Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Uma injeção para reabilitar sua empresa

Por Oswaldo Scaliotti

Saiba que estratégias adotar para tirar sua empresa do vermelho. Ser racional nas decisões e fazer um diagnóstico profundo da crise são medidas fundamentais. Outro passo é partir para a renegociação das dívidas
 
Você olha para o caixa e o dinheiro está escasso, falta até mesmo para pagar os funcionários. As contas se amontoam e os recursos a receber não vão cobrir as despesas, nem mesmo o empréstimo recém obtido com o banco. Muitos empresários já passaram ou vão vivenciar algum dia essa situação. Crises fazem parte do cotidiano das corporações. A pergunta, entretanto, é o que fazer para sair delas. O POVO foi atrás das respostas com consultores empresariais e especialistas em finanças e administração. O primeiro passo, na opinião deles, é ser racional e não se deixar levar pelo desespero. Acredite! É possível sim tirar seu empreendimento do vermelho, por pior que seja a situação.
 
O diretor da Parceria Consultores, Carlos Eduardo Araújo, propõe que o empresário faça uma análise "real e profunda" da situação da companhia. "É preciso encarar o problema de frente e aceitar a nova realidade", avisa. Araújo lembra que se a empresa se endividou ao ponto de não conseguir arcar com suas obrigações financeiras, é preciso chamar os credores e fornecedores para propor uma renegociação das dívidas adequada à realidade. "Isso pressupõe uma relação franca e clara ou a companhia pode acabar perdendo sua credibilidade", acrescenta.
 
De acordo com o contador e mestre em Administração e Finanças pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Marcílio Nascimento de Farias, a preocupação básica da empresa em uma renegociação deve ser tentar alongar as dívidas sem elevar (ou aumentar o mínimo possível) o custo financeiro. Segundo ele, se a companhia também se tornou inadimplente com o pagamento de tributos, deve buscar igualmente a renegociação (parcelamento) com o órgão de arrecadação responsável - Secretaria da Fazenda (Sefaz) ou Receita Federal, por exemplo.
 
O presidente da Comissão de Estudos Tributários da Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará (OAB-CE), Erinaldo Dantas Filho, lembra que a inadimplência tributária pode ser altamente custosa para empresas. Ele explica que essas dívidas são, geralmente, corrigidas pela taxa básica de juros (Selic) e há incidência de juros e multas. Um detalhe: a empresa em situação fiscal irregular enfrenta vários impedimentos e dificilmente conseguirá obter crédito junto ao sistema financeiro. "A empresa praticamente fica impossibilitada de trabalhar. Um dos impedimentos é que a pessoa jurídica não poderá participar de licitações e, na maioria dos Estados, não conseguirá obter incentivos fiscais", exemplifica. Ele destaca, entretanto, que o parcelamento da dívida junto ao órgão de arrecadação deve caber no orçamento da empresa.
 
Outra fase no processo de recuperação é avaliar que medidas precisarão ser tomadas para reverter o quadro. "Situações drásticas exigem medidas rígidas", avisa Carlos Araújo, da Parceria Consultores. Ele lembra que o gestor precisa ser rápido em tomar decisões delicadas, como dispensar parte da equipe se necessário. "É preciso estar preparado para esse ou outro tipo de ação enérgica", reforça.
 
10 dicas para salvar seu negócio
 
* Faça uma análise profunda dos fatores que levaram sua empresa a se encontrar em uma situação de crise. Procure identificar quais são os principais gargalos do negócio. Falhas na gestão financeira e no planejamento, posicionamento equivocado no mercado, custos elevados, precificação incorreta de produtos e serviços são alguns dos problemas mais comuns.
 
* Se a empresa não tiver condições de honrar os seus compromissos financeiros, deve procurar o mais rápido possível os fornecedores e instituições financeiras para renegociar as dívidas. Cuidado para não deixar o débito rolar e se tornar um volume impagável. Muitas vezes, essa "bola de neve" é que leva a companhia à falência. Evite a inadimplência, que pode deixar a sua empresa com restrições cadastrais ou com falta de credibilidade no mercado.
 
* Na renegociação, procure estabelecer condições de pagamento compatíveis com sua situação financeira, ou seja, prazo, juros e prestações adequadas. Não role a dívida somente para protelar o problema.
 
* Se o empresário estiver atrasado com o pagamento de tributos, também deve procurar o mais rápido o possível o órgão responsável para a renegociação e parcelamento do débito. Novamente, avalie se as condições são compatíveis com a sua capacidade de pagamento. Deixar a dívida rolar é bastante arriscado, pois o valor pode se tornar impagável. Os débitos com o fisco geralmente são corrigidos pela Selic (taxa básica de juros), além de haver incidência de juros e multa.
 
* Os especialistas alertam que a transparência é a melhor postura diante da situação de crise. Ser franco com os credores e com seus funcionários é fundamental. Essa é uma hora essencial para convocar seus colaboradores para ajudar a recuperar a companhia.
 
* Uma empresa em dificuldades pode ter que tomar decisões delicadas, como corte de pessoal e de custos. Se for necessária uma medida de impacto, não espere para agir, pois se essa decisão for adiada o empreendimento poderá ser inviabilizado.
 
* Em relação aos custos, tenha em mente que estes precisam ser os menores possíveis. Essa busca constante por baixos custos é um fator essencial para garantir a competitividade da empresa no mercado.
 
* Mude de hábito. Não adianta elaborar estratégias de recuperação se o empresário continuar a repetir os erros do passado. A mudança na forma de gerir o negócio é fundamental.
 
* Defina prioridades e metas a serem alcanças no curto, médio e longo prazo. Esses objetivos têm que ser compartilhados pelos demais colaboradores da empresa.
 
* Buscar uma consultoria empresarial nos momentos de dificuldade pode ser interessante, desde que seja financeiramente viável pagar por esse apoio.
 

Mudança na gestão é fundamental
 
Segundo especialistas, erros na gestão da empresa como a deficiente avaliação dos gastos precisam ser corrigidos. Outra dica é buscar o comprometimento dos funcionários com o plano de recuperação da empresa
 
O contador e mestre em Administração e Finanças, Marcílio Nascimento de Farias, lembra que todo o esforço de recuperação do empreendimento será desperdiçado se não houver, paralelamente, uma mudança na forma de gestão da empresa por parte do empresário e sua equipe. Na prática, não é viável continuar repetindo os erros do passado, por isso é tão importante fazer um diagnóstico dos fatores que levaram à crise.
 
Um detalhe importante, segundo os especialistas, é procurar envolver os colaboradores no processo de recuperação. Segundo o diretor da Parceria Consultores, Carlos Eduardo Araújo, é preciso "ser franco" com os funcionários sobre o momento que a empresa está atravessando. Uma estratégia interessante é estabelecer metas e prioridades a serem perseguidas visando reverter o quadro negativo. "Se o empresário precisa da sua equipe quando a situação está boa, imagine então quando o momento é ruim", lembra.
 
Os especialistas reforçam ainda que, em alguns casos e dependendo da complexidade dos problemas, pode ser interessante recorrer a uma consultoria empresarial para elaborar um plano de recuperação.
 
Os gastos feitos de forma incorreta também podem complicar a vida da empresa. O custo-benefício precisa ser constantemente mensurado a cada desembolso. Carlos Eduardo Araújo exemplifica um caso: um empresário compra um software "moderno" de R$ 50 mil, apenas para alegar que sua empresa está atualizada com as novas tecnologias. "Mas não adianta ele adquirir um software de R$ 50 mil enquanto o que já possuía custou R$ 10 mil e atendia plenamente às necessidades", completa Araújo.
 
Outra dica é nunca confundir as finanças da empresas com as contas pessoais. Isso é importante, sobretudo para negócios do tipo familiar. O dono da empresa deve utilizar com racionalidade os lucros gerados pelo negócio. O ideal é procurar reverter para a própria empresa os ganhos de capital obtidos. (Oswaldo Scaliotti)

Corrija as falhas no planejamento
 
Os especialistas detalham os erros mais comuns que podem levar a empresa à falência. Um dos mais básicos é confundir faturamento com lucro. Conheça essas falhas de gestão e saiba o que fazer para evitá-las
 

Gestão. Essa é a palavra-chave para que uma empresa consiga sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo e alcance o sucesso. Por trás de muitos fracassos nos negócios, muitas vezes estão erros de planejamento e gerenciamento. O POVO perguntou aos especialistas quais são os equívocos mais comuns cometidos pelo empresariado. Saiba quais são e o que fazer para evitá-los.
 
O principal e mais comum é a falta de controle adequado das finanças. O articulador da Unidade de Gestão de Negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), Edilson Azim, explica que o empresário precisa conhecer bem suas entradas e saídas de recursos e em que prazo elas ocorreram, ou seja, o seu fluxo de caixa. Esse instrumento é importante, por exemplo, para a companhia saber o quanto de prazo poderá conceder aos seus clientes nas vendas ou quanto tempo precisará para pagar seus fornecedores.
 
A gestão equivocada do fluxo de caixa pode fazer com que a empresa tenha que recorrer ao sistema financeiro para adequar seu capital de giro, elevando seus custos devido ao pagamento de juros e outras taxas. Hoje, existem vários softwares que facilitam o controle dos fluxos financeiros.
 
Conforme o economista e consultor financeiro João Maceno Gomes, as empresas que não possuem demonstrativos financeiros terão muita dificuldade para obter crédito. Ele explica que os bancos precisam do balanço patrimonial e da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), por exemplo, para fazer a análise de crédito. "Entretanto, a maioria dos empresários não sabe para que servem esses demonstrativos", diz.
 
Outro equívoco comum é não saber se endividar. Maceno explica que ao buscar crédito para investimento, por exemplo, o empreendedor deve saber avaliar se o recurso captado vai lhe permitir gerar receitas acima dos custos financeiros do empréstimo. Essa é uma regra básica, mas pouco observada em várias corporações. "A geração de receita por parte desse investimento precisa ser auto-sustentável", alerta.
 
Maceno explica ainda que o empresário, principalmente o novato, precisa ter a consciência que faturamento é bem diferente de lucro - um outro descuido comum que pode complicar a situação da empresa. O faturamento é a receita obtida com a venda dos produtos ou serviços, enquanto que o lucro é o que sobra para o caixa da empresa depois do pagamento de todos os custos fixos e variáveis e encargos financeiros, como matéria-prima, salários, impostos, gastos com energia, água e telefonia e juros de financiamentos. "O problema é que é comum a confusão de faturamento com lucro (por falta de controle das finanças). O empresário começa a achar que está ganhando bem e gasta demais, muitas vezes na compra de bens para uso pessoal, como carros", exemplifica. (Oswaldo Scaliotti)
 
10 dicas para sua empresa crescer
 
* Antes de criar uma empresa, é fundamental a elaboração de um plano de negócios. Este é um instrumento que visa estruturar as principais concepções e alternativas para uma análise correta da viabilidade do negócio, reduzindo também as possibilidades de desperdício de recursos e esforços em um projeto inviável.
 
* O Plano de Negócios deve trazer a dimensão do mercado principal (como número de clientes em potencial e raio de atuação da empresa); equipe de funcionários; produtos e serviços oferecidos; estratégia competitiva; plano de marketing e comercialização; investimentos necessários para implantar a empresa; custos fixos mensais; faturamento esperado; margem de contribuição e indicadores de desempenho.
 
* Se planeje. Estabeleça metas para os resultados, como crescimento de vendas, faturamento, lucro e indicadores de qualidade na produção. Não perca seus objetivos de vista.
 
* O sucesso de uma empresa depende de um foco de atuação bem definido no mercado. O empresário deve conhecer os seus clientes (e atender às necessidades deles), ter a exata noção que tipo de produto e serviço precisa oferecer para ter competitividade e saber como estão os seus concorrentes.
 
* O crescimento da empresa é fortemente influenciado pelo mercado onde ela atua. Analise se o segmento do seu negócio está em expansão.
 
* Tenha rigoroso controle da situação financeira da companhia. Os demonstrativos financeiros - como balanço patrimonial e Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) - são fundamentais. Acompanhe o seu fluxo de caixa. E atenção: nunca confunda dinheiro da empresa com contas pessoais e familiares.
 
* Saiba que sem demonstrativos financeiros, a empresa terá enormes dificuldades para conseguir dinheiro emprestado junto aos bancos. Esses balanços são exigidos para análise de crédito.
 
* O uso do crédito requer muito cuidado e planejamento. Analise as taxas de juros, a carência e o prazo de pagamento.
 
* Cuidado para não se endividar desnecessariamente. Em financiamentos para investimento, os resultados gerados por esse recurso captado devem ser superiores aos custos financeiros do empréstimo.
 
* Capacitar os funcionários e deixá-los motivados é fundamental para que a empresa alcance bons resultados.
 
Elabore seu plano de negócios
 
O empresário que quer montar uma empresa de sucesso deve primeiramente elaborar um plano de negócios. Controle de custos e adequação ao mercado são fatores importantes para o crescimento do empreendimento
 
A preocupação com o planejamento, mercado e finanças forma a base que garante o crescimento do negócio. É o que explica o articulador da Unidade de Negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), Edilson Azim. Segundo ele, na parte de planejamento, um dos requisitos básicos para que uma empresa tenha um desenvolvimento sustentável é a elaboração de um plano de negócios.
 
Segundo o Sebrae-CE, o plano de negócios é um instrumento que visa estruturar as principais concepções e alternativas para uma análise correta da viabilidade do negócio, reduzindo também as possibilidades de desperdício de recursos e de esforços em um projeto inviável. Neste levantamento devem estar presentes informações como: mercado principal (número de clientes em potencial e raio de atuação da companhia); equipe de funcionários necessária para iniciar as atividades; e investimentos básicos para implantar a empresa.
 
Segundo Azim, uma empresa também deve ter amplo conhecimento do mercado em que atua para poder crescer. O técnico do Sebrae-CE explica que o gestor tem que saber precificar corretamente os seus produtos, sempre observando os valores dos concorrentes. Na opinião dele, é preciso ainda ter produtos (ou serviços) adequados às necessidades do cliente e de qualidade. Outra preocupação é contar com uma produção em consonância com a demanda dos clientes (compradores) e um bom sistema de distribuição (logística).
 
O diretor da Parceria Consultores, Carlos Eduardo Araújo, acrescenta que a empresa precisa estar sempre inovando com o objetivo de apresentar diferenciais ao mercado. Uma vez que o cliente seja conquistado, é preciso ainda se preocupar com a fidelização do mesmo.
 
Já na parte financeira, um controle rigoroso de custos e gastos é fundamental para que o negócio possa ser competitivo. Segundo Araújo, uma gestão austera é indispensável para implantar as bases para o desenvolvimento da empresa.
 
A redução do custo, lembra Araújo, passa pela negociação com fornecedores, eficiência nos processos e tomada correta de decisões. Esse custo também tem outras vertentes, como a relação com os bancos. Na prática, a empresa tem que saber negociar com seu banco taxas de juros mais baixas e buscar sempre o crédito com menor custo. Por exemplo, para captar recursos para investimentos o caminho "mais barato" provavelmente será um banco de fomento, como o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) ou Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
 
Outro cuidado é com a tributação. O presidente da Comissão de Estudos Tributários da Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará (OAB-CE), Erinaldo Dantas Filho, diz que a companhia precisa avaliar qual é o melhor regime de tributação (o Supersimples ou o geral, por exemplo), para não pagar mais impostos sem necessidade.
Fonte: O Povo

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