Gostamos de pensar que a alta-costura foi inventada para alegrar um pouco a vida, nos fazer sonhar e pensar que tudo pode ser mais luxuoso e bonito. Quase como contos de fada de gente grande. Mas, a julgar pelas coleções da Semana de Alta-Costura de Paris, a temporada de Verão 2013 acabou com o sonho. Ou melhor, a crise econômica mundial, principalmente na Europa, o continente que abriga todas as grandes maisons de luxo, deu fim à Haute Couture do modo como a conhecemos.
Verão 2013 da Atelier Versace
É só pensar nas primeiras palavras que vêm à nossa cabeça quando pensamos no nicho: luxo, glamour, opulência, quilômetros de tecido, bordados à mão e muitas cifras. Certamente as cifras continuam nas etiquetas, mas todo o resto parece ter sido aplacado pelo fantasma da crise. A Versace, por exemplo, apresentou uma coleção de apenas 15 looks, com inspiração claramente futurista. Silhuetas mais secas e retas (que usam pouco tecido), muita transparência (que pede pouco tecido), algum bordado ali, outro acolá e couro metalizado cortado a laser, coisa que a nossa Patricia Viera faz há muito tempo e nem por isso está desfilando ao lado de Giorgio Armani. O italiano bronzeado, aliás, pegou carona na máquina do tempo de Donatella e desceu em um mar azul, verde e preto do futuro, com os mesmos ombros pontudos da Versace, inclusive em seus clássicos terninhos e tailleurs estruturados, que abusaram de novos tecidos e mix de materiais para ganhar a dose de glamour.
Verão 2013 da Armani Privé
Desde que Valentino Garavani se afastou da direção criativa da maison que leva seu nome, em 2008, a passarela da marca nunca mais foi a mesma e a linha de alta-costura está a cada dia mais parecida com a coleção de prêt-à-porter. Ao ver os 42 looks delicados, cheios de transparências e marcados pelo forte uso do branco, sentimos uma forte ausência: o vermelho valentino, coluna cervical da grife, que apareceu tímido, apenas iluminando algumas estampas.
Verão 2013 da Valentino Alta-Costura
Mas nem tudo está perdido. Ricardo Tisci provou que quantidade não é sinônimo de qualidade na Givenchy e repetiu o formato da última temporada, uma apresentação curta, com apenas 10 vestidos, de uma riqueza que nos deixa sem palavras. É só ver as imagens.
Verão 2013 da Givenchy Alta-Costura
A nossa esperança ficou nas mãos de Bill Gaytten, que tirou a carta mais certeira da manga dos arquivos da maison para relembrar o que é Couture: o New Look, criado pelo próprio Christian Dior em 1947. Se a exuberante coleção desfilada desmente a nossa teoria? Nada, só reforça. Dior criou a nova silhueta de saias exageradamente amplas, que pediam metros e metros de tecido para terem o caimento perfeito, logo depois da Segunda Guerra Mundial, período que exigiu uma moda marcada pela economia de materiais e influência militar, afinal, os homens estavam nos campos de batalha. O New Look surgiu como um sinal de que aquela época havia ficado para trás e que era possível sonhar com o luxo novamente - um respiro no meio do caos, ou um suspiro. O recado que todos nós queremos ouvir da alta-costura, que ainda respira com a ajuda de aparelhos.
Verão 2013 da Dior Alta-Costura
Fonte:|http://www.jb.com.br/heloisa-tolipan/noticias/2012/01/30/a-crise-mu...
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Nunca. Ajudara a Alta Costura. Crise mundial e uma mera questao de "nudismo". So afeta os "pelados". Quem tem muita grana sempre primara pelo exotico, pelo unico, pelo caro, pelas grifes. Alta costura, no meu ver laico e limitado, e como a Arte e como o preco de metais raros: Quando maior e a quebradeira, mais valorizara a Alta Costura. Ela vai em contra-mao com o bem estar dp POVO e FELICIDADE GERAL das Nacoes. E unica. Sam de Mattos
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