BRASÍLIA (Reuters) - O Tesouro negocia aporte de cerca de 30 bilhões de reais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse à Reuters uma fonte do Ministério da Fazenda com conhecimento sobre o assunto.

"Estava em 30 bilhões de reais (a negociação). Mas pode ser mais", disse a fonte em condição de anonimato sem dar mais detalhes sobre a operação.

O montante definitivo será inferior aos 39 bilhões de reais repassados pelo Tesouro ao banco de fomento no ano passado, seguindo a política do governo de redução gradual dos repasses de ano para ano.

Mais cedo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o montante deve ser definido e liberado ainda neste mês e admitiu que a redução nos desembolsos da instituição este ano deve ser menor do que a esperada inicialmente.

"Estamos chegando a um momento em que o aporte (do Tesouro) é imprescindível e, ao longo deste mês, esperamos as duas coisas", disse Coutinho a jornalistas, referindo-se à definição do volume de recursos e ao momento da liberação do aporte.

Em 2013, o Tesouro fez aporte total de 39 bilhões de reais no BNDES, em duas etapas, segundo o banco.

O repasse dos novos recursos aumentará ainda mais a elevada dívida do BNDES com o governo federal, aproximando-a de meio trilhão de reais.

No dado mais do Banco Central sobre endividamento do setor público relativo ao mês de março, essa dívida do BNDES estava em 414 bilhões de reais devido às elevadas transferências de recursos feitas pelo Tesouro nos últimos anos.

Os repasses ao BNDES vem diminuindo ano a ano desde que o governo federal injetou 100 bilhões de reais em 2009. Em 2010, foram 80 bilhões de reais; 2011, 55 bilhões de reais; e 2012, 45 bilhões de reais.

Os valores são repassados ao banco de fomento mediante emissão de títulos públicos e aumento do estoque da dívida mobiliária federal interna.

DESEMBOLSOS

Segundo Coutinho, a redução menor que a esperada nos desembolsos de 2014 ocorrer diante de contenção de oferta de crédito à pessoa jurídica pelos bancos privados. Sem citar números, ele afirmou que o BNDES pode ter que compensar essa restrição dos bancos privados para estimular a continuação dos investimentos no país.

"Precisamos assegurar que os investimentos tenham um desempenho satisfatório e nos preocupa um pouquinho a desaceleração do crédito à pessoa jurídica por parte do sistema financeiro privado", disse Coutinho a jornalistas. "Poderemos moderar um pouquinho (os desembolsos), mas sem prejudicar o investimento", disse ele.

O presidente do BNDES afirmou que os desembolsos do banco no segundo bimestre desaceleraram em relação à alta anual de 35 por cento ocorrida no período de janeiro a abril, mas que se mantiveram no mesmo patamar do segundo bimestre de 2013.

"Já houve uma moderação do ritmo em março e abril, mas, mais ou menos parelho com 2013", disse Coutinho.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)