. Já para um consumidor que, por conta do que ele aponta como ‘patrulhamento ambiental’ preferiu não ser identificado, a socolinha é um dos problemas ambientais do mundo contemporâneo, moderno. No entanto, não é o principal e sim o mais visível, diz.

“Ela tem uma utilidade que vai além do supermercado. É utilizada em casa para o lixo doméstico. Ajuda, inclusive, na coleta seletiva, separando o lixo orgânico do geral. Por fim, teremos de comprá-la. Estão tentando acabar com ela porque a sacolinha é mais visível e dá audiência esse tipo de iniciativa. Mas o problema é muito mais complicado e envolve a educação de todos os setores da sociedade consumidora, já que no próprio supermercado encontramos inúmeros itens com embalagens de plástico e outros poluentes que vão direto para o lixo depois de usadas, sem reciclagem, diferentemente da sacolinha,” acrescenta.

Na opinião dele, muitas pessoas deverão diminuir as idas ao supermercados pela dificuldade do empacotamento e do transporte das compras sem as sacolas.

Fonte:|jcnet.com.br|

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