Executivas da Folha de S.Paulo e Terra contam como as empresas tentam trabalhar a questão.
A diversidade é um assunto que vem ganhando destaque nas mídias nos últimos anos, seja por movimentações como Black Lives Matter, #MeToo ou até mesmo a chegada do ESG no mundo dos negócios. Mas para além das pautas, o público começou a questionar também a presença de grupos socialmente minorizados por dentro das empresas de jornalismo.
Segundo a pesquisa Perfil Racial da Imprensa Brasileira, apenas 20% dos jornalistas brasileiros são negros. Buscando atender à essa demanda social e na busca de um jornalismo mais plural, os players brasileiros estão começando a se movimentar em busca dessa mudança.
Flavia Lima, secretária-assistente de redação para diversidade e especiais da Folha de S.Paulo e editora de diversidade, conta que em 2019 a Folha criou uma editoria de diversidade para atender a questão. A nova área não funciona nos moldes das outras editorias do jornal, com uma equipe com vários repórteres. A executiva conta que sua função é transversal, atuando em várias frentes, e participando de todas as bancas de contratação do jornal, além de estar à frente do comitê de inclusão e equidade, um grupo de jornalistas cuja função é sugerir e desenvolver projetos que tornem o veículo mais inclusiva e equânime.
“Entendo que, de modo geral, as grandes redações estão buscando mais diversidade nas suas composições e nas suas coberturas, mas isso vem sendo feito em ritmos muito diferentes”, comenta Flávia.
O veículo criou também, em 2021, um programa de treinamento voltado exclusivamente para profissionais negros, um manual de acessibilidade e concluiu um Censo da Redação, pesquisa interna e ampla conduzida pelo Datafolha, que os ajudará a mapear melhor as demandas de diversidade da redação.
Com o mesmo objetivo, o Terra buscou trabalhar a questão no final de 2021. Manoela Pereira, head de conteúdo do veículo, conta que a empresa se preocupou em montar uma equipe editorial diversa do ponto de vista de gênero, raça e idade, para que o planejamento estratégico das verticais de conteúdo já nascesse com essa essência.
“Afinal, o lugar de fala é um dos principais pilares do novo Terra. Não faria sentido criar as editorias Terra Nós e ou Visão do Corre, sem que vozes diversas e da própria periferia não fossem contemplados”, explica a head.
Investimento no conteúdo
As executivas apontam além de trabalhar a inclusão social, as iniciativas direcionam os veículos a melhores conteúdos. “Na mídia em geral, preconceitos, estereótipos e racismo ainda contaminam aqui e ali o imaginário que se produz de determinados grupos, o que faz com que os problemas de, por exemplo, periféricos, não brancos ou evangélicos ainda sejam muitas vezes vistos de maneira reducionista. Daí a importância de a produção de conteúdo e das decisões editoriais passarem a ser compartilhadas por grupos chamados “diversos”, aponta Flavia.
Manoela revela que o Terra buscou também se aproximar de fornecedores e produtores externos de conteúdo que tivessem em seu DNA uma conexão real e genuína com suas pautas. Segundo ela, a estratégia teve três frentes: trazer legitimidade a nossa produção, oferecer visibilidade e alcance para a produção de conteúdo de pequenos produtores e agências que despontaram no mercado, e acrescentar um diferencial editorial frente à concorrência.
“A pluralidade por si abre muitas portas para novos mundos. As reuniões de pauta acabam sendo bem mais ricas, e diariamente somos apresentados para iniciativas que nunca nos passou pela cabeça”, afirma.
Desafios
Apesar das novas propostas, Flavia aponta que ainda existem muitos obstáculos a serem passados como conseguir trazer mais pluralidade também para os cargos mais altos da redação, além de expandir o universo de fontes ouvidas e personagens retratados para além do eixo Rio, São Paulo e Brasília. “Isso significa mudar um comportamento bastante cristalizado entre nós, jornalistas do Sudeste”, reflete.
Carolina Huertas
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