matéria com liberação autorizada de Sr Giuseppe Tropi Somma
Pedir aos políticos para fazer uma reforma política é como pedir aos detentos que eles próprios façam uma reforma penal e prisional. Será que é tão difícil entender que o único e gravíssimo mal do Brasil se chama governo?
Quando digo governo, me refiro aos três poderes, pois, em maior ou menor proporção, cada um tem sua parcela de culpa pelas mazelas de nosso país.
Eu pergunto: se um governo, ao menos teoricamente, está a serviço do povo, quem deveria ditar as regras de reformas, o povo ou o governo? Mas alguém pode questionar: nós estamos numa democracia e, para isso, elegemos os parlamentares para nos representar. Sem dúvida. Nós os elegemos para criarem normas e leis que disciplinem a vida e o convívio da sociedade, não é isso?
Só que, no caso de reformas políticas e outras reformas de que o Brasil precisa, não é para disciplinar a sociedade, mas para disciplinar eles mesmos, que arruinaram e arruínam nosso país, tirando a governabilidade de nossas instituições.
Se uma pessoa X (Mané), necessitando fazer uma construção, contrata pedreiros, ajudantes, engenheiros, pintores etc., poderia ele aceitar que esse mesmo pessoal, unido, estabeleça normas de quando e como trabalhar, ou o quanto cada um deve ganhar? Poderia ele aceitar que eles decidissem se, com o seu dinheiro (do Mané), atenderiam o vizinho ao lado, o tal de sr. Cubadre, que pediu a eles que, enquanto trabalhassem para o Mané, fizessem outra construção ao lado, na casa dele, e a colocassem na conta do Mané? Lógico que seria um absurdo, e o Mané não aceitaria!
Mas o contribuinte brasileiro – que se faz de Mané – deixa que os governantes façam tudo com seu dinheiro, menos o que realmente deveriam fazer.
Ultimamente, tratando-se da terceirização do trabalho, tem-se falado muito em “atividade fim” e “atividade meio”.
Administrar os impostos para prestar serviços públicos para a sociedade deveria ser “atividade fim” de um governo, mas passou a ser “atividade meio”, porque a “atividade fim” é o enriquecimento dos políticos e do corporativismo público.
O pagamento de impostos, que deveria ser uma “atividade meio” para termos os serviços públicos, passou a ser uma “atividade fim”, pois a sociedade só trabalha em regime de escravidão para pagar impostos.
Os profissionais da demagogia, que vivem explorando politicamente o trabalhador brasileiro, falam tanto em trabalho escravo, mas não se olham no espelho. A máquina pública foi tomada de assalto por todo tipo de aventureiros e “aloprados”, que mantêm a sociedade brasileira num flagrante trabalho escravo.
A tributação é tanta que, além de tirar todo o fruto de nosso trabalho, aos poucos está nos empobrecendo.
Esperar que as coisas mudem por iniciativa dos políticos é ser ingênuo demais. Isso jamais acontecerá. Eles fingem que mudam, mas trocam seis por meia dúzia. Falam de tudo, mas:
l Não falam em redução das mordomias;
l Não falam em redução do número de parlamentares, vereadores etc;
l Não falam em acabar com institutos e fundações públicas desnecessários, criados apenas para ser cabides de emprego;
l Não falam em acabar com o financiamento de partidos, pelo governo ou por privados, porque quem deve sustentar partidos são os próprios associados, como qualquer entidade associativa faz;
l Não falam em acabar com aposentadorias múltiplas de políticos e funcionários públicos, porque a aposentadoria deve ser única e proporcional ao recolhimento, como é para todos os trabalhadores, etc.
Ponto de Vista
A meu ver, quem poderia e deveria criar reformas é a sociedade, isto é, quem realmente é
prejudicado e paga a conta. A sociedade, como contribuinte, deve exigir o direito de auditar
todos os serviços públicos em sua eficiência e produtividade, enxugando os custos de cada
departamento.
A força produtiva empresarial, com seus setores culturais, acadêmicos e alto
profissionalismo, tem condições e deveria elaborar uma reforma séria e civilizada, para depois o povo referendá-la.
Está na hora de acordar e tomar atitudes. Hoje, a estrutura governamental está agigantada
e contaminada, com os absurdos enraizados e tributariamente insuportável, ao ponto de que só uma intervenção militar seria capaz de corrigi-las.
Mas, para quem é contra uma intervenção militar, existiria uma saída bem democrática, e ela está nas mãos dos empresários organizados em suas entidades.
Cadê as 27 federações da indústria dos diversos estados brasileiros? Cadê os 1.250
sindicatos patronais? Dão-se conta da força e da responsabilidade que têm e de que são a
turbina geradora de toda a riqueza econômica deste país?
Dão-se conta de que, uma vez delegada ao governo a tarefa de gerenciar nossos impostos em prol da sociedade, ele se apropria dos mesmos, levando-nos à falência?
Nós não podemos ficar de braços cruzados!
Quando o síndico de um condomínio nos surpreende com incompetência administrativa e
desvio de recursos, o que obviamente fazemos? Primeiramente, fazemos uma auditoria e,
uma vez verificadas as irregularidades, deixamos de pagar o condomínio até que o síndico
saia. Greve geral.
Bastaria apenas que o setor produtivo se unisse de fato, numa única voz e
atitude, para convencer a si próprio e aos outros de que não existe força maior neste país que a deles.
Se o trabalhador tem direito à greve, por que o empresário não teria? Numa greve, o
trabalhador para de fazer o que o sistema mais precisa dele: produzir. Logo, o empresário
pode parar de fazer o que o sistema (governo) mais precisa dele: recolher impostos.
Deixar de recolher impostos é crime? Sim, quando há uma finalidade de sonegação e é um
ato individual. Em se tratando de um movimento de reivindicação de classe, não. Ainda mais
quando essa reivindicação é para a ética e a eficiência na administração pública.
Muitas são as reformas necessárias, e o contribuinte deve começar a exigi-las e não mais
pedi-las.
Necessitamos fazer uma verdadeira faxina na administração pública para dar ao Brasil um
governo com peso mínimo, porém eficiente, um verdadeiro começo de prosperidade, real e
não fictícia, como aconteceu até agora.
O verdadeiro crescimento e prosperidade de um país só se fazem com o lucro que fica na
sociedade, não com os altos impostos que vão para o governo. Não existe país rico com
sociedade pobre. Existem, sim, países pobres com governantes ricos, chamados de “amigos
dos trabalhadores” pela ignorância nacional, ou de “socialistas latino-americanos” pelos
demais.
Aqui vai o meu alerta: “Uma esmagadora maioria, culta e trabalhadora, quando omissa e
covarde, será facilmente dominada por uma pequenina, porém ativa, minoria de
vagabundos".
* Reprodução liberada *
CAV. GIUSEPPE TROPI SOMMA É EMPRESÁRIO, MEMBRO DA ABRAMACO E PRESIDENTE DO GRUPO CAVEMAC.
GIUSEPPE@CAVEMAC.COM.BR
ESPERAR QUE AS COISAS MUDEM POR INICIATIVA DOS POLÍTICOS É SER INGÊNUO
DEMAIS”
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Edi ªo 86.qxp 01/07/2015 18:49 Page 130
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O risco do aparelhamento político das instituições privadas resulta na sua paralisia perante seus interesses privados em prol das aspirações e coligações políticas.
Nossa instituição patronal e de empresários saiu em propagandas na TV defendendo que as contas de energia deveriam ser contidas... por interesses populistas de campanhas políticas.
Agora não podem gritar contra o aumento em mais de 40% no custo da energia.
Isso é que eu digo...aparelhar politicamente uma entidade privada a submete a interesses alheios aos seus objetivos mais amplos e a amordaça na busca de ideias que necessitam durar mais que uma campanha política ou mandato de uma cargo público.
Infelizmente, associações,sindicatos e entidades se aparelham politicamente para proteção de seus interesses e não da classe que representam.
Sr Giuseppe, acompanho a muitos anos todas as suas reportagens em prol de um Brasil melhor seja na educação ou na ética dos nossos representantes junto a esfera governamental. Comungo inteiramente com seu raciocínio, pois se não houver empresários com inovação empreendedora a cada dia, com certeza a máquina administrativa do governo também não funcionará. Sou administrador formado a 37 anos e realmente não entendo o comportamento do governo. Quanto mais elevamos a carga tributária mais deficientes tornamos nossas empresas seja na parte de investimentos tecnológicos e humanos ou em honrar os pagamentos dos tributos. Essa reportagem do senhor tem que chegar a todos os veículos de comunicação, para que juntos possamos agir junto às forças sindicais e federações dos estados, conforme sua sugestão, visto que representa a ferramenta mais eficiente que temos em mãos. Parabéns e que Deus nos ajude nessa caminhada.
Júlio César M.Pereira - empresário de confecção e comércio.
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