Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Fonte:|diariodonordeste.globo.com|

Há dez anos, a Vicunha faz reúso de água, com investimento tecnológico economicamente compensador

A Vicunha Têxtil registrou, no último semestre de 2008, uma redução de 62% no consumo de água na sua unidade fabril de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Este resultado é retorno do projeto Tratamento de Efluentes Industriais, de reutilização dos resíduos hídricos. O Programa é certificado com o selo verde OEKO-TEX STANDARD 100, que atesta que toda a fabricação de tecidos índigo e brim é feita com o uso de corantes e auxiliares químicos não agressivos ao homem e ao meio ambiente.

Maior companhia do setor da América Latina, a Vicunha Têxtil, fundada em 1967, produz e comercializa índigo, brins, malhas, fibras e filamentos; conta com nove unidades fabris, no Ceará, Rio Grande do Norte e São Paulo; e tem mais de 11 mil colaboradores. Além disso, possui escritórios comerciais na Europa e Argentina, uma unidade fabril no Equador.

A ação de reúso de água, realizada em parceria com a Geoplan - empresa nacional com mais de 15 anos de experiência em soluções para águas e efluentes - foi implementada em 2001 em duas unidades de Maracanaú (I e V). O trabalho conjunto das duas empresas, hoje, corresponde a 70 metros cúbicos / hora de efluente reutilizável.

Em números, a Unidade V produz cerca de 75 mil metros cúbicos / mês de efluente industrial direcionado para a Unidade I. Deste montante, cerca de 50 mil metros cúbicos / mês são consumidos nesta Unidade como água de processo totalmente produzida pelo sistema de reúso. Os valores desta produção representam redução significativa na utilização dos recursos hídricos do Estado.

"Além de contribuir com a área de preservação ambiental e financeira da companhia, esta ação tornou-se um diferencial competitivo na exportação de tecidos para a Europa, tendo como benefício agregado a geração de efluentes livres de metais pesados, diminuindo a poluição dos processos produtivos", explica Andreline Timbó, coordenadora de Meio Ambiente das Unidades de Índigo e Brim da Vicunha Têxtil.

"A estação contempla todas as etapas de um método moderno para tratamento de esgoto: primário, secundário e terciário", informa. O efluente produzido na Unidade V passa inicialmente pela remoção dos materiais sólidos; em seguida, por caixas de areia, seguindo para um tanque onde é homogeneizado. Nesta etapa, o pH é ajustado, e o efluente é peneirado e resfriado.

Depois, o material é encaminhado para o sistema biológico (fase 1), na Unidade I, onde, caso necessário, são adicionados nutrientes a base de uréia e ácido fosfórico. Segundo Macilon Siebra de Mesquita, coordenador de manutenção, o sistema normalmente se retroalimenta sem aditivos.

Uma parte do material é descartada, a outra fração passa ao processo físico-químico (fase 2). O que era efluente sai dessa fase cristalino e segue para a osmose reversa (fase 3), onde ocorre a redução de todos os sais, conferindo ao efluente as características de água industrial, que é reusada no processo.

O efluente tratado é estocado e distribuído para o consumo na fábrica de tecido índigo (Unidade I). Deste volume, 95% são reutilizados no processo industrial e 5% são destinados para irrigação e consumo de banheiros. Com o programa de reúso, apenas uma fração do efluente da Unidade V é descartada e depois de misturada com o efluente da Unidade I é enviada para a rede pública devidamente tratado.

Além do programa de reúso dos recursos hídricos, a Vicunha conta com outras ações neste âmbito, como o Programa Interno de Educação, que visa conscientizar os funcionários, através de palestras internas, atuando intensivamente como ferramenta de gestão ambiental. Outra iniciativa desenvolvida pela empresa é a Linha Verde - serviço de atendimento a dúvidas, reclamações e sugestões - no qual questões dos colaboradores são repassadas sem necessidade de identificação.

Há também o Programa 3 Rs, com o objetivo reduzir, reutilizar e reciclar. O Programa contempla a coleta seletiva em todas as unidades fabris e oferece treinamento os colaboradores para que de fato alcance a sua meta. Os materiais recicláveis ou reutilizáveis são vendidos como subprodutos; os que não são comercializados seguem para doação; os não recicláveis são encaminhados para empresas de tratamento.

Já os materiais considerados perigosos são vendidos a empresas que mostrem interesse. Ponto importante desse processo, é que todas as empresas que queiram comprar esse material, passam por análises do licenciamento para reutilizar esse tipo de resíduo.

Nas caldeiras, desde 2001, são utilizadas cascas de castanha no lugar do anterior óleo derivado do petróleo, procedimento licenciado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e que poderia entrar no mercado de carbono, se tivesse sido implantado depois de 2004.

Uma das últimas conquistas na área ambiental foi o reconhecimento do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), por ações que incluem a substituição de lâmpadas, utilização de telhas translúcidas e reposicionamento de ventiladores, implantadas desde 2002.

Por todas essas ações, que fazem parte do Sistema de Gestão Ambiental, as duas unidades possuem a certificação ISO 14.000, ao lado da Unidade II, que fica em Natal (RN).

Sustentabilidade em cinco estágios
A primeira fase do tratamento da água é biológica, feita num reservatório aeróbico que se retroalimenta de forma constante, sob supervisão

Da segunda fase, físico-química, a água sai com praticamente todas as características da pureza natural, translúcida e inodora

A terceira fase do processo de reúso de água é a osmose reversa, onde toda a salinidade é retirada, conferindo-lhe as características ideais para o reúso

A coleta seletiva de resíduos é outra ação praticada em todos os setores. O material coletado é vendido, doado ou encaminhado para incineração

As caldeiras deixaram de ser alimentadas por óleo derivado do petróleo para utilizar casca de castanha de caju, resíduo abundante na região


MARISTELA CRISPIM

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