Dança das cadeiras
Nos últimos meses de 2017, dois diretores criativos de primeiro nível deixaram seus cargos. Christopher Bailey saiu da Burberry após 17 anos e Phoebe Philo deixou a Céline após 10 anos de trabalho. Bailey esteve à frente da revolução digital na moda e Philo transformou o guarda-roupa da mulher moderna. Seu último desfile acontece em março na temporada de Inverno 2018 em Paris.
A Burberry inicia um período de mudanças atrás de uma imagem mais atual e que tenha fácil conexão com o consumidor jovem. Em ambos os casos, nenhum substituto foi nomeado ainda e enquanto não aparecer ninguém, um time interno de design fica responsável pelas criações. Mas a lista de apostas é grande.
Começando pela Céline, o nome de Virgil Abloh está rodando por aí. É sabido que ele adora a Céline e sonha em dirigir uma Maison. Já a própria Phoebe é cotada para a Burberry – o ex-CEO da Céline, Marco Gobbetti, está agora na marca inglesa. Outros nomes que têm sido mencionados para o lugar de Christopher Bailey são Riccardo Tisci, Stuart Vevers e Kris van Assche. E não vamos esquecer do russo Gosha Rubchinskiy, que vem colaborando com a marca e têm o espírito inovador que eles buscam.
Apropriação cultural
Apesar de tantas experiências mal sucedidas, estilistas e marcas parecem não acordar para o fato da apropriação cultural na moda. Em sua busca por looks novos e diferentes, estilistas por vezes emprestam elementos de outras culturas, muitas vezes reforçando estereótipos e ignorando totalmente a razão por trás dos elementos apropriados. O ato de apropriação é basicamente de natureza exploradora porque rouba das culturas minoritárias o crédito que merecem e peças inspiradas em tradições antigas viram commodities. Esperamos que cada vez mais, as equipes de estilo entendam e celebrem o valor do trabalho dos outros em vez de apenas usar como inspiração sem crédito ou informação para o consumidor.
Chega de greenwashing
Ações sustentáveis dentro de uma empresa poderiam se tornar um valor intrínseco e não apenas uma jogada de marketing. Sustentabilidade não significa apenas reciclar e sim, é um pensamento completo que tem a ver com eficiência, transparência e ética. São decisões que pautam todo o processo de uma marca: como você trata seus funcionários, como controla a produção, a embalagem que escolhe, os materiais usados e a comunicação com o consumidor, só para ficar na superfície. Muitas práticas podem ser substituídas que não geram custos extras ou maiores para as empresas. Uma mudança embalada por duas palavras: escolha e planejamento.
See now buy now
DESFILE DE LILLY SARTI NO SPFW N44 / AGÊNCIA FOTOSITE
O novo sistema que tem sido implementado na indústria da moda ainda passa por adaptações no mundo inteiro. Muitas marcas conseguiram se adaptar enquanto outras já falaram que não irão aderir e muitas ainda estão se organizando. Novas ideias e transformações levam tempo até serem elaboradas e compreendidas. Após um ano com muitas tentativas, experiências de erros e acertos, esse deve ser um ano importante para o snbn, inclusive no Brasil, onde muitas marcas têm aderido ao sistema sem perder sua identidade.
Período imprevisível
Incerteza na economia e imprevisibilidade viraram o novo normal. Segundo um estudo do Business of Fashion com a consultoria McKinsey, as empresas precisam se adaptar a esse novo ambiente em que tudo muda muito rápido e não há certeza de nada. O caminho é focar no que cada um pode oferecer de melhor: curadoria, autenticidade e personalização serão ainda mais importantes para o consumidor.
Pensamento startup
Consultores, pesquisadores e estudiosos decretam: pense como uma startup. As principais qualidades das startups são agilidade, colaboração, abertura e flexibilidade. Empresas tradicionais terão que abrir suas mentes para novos talentos, novas formas de pensar, novas parcerias e modelos de investimento. Os consumidores irão olhar para as plataformas online como a primeira parada para pesquisas, devido a sua conveniência e grande oferta, então está mais do que na hora de trabalhar seus canais com foco para atender com mais excelência e agilidade, aumentando a possibilidade de engajamento e fidelização.
Copa do mundo
Ano de Copa do Mundo também tem reflexo na moda. Muitas marcas globais planejam ações envolvendo o assunto ou o evento em si, gastando milhões em verba de marketing para se posicionar durante o principal evento esportivo no mundo, com um público estimado em mais de três milhões de espectadores. A roupa vira um assunto frequente: quais marcas criam os uniformes nacionais, dentro e fora do campo, e o estilo dos atletas ganham as notícias de jornais, sites e revistas, com galerias de streetstyle e, pode esperar, muito logo.
Outra coisa que deve pegar é o merchandising mais conectado à moda, uma tendência forte e que não tem como escapar. Um dos exemplos é a marca FI Collection, que oferece aos fãs de futebol e esporte em geral peças de qualidade e com design. Eles já desenharam bonés oficiais de times como Milan, Real Madri e das seleções brasileira e francesa.
Casamento do ano
O FOTÓGRAFO ALEXI LUBOMIRSKI FOI CONVIDADO PARA FAZER FOTOS DO CASAL / REPRODUÇÃO
Acontece em maio o casamento da atriz Meghan Markle, a Rachel de Suits, com o príncipe Harry. Mesmo que não tenha o mesmo apelo que a cerimônia de Kate e William, certamente fashionistas de plantão no mundo todo estarão diante de suas TVs para ver o que mais importa: o vestido da noiva. A estilista israelense Inbal Dror é tida como a escolhida para o cargo e supostamente alguns sketches do vestido vazaram, mas nada foi confirmado oficialmente e com certeza o vestido será feito em segredo e revelado somente na hora. Dror é conhecida por suas peças bordadas e já vestiu celebridades como Beyoncé. Vale lembrar que este é um momento importante para a moda como um todo, reativa os sonhos e aquece o mercado. Ao escolher Alexander McQueen para seu vestido de noiva, Kate Middleton fez a marca renascer e trouxe alta demanda de volta para a grife britânica.
Exposições
CRUZ BIZANTINA E VESTIDO DE GIANNI VERSACE INVERNO 1997–98 / REPRODUÇÃO
Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination
Onde: Metropolitan Museum of Art
Quando: de 10.05 a 8.10
Sobre: religião sempre inspirou designers. Espere ver vestidos de Valentino, Dolce & gabbana, Chanel e mais do imaginário de religiões, com símbolos que constantemente inspiram estilistas. São 150 peças que fazem a conexão entre catolicismo e a moda. O Vaticano irá emprestar 50 peças para a exposição, incluindo robes de papas, tiaras, joias e outros tesouros datados desde o século 18 até os dias de hoje.
O gala que acompanha a abertura da exposição terá como anfitriões Rihanna, Donatella e Amal Clooney. A exposição tem o patrocínio da Versace
Azzedine Alaïa: The Couturier
Onde: Design Museum, em Londres
Quando: de 10.05 a 7.10
Sobre: 60 peças escolhidas pelo próprio estilista antes de morrer, com seu trabalho mais pessoal e apaixonado. Novas peças também foram comissionadas à artistas e outros estilistas, convidados a fazerem uma espécie de tributo pessoa a um dos grandes mestres da moda.
Margiela/Galliera
Onde: Palais Galliera, Paris
Quando: 3.03 a 5.07
Sobre: O museu faz um especial sobre uma das maiores influências da moda contemporânea, o designer belga Martin Margiela. A mostra reúne as peças icônicas do estilista, além de entrevistas raras e muitos objetos e curiosidades de seu arquivo e suas influências.
Fashioned from Nature
Onde: V&A Museum, Londres
Quando: 21.04 a 27.01.19
Sobre: Uma exploração da conexão entre alta costura e natureza, em como a fauna e a flora têm influenciado o design de moda através dos anos. O vestido Calvin Klein que Emma Watson usou no gala do Met em 2016, feito a partir de garrafas de plástico reciclável, estará na mostra.
♥ Feliz 2018! ♥