Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Reynaldo-BH: ‘Abaixo o politicamente correto’

REYNALDO ROCHA

É tempo de ter-se a coragem de Luiz Felipe Pondé.

Não é o caso de gostar de Pondé ou cultuar o polemista. Eu o admiro, mas certamente Pondé repensaria tudo o que escreve (e vive) se fosse uma unanimidade. Não combina com quem escolheu o lado certo da caminhada. Discorde-se, mas pelas razões verdadeiras. Jamais pelo “politicamente incorreto”, dissecado de modo simples e objetivo no Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. Sem devaneios elitistas, Pondé vai ao ponto.

É preciso mais Pondé nestes dias. E menos articulistas, pensadores e opinion makers com receio de enfrentar a mass media. Nem falo dos oportunistas de plantão, que usam qualquer argumento para transformar situações incômodas em “agressivas a valores” determinados (?) por uma moral absolutamente difusa e pouco consistente.

Refiro-me ao embate entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski.

É politicamente incorreto chamar as coisas pelo nome? Ou seria vigarice intelectual ocultar o homicídio e discutir o calibre da pistola?

Quem pode dizer ─ sendo honesto ─ que Joaquim Barbosa não extrapolou e foi desnecessariamente além do que era necessário? Muito poucos.

Vejo até honestidade na revolta ─ e o politicamente correto quer extinguir esta característica humana, existente até em Cristo, no episódio dos vendilhões do Templo ─ de muitos que assumem como correta a explosão de JB.

Porém, em nome desta praga que acovarda, diminui, cria uma falsa civilidade baseada na miopia e acima de tudo, subverte a essência dos fatos, o que se vê é uma inversão absurda de valores.

Esta talvez seja a maior consequência nefasta do PC. Focar no acessório e abandonar o principal.

Discute-se o destempero de JB. Credita-se à cor da pele, a (agora) um pretenso despreparo jurídico, a uma escolha politizada de Lula e a um histórico (de raça?) ligado à menos valia pessoal. E com isso, demoniza-se JB.

E Lewandowski? Vale medir o despreparo evidente de quem sequer advogado de sucesso foi? Professor com nenhuma significância? A escolha derivada da amizade da esposa do imperador? Um histórico de subserviência, colocando o direito a reboque de interesses menores?

O erro ─ sim, foi um erro! ─ de JB exime outros tantos de Lewandowski? Que mal causou ao Brasil a explosão desnecessária de Joaquim Barbosa?

Que danos causaria ao país a acolhida (impedida em grande parte pelas posições de JB) das teses esdrúxulas que a TODOS se mostravam uma defesa de acusados e não uma análise de fatos e leis?

Quem causou maior dano ao Brasil? O ministro negro que se sente desafiado a mostrar a independência que a cor da pele precisa impor (o que é mais um erro) ou um ministro sacado não do bolso do colete presidencial, mas da bolsa Louis Vuitton de uma primeira-dama?

Em nome do “politicamente correto” exige-se de JB um formal pedido de desculpas a Lewandowski. Em nome da liturgia (que existe!) e do dito “clima interno” na mais alta Corte.

Concordo. Com uma condição: que Lewandowski peça desculpas ao país pelo comportamento que teve em todo o julgamento do mensalão. Desculpas pelo que foi ALÉM do direito de julgar. Pelas protelações. Pelo voto revisor único na história do Judiciário. Pela ofensa ao POLITICAMENTE CORRETO (sem aspas). Pelo voto de mais de 5 horas baseado em uma questão de ordem colocada ─ de surpresa! ─ por Márcio Thomaz Bastos, na primeira sessão do julgamento, tentando impedir o próprio direito de julgar.

Pela absolvição sempre esperada, em que pesem as provas apresentadas. Pelas teses contra a Teoria do Domínio dos Fatos, como se esta fosse novidade! Pela afirmação do “encontro” com o autor da tese, onde este se mostrava “arrependido” de tê-la escrito (embora NINGUÉM nunca tenha lido ou ouvido semelhante absurdo!). Pela dosimetria sempre menor, sem levar em consideração a pena máxima de cada crime.

Aos que acusam JB de mercurial, prepotente, despreparado e (até isto!) recalcado pela cor: sim, concordo com a inconveniência da explosão. Mas, por favor, sejam mais “politicamente incorretos” (ou seja, verdadeiros!) e não tentem transformar Lewandowski em vítima! Esta foi a CAUSA da explosão. Jamais a consequência.

O destempero de JB pode provar muitas coisas. NUNCA que Ricardo Lewandowski tenha razão no comportamento dúbio (para dizer o mínimo, sendo “PC”) neste julgamento.

Ficamos assim: JB errou ao explodir. Lewandowski erra desde o início ao tentar enterrar os explosivos.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/feira-livre/

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 20 agosto 2013 às 9:14

Ficamos assim: JB errou ao explodir. Lewandowski erra desde o início ao tentar enterrar os explosivos.

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