Acordo entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os proprietários e o município, foi firmado para um projeto do projeto de restauro (foto: Hugo Roda/divulgacao )
O bem cultural mais valioso de Augusto de Lima, na Região Central, ganha tombamento municipal e homenagem da população na celebração de 130 anos de história. Embora em ruínas, o antigo imóvel da Tecelagem Santa Bárbara, localizado na área pertencente à atual Fiação e Tecidos Santa Bárbara Ltda., atrai olhares dos visitantes interessados em conhecer a construção que abrigava maquinário vindo da Inglaterra, no século 19. Para elaboração do projeto de restauro, acaba de ser firmado um acordo entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os proprietários e o município.
“É uma edificação imponente, de grande importância para Minas. A planta da fábrica foi elaborada pelo engenheiro Eduardo Bonjean, o mesmo que montou o Palácio de Cristal em Petrópolis, em 1884, onde hoje funciona o Museu Imperial”, diz o titular da Coordenadoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda. A CPPC foi responsável pelo pedido, à Prefeitura de Augusto de Lima, de proteção municipal para a construção, cuja trajetória começa nos tempos do Arraial do Tejuco, atual Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
Satisfeita com a iniciativa, a secretária de Cultura, Lazer, Esporte e Turismo, Geysane Vasconcelos Nadu, diz que a prefeitura local está empenhada em buscar recursos para recuperar o prédio, apelidado pela população de Coliseu, numa referência ao monumento existente em Roma, Itália. “Este é o primeiro e único bem tombado em Augusto de Lima. Trata-se de uma das tecelagens pioneiras no estado e que deu emprego a muita gente”. Geysane não sabe o valor da restauração, mas está certa de que é “coisa de milhões”.
Com a tecelagem em poder de sua família desde 1950, o diretor da Fiação e Tecidos Santa Bárbara Ltda., Guilherme Avellar Paculdino Ferreira, ressalta a necessidade de preservação do bem, construído de madeira e alvenaria, e belo atrativo para quem se hospeda no Hotel Águas de Santa Bárbara. Numa atividade de educação patrimonial, ele e outros defensores do patrimônio fizeram uma reunião com moradores explicando os benefícios do tombamento e a necessidade de conservação.
HISTÓRIA
Conforme pesquisa feito pelo promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, a Fazenda Santa Bárbara, em meados do século 18, pertencia ao contratador de diamantes português João Fernandes de Oliveira, que vivia no Arraial do Tejuco com a lendária escrava alforriada Chica da Silva. A propriedade, na época, abrigava uma casa, engenho de moer cana, moinho e “bom rego d’água”. Muito extensa, a fazenda estava dividida em dois retiros: Cavalgadura e São Miguel, que contavam com currais de pau-a-pique. Em 1856, estava arrendada a Bento José Afonso Fernandes, sendo propriedade de João Germano de Oliveira Grijó, neto de João Fernandes e Chica da Silva.
Em 1884, o comerciante de diamantes João da Matta Machado idealiza a fundação da Fábrica de Tecidos Santa Bárbara, incumbindo seus filhos de dar andamento ao projeto. O local para implantação seria a Fazenda Santa Bárbara, então pertencente ao município de Diamantina e, atualmente, ao município de Augusto de Lima. O maquinário importado da Inglaterra seguiu do Rio de Janeiro (RJ) até Conselheiro Lafaiete e de lá para Sabará, em carros de boi. Na sequência, foi embarcada em balsas e desceu pelo Rio das Velhas até um porto chamado Manga, situado perto da fábrica.
Em 19 de maio de 1886, foi fundada em Diamantina a sociedade comercial Matta Machado, Moreira & Cia, com o objetivo de produzir e vender tecidos de algodão. Foram fundadores João da Matta Machado, Antônio Moreira da Costa, o Barão de Paraúna, Augusto da Matta Machado, Álvaro da Matta Machado, Pedro da Matta Machado, Francisco Correa Ferreira Rabelo, João Antônio Lopes de Figueiredo, Pedro José Versiani e José da Silva Machado. No ano seguinte, o Jornal A Província de Minas, publicado em Ouro Preto, registra as propriedades medicinais das águas da Fazenda Santa Bárbara.
Em 1906, sob a gerência do Coronel Teófilo Marques Ferreira, a fábrica contava com 1.744 fusos e 72 teares, consumia 100 mil quilos anuais de algodão, tinha força motriz de 150 cavalos de energia hidráulica, empregava 120 operários e produzia 1 milhão de metros anuais de tecidos brancos, lisos, entrançados. Na década de 1950, João Paculdino Ferreira, que morreu em 1963 e era filho de antigos operários da tecelagem, adquire a Companhia Fiação e Tecidos Santa Bárbara e começa a modernizá-la, construindo uma usina para geração de energia elétrica e substituindo o antigo maquinário inglês movido a energia hidráulica. A usina foi inaugurada em 13 de janeiro de 1953.
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Bela iniciativa do tombamento. Vou acompanhar a restauração. Quando estiver pronta e aberta ao público, pretendo visitá-la.
A visitação é permitida. Hospede-se no hotel Aguas de Santa Bárbara. É tudo espetacular!
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