Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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"Tendências" e a democratização da moda

A editora Anna Dello Russo: ela quer mais brincar com a sua imaginação do que sugerir que alguém saia assim na rua. Foto: Stockholm Street Style

Um assunto muito falado ultimamente (e não é de hoje essa discussão) é sobre essas “tendências” de moda vistas exaustivamente em desfiles e em celebridades do street style e que não fazem parte do cotidiano do consumidor de moda comum – a exemplo das botas brancas da Chanel ou conjuntos-pijama de seda. O blog Man Repeller ou, no Brasil, o blog Petiscos, dentre outros, denunciaram essa moda exaustiva propagada pelo “circo da moda” (expressão de Suzy Menkes) da porta dos desfiles.

 

Ora, o circo da moda e os desfiles nada mais são do que a condensação da informação de uma pesquisa de moda muito mais ampla. 

A ultrarrápida propagação da moda através do acesso fácil à informação (todos os desfiles estão na internet, no Style.com ou no FFW no Brasil, para quem quiser ver) fez com que o caminho que as “tendências” perseguiam até chegar à moda “de massa” fosse cortado, atropelado. As pessoas absorvem novidades rapidamente e as redes de fast fashion entendem muito bem isso, levando às lojas as rendas da Dolce & Gabbana ou os sneakers de Isabel Marant em poucas semanas.

A moda se tornou então mais democrática – o que está nas principais grifes pode ser consumido, em uma versão muito parecida, em uma rede fast fashion. Ocorreu a inclusão de pessoas que antes não faziam parte desse circuito fechado da moda e que só usavam as “tendências” algum tempo depois que os pioneiros já as consideravam ultrapassadas. Com acesso à informação, as pessoas querem, é claro, consumi-la! 

A moda se tornou mais democrática e cada vez mais pessoas consomem "tendências" praticamente recém-saídas da passarela.

Na verdade, “tendências” que possam parecer exageradas e caricatas à primeira vista não são feitas para chegar ao seu público-alvo final – são feitas para o público iniciado (designers, jornalistas, críticos), que as repassa para o público-final. Por isso, a maneira estratégica de utilizar tendências é conhecer a fundo o seu público-alvo e escolher, dentre o leque de possibilidades – dessa vez, sem aspas – as informações que sejam mais relevantes para ele.

O pessoal que está na porta dos principais desfiles das capitais da moda, leia-se editores de moda e blogueiros superstar, dividem (e até tomaram um pouquinho) o lugar dos editoriais de moda das revistas incensadas. O que às vezes se confunde é que aquilo que vestem é para criar o imaginário, relacionado à imagem de moda. É o lúdico, e é um espetáculo. À frente da moda, o que essas pessoas vestem não é exatamente levado para o mundo real - mas, se o mundo real as vêem no Pinterest, nada mais comum do que querer levar aquela imagem de moda consigo.

Observação: Usamos "tendência" entre aspas para diferenciar a tendência de moda de senso comum e a tendência de moda estratégica. O que está na capa das revistas, em editorial de moda e no corpo de blogueiras e editoras de moda ao redor do mundo não é uma tendência, é o produto final, executado. Tendência é, na verdade, informação estratégica para desenvolvimento de produto de moda.

 

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