Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O chamado “ouro branco” pode em breve ganhar novas cores e valências. Uma nova investigação conseguiu alimentar a planta do algodão com moléculas fluorescentes que fazem com que a fibra brilhe em determinadas condições de luz. Características magnéticas, tingimento na planta e de mudança de forma estão igualmente em estudo.


Um grupo de cientistas do Weizmann Institute of Science, em Israel, decidiu investigar como é que podia tornar mais útil o tecido de algodão e descobriu uma forma de levar o algodoeiro a alimentar-se de duas misturas feitas em laboratório: uma que faz com que o algodão brilhe e uma segunda que o tornou magnético.

A inovação científica pode ajudar os investigadores e empresários a encontrar novas utilizações para o algodão. O tecido que brilha pode ser aplicado na criação de vestuário para usar à noite – por exemplo, por trabalhadores da construção civil ou em corridas noturnas – e o tecido magnético pode ser incorporado em dispositivos eletrónicos que as pessoas utilizem no dia a dia. Como sublinha a Forbes, quase todo o armazenamento digital é possível graças a imanes, seja no telefone, computador ou grandes servidores.

O português Filipe Natalio, químico e um dos investigadores do Weizmann Institute of Science, afirma à Forbes que a investigação mostra o poder de adaptar processos naturais. «Se percebermos um pouco como a bioquímica funciona e respeitarmos isso, vamos ser capazes de integrar novas funcionalidades e eventualmente criar novos materiais», revela.

Esta não é a primeira vez que um tecido é repensado por investigadores para assumir outras propriedades. Os cientistas descobriram formas de alterar sobretudo fibras sintéticas, como o poliéster, revestindo-as. Mas os investigadores do Weizmann Institute garantem que o seu método literalmente embebe novas funcionalidades no tecido.

«As abordagens atuais que se apoiam em revestimentos de fibras sofrem de perda de funcionalidade com a utilização», destacam, num estudo publicado recentemente. «Apresentamos uma abordagem que permite a incorporação biológica de moléculas exógenas nas fibras de algodão para criar a funcionalidade do material», referem.

Os investigadores conseguiram isto literalmente enganando as plantas para que estas se alimentassem de uma mistura com açúcar. Primeiro, ligaram moléculas com corante fluorescente a glucose, depois deram um banho na glucose aos óvulos de algodão – a parte da planta que contém a célula germinal feminina e mais tarde se transforma na semente da planta. As moléculas são absorvidas pelas células da planta e à medida que as fibras crescem, assumem qualidades fluorescentes: quando recebe o tipo certo de luminosidade, o algodão brilha num tom verde.

Ainda curiosos, os cientistas substituíram as moléculas fluorescentes com disprósio, um metal raro, que pode servir como íman. O resultado foram fibras com qualidades magnéticas.

Houve, contudo, alguns contratempos durante a investigação. A introdução destas moléculas extra nas fibras de algodão mudou a estrutura molecular da planta, o que tornou as fibras mais fracas do que o algodão normal. Mas os investigadores acreditam que isso pode ser ultrapassado se em vez de usar apenas os óvulos do algodão, for usado todo o fruto e, eventualmente, toda a planta.

Filipe Natalio quer ainda experimentar a adição de funcionalidades diferentes, como acrescentar a molécula de diazobenzeno, que pode mudar de forma quando exposta à luz certa. Tal como as moléculas magnéticas, isso pode permitir que as fibras de algodão sejam usadas no armazenamento de informação digital.

O algodão pode ainda ser tingido de azul antes de ser apanhado, simplificando a produção de jeans, e Natalio antevê ainda a possibilidade de ter plantas de algodão com assinaturas moleculares únicas, como códigos de barras, permitindo que os produtores consigam rastrear o tecido desde a semente até às lojas, garantindo, por exemplo, que os seus produtos são completamente orgânicos ou 100% de comércio eletrónico.

http://pt.fashionnetwork.com/news/Algodao-com-mais-brilho,879488.ht...

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Respostas a este tópico

Se o açucar permanecer na fibra, vai ser dificil fiar!

Isso abre um leque de possibilidades, para o algodão ou qualquer outra fibra.
Como também se isso der certo, pode melhorar as qualidades da fibras de algodão na resistência, na elasticidade, etc...
Já pensou ter uma fibra natural como o algodão, com suas qualidades e melhoradas como as qualidades de resistência das fibras de carbono? É tudo que o ser humano precisa. Eu gostaria de estar numa equipe dessas, ter conhecimento para alcançar esses objetivos.
Quanto ao Açúcar, poderia ser diminuído ao nível de não trazer transtornos a fiação, mesmo assim o açúcar da trabalho para o fiandeiro, mas é tudo questão de saber lidar com ele.

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