Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Descobrimos que tal coisa existe. Soubemos também que Jilmar Tatto (não é erro meu o Jilmar com J; é dos pais do deputado) faz parte da comissão. Por iniciativa de Jilmar, a Comissão de Afronta à Inteligência resolveu CONVIDAR o presidente Fernando Henrique Cardoso para um depoimento.
Ninguém esperava tal honraria: FHC foi convidado a falar sobre a “Lista de Furnas”. Levando-se em conta o ódio devotado pelos lulopetistas ao ex-presidente, chamá-lo para tratar de tal assunto é uma imensa homenagem. Nada acharam além da famigerada lista. Não acharam porque não há.
A “lista de Furnas”, origem de denúncias formuladas por uma procuradora do Ministério Público Federal, foi considerada inconsistente pela Justiça. Uma segunda tentativa teve o mesmo destino. O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em laudo de 2006, constatou que o “documento” fora grosseiramente falsificado. Nem chegou a ser apresentado à Polícia Federal ou à Justiça. Foi forjado para amparar chantagens contra os opositores do lulopetismo.
Em nenhum momento FHC é citado nessa pantomina criminosa.
O autor do documento se chama Nílton Monteiro. Pertence a ele o computador em que foram encontrados numerosas assinaturas digitais e papéis timbrados de diversos órgãos do Executivo e do Judiciário.
Nilton Antônio Monteiro, 55 anos, é parte, como réu ou autor, em cerca de 80 processos em curso na Justiça de Minas Gerais, nas varas cíveis e criminais, em primeira e segunda instâncias, em diversas comarcas mineiras como Belo Horizonte, Abre Campo, Betim e Carangola, e também no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Nilton Monteiro e a sua cúmplice Maria Maciel de Souza estão presos pela falsificação das assinaturas do advogado Carlos Felipe Amodeo, já falecido, em uma nota promissória no valor de R$ 3 milhões. Há mais. A Polícia Federal (que está de posse do computador-mãe-de-todas-as-fraudes) reuniu provas materiais robustas de falsificação de vários documentos, como procurações, notas promissórias, contratos de confissão de dívida e de transferência e cessão de direitos e obrigações.
Dados preliminares das investigações também apontam transações suspeitas com títulos do Tesouro Nacional de mais de um bilhão de reais. E mais de R$ 300.000.000,00 de “confissões de dívidas”, até de gente que “assinou” as confissões depois de morta. Pois é essa lista produzida por um estelionatário que levou Jilmar Tatto a propor o convite a FHC.
Peço ao ex-presidente que ACEITE o convite. Sabemos que nada há a esclarecer, nenhuma explicação a dar. Creio mesmo que FHC poderia propor a convocação do estelionatário Nilton Monteiro. Nada mais justo que ouvir TODOS os lados.
O início do resgate da cidadania, proporcionado pelo julgamento do mensalão, daria mais um passo à frente. E ninguém poderia rejeitar a aprovação de um convite para que Lula fosse convidado a falar sobre mensalão, Rose, negócios do Lulinha, crime de Santo André, Roberto Teixeira (o compadre que o presenteou com um apartamento), entre tantos outros assuntos. Nem haveria por que desprezar a oitiva de Rose e Valério. Estão em pé de igualdade com o presidiário Nílton, autor da famosa “lista”.
FHC prestaria mais um serviço à consolidação da cidadania e ao resgate de decência perdida nestes últimos dez anos. Sei que é um sacrifício. Sei que é uma vendetta vulgar, como é vulgar o pai da ideia. Mas o depoimento anularia quaisquer desculpas para blindagens.
ACEITE, FHC!
Pela comparação inevitável, para que oposição de verdade se instale, para que o Brasil decente possa ouvi-lo com o orgulho de sempre.
ACEITE O CONVITE, presidente Fernando Henrique Cardoso.
Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/feira-livre/
Autor:REYNALDO ROCHA
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