O fabricante de vestuário brasileiro vem deixando, com o tempo, de fazer caricatura e se importando mais em misturar o que é tendência global com as características do País. O senso de cópia, no entanto, ainda tem bloqueado em parte o avanço do valor agregado na indústria nacional.
A avaliação é da professora Débora Catelani. Ela é designer de vestuário no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP) e uma das autoras do box de inspirações e direções criativas de moda do Senai Mix Design Outono-Inverno 2015. A professora e designer Alessandra Lanzelotti também colaborou para o encarte de tendências em vestuário, calçados e acessórios.
“A gente tem que ser único e universal, ou seja, tem que estar sempre de olho lá fora, mas também agregar o nosso valor”, afirma Débora. “Precisamos sair do caricato, estamos aprendendo cada vez mais a mesclar essas coisas”, diz.
A edição do Mix Design para o outono e inverno 2015 explora o significado do escapismo, ou seja, rotas de fuga desse tempo. Neste box, o industriário do setor encontra três direções criativas para fabricar roupas e acessórios dentro desse conceito: Escape Essencial, no que diz respeito aos valores essenciais da vida e a reaproximação do homem com a natureza, e Escape Experimental, que se refere a experimentar coisas novas, e o Escape Surreal, representando um mundo de fantasia.
“A gente mostra a visão global e como isso pode ser aplicado no Brasil e melhorado”, conta.
Valor agregado e público
Para Débora, a indústria brasileira ainda enfrenta dificuldade em criar suas próprias peças, “ainda tem muito a questão da cópia infelizmente”. Ela avalia ainda que, para empregar o desejado valor agregado em peças de vestuário de maneira assertiva em termos de comercialização, é necessário, acima de tudo, detectar o público-alvo.
“Ele [o empresário] tem de ter um raio x exato de quem é seu público para atender de forma de correta”, afirma a designer.
Segundo ela, o box Senai Mix Design traz, ao final de cada uma das três direções criativas, uma estratégia para o empresário de como empreendê-las.
“No Escape Surreal, por exemplo, a gente orienta para que o produtor crie um vínculo com o seu consumidor, crie uma história, que seja a da marca, que o consumidor se identifique”, explica. “No caso do Escape Essencial, a gente fala da questão de mostrar os prazeres de um consumo consciente, valorizando o essencial com qualidade”.
Fuga em tecidos, cortes e acessórios
Débora destaca alguns tecidos que podem inspirar os fabricantes de vestuário. Uma aposta da designer é o veludo cotelê. “Dependendo da cor, pode estar em qualquer direção.”
O box também traz um material específico explicando as variadas nomenclaturas da estampa xadrez.
Os denins com aspectos resinados podem ser aplicado na direção Essencial. “As pessoas que se preocupam com isso preferem uma estética bem minimalista, sem excessos”, diz. “Há também a mistura em termos de cores, de tons terrosos com cinzas urbanos, uma integração do campo como urbano”, explica.
Experimentação
Já a direção Escape Experimental oferece inspirações voltadas para o conceito de experimentar coisas novas, tendo a tecnologia como uma aliada.
“A gente mostra como a tecnologia tem empoderado as pessoas, elas compartilham o que sabem com as outras, uma simples hashtag pode parar o mundo, ou seja, elas têm poder nas mãos”, esclarece.
Para esta direção, a designer ajudou a preparar uma cartela de cores bem variada, a diversificação também se apresenta nas modelagens.
“Há uma mistura muito grande de referências do vestuário, a nossa cartela para essa direção é totalmente colorida, contrastante, com modelagens experimentais, mistura de materiais, visual mais divertido”,
Débora também conta que aproveitou a atual popularidade dos vilões das fábulas para criar as direções criativas do Escape Surreal.
“É a fuga da realidade para a imaginação, para o conto de fadas. E a questão dos vilões, o lado sombrio, já não mais considerada algo tão ruim assim porque essas pessoas estão entendendo que o ser humano tem os seus defeitos, o seu lado mais sombrio”, explica a designer.
Para as roupas, ela acredita que visuais mais carregados e detalhados expressam bem esse conceito. A cartela de cores para essa direção possui tons mais escuros, tendo o preto como líder, seguido pelo tom de vinho, verde pesto e azul marinho.
“Elementos góticos como fachadas de igreja podem ser transportados ricamente para o universo do vestuário. Assim como o mundo dos espetáculos, do circo, do ilusionismo”, revela.
Senai Mix Design
Além do livro de inspirações para o setor vestuário, o box Senai Mix Design Outono-Inverno 2015 conta com mais cadernos voltados para as indústrias de Calçados, Artefatos de Couro e de Joias Folheadas e Bijuterias.
A publicação também apresenta encartes com amostras de materiais que incluem tecidos, couros, laminados sintéticos, acrílicos, borrachas e metais banhados, bem como cartela de cores destacável com referência de códigos Pantone®.
Em São Paulo, a instituição oferece palestras e oficinas voltadas para os setores destacados pelos cadernos. Em Americana, Santo André, São José do Rio Preto, Franca e Cerquilho, a programação será voltada para indústria de vestuário. As cidades de Franca, Jaú e Birigui devem receber palestras e oficinas voltadas para o setor de calçados. Limeira fecha o circuito de eventos com foco em joias folheadas e bijuterias.
Débora Catelani é professora do Senai-SP e responsável pelas direções de criação para o setor de vestuário do caderno
Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp
http://www.fiesp.com.br/noticias/brasil-esta-saindo-do-caricato-e-a...
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É bem isso mesno, o empresário brasileiro ainda precisa entender bem esse mecanismo e aprender a diferenciar criatividade, inovação, ineditismo e "pesquisa baseada no Varejo Internacional", útil contudo perigosa para os rumos da empresa. Quer saber mais a respeito? acesse: http://youtu.be/I72pZAc8Tds Edson Jaccoud - www.Threesale.com
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