Na capa de uma recente edição da revista "Le Parisien", o ministro da Indústria da França, Arnaud Montebourg, aparece diante da bandeira francesa usando um relógio Michel Herbelin, uma camisa estilo marinheiro e segurando um liquidificador Moulinex - todos produtos feitos na França. Na tentativa de preservar e criar empregos no país, que sofre com uma taxa de desemprego de 10%, Montebourg recomenda aos consumidores franceses que abram mão dos produtos importados, com sua maior variedade de escolhas, se isso servir para seus compatriotas continuarem empregados. "Minha prioridade é o 'Made in France'", disse ele em outubro. "Há uma escolha que é mais importante do que as outras, que é a preservação da base industrial da França."
A iniciativa é parte do esforço do presidente François Hollande para impedir a continuidade da perda de empregos na segunda maior economia da Europa, cujo crescimento vem caindo e a demanda, encolhendo. As declarações de Montebourg fazem parte de uma longa tradição em que os franceses são tratados em primeiro lugar como cidadãos e depois como consumidores.
A reação entre os franceses ao esforço "Made in France" tem sido desigual. Os executivos da Armor-Lux, fabricante da camisa de lã usada por Montebourg na capa da "Le Parisien", estão contentíssimos. O diretor de exportações, Marco Petrucci, diz que a empresa vendeu 400 camisas iguais à usada pelo ministro a mais no fim de semana após a revista chegar às bancas, do que normalmente vende nesta época do ano - a € 49 (US$ 67) cada uma. A campanha "é muito, muito boa, uma vez que o setor têxtil vem sofrendo bastante", diz ele.
Pascal Denis, um condutor do metrô de Paris que comprava baguetes num supermercado da rede Monoprix no Boulevard des Italiens, em Paris, disse que tenta comprar produtos de fabricação francesa sempre que possível: "É uma questão de patriotismo".
Mesmo assim, seu amigo Sébastien Lorin, também um condutor do Metrô, disse: "É difícil justificar a compra de um par de meias feito na França por € 6, quando você pode pagar € 1,50 por um par feito na Indonésia". No mesmo supermercado, a bancária Samia Khaldi comprava uma Coca-Cola e um Nestea. Sobre suas compras, ela falou: "Não presto atenção ao local de origem dos produtos, eu só procuro as marcas de que gosto".
Alguns ativistas que defendem os direitos do consumidor ficam arrepiados à menção da campanha. "Temos hoje um governo que quer resultados imediatos sobre o emprego, por isso ele sacrifica rapidamente os direitos dos consumidores", diz Edouard Barreiro, um representante do grupo UFC-Que Choisir de Paris.
A posição do governo é falha, diz Hervé Boulhol, chefe da representação francesa no Departamento de Economia da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE): "Se todos os países fizessem o mesmo, acabaríamos com todos pagando preços maiores, com menos escolhas e sem criar mais empregos" no longo prazo. "Se um consumidor francês quiser comprar produtos franceses, tudo bem. Mas não se pode transformar isso em uma política comercial distorcida."
Os bens manufaturados na França estão em média de 15% a 25% mais caros que os produtos fabricantes em países como a China, segundo afirma Vincent Gruau, presidente da Cedre, uma associação que defende os interesses de empresários locais. Às vezes a diferença é ainda maior. A "Le Parisien" observou que 1 kg de macarrão francês custa em média € 1,55, mais que o dobro do preço de macarrões importados, que saem por € 0,71.
Mesmo assim, o ministro da Indústria disse à "Le Parisien" que entrará em contato com os supermercados para a criação de seções dedicadas aos produtos "Made in France". Ele rebateu o argumento de que é bom ter custos baixos. "A obsessão com os custos baixos significa terceirização e demissões", disse, citando o exemplo das companhias aéreas de descontos que vêm proliferando na Europa: "Os descontos nas tarifas aéreas acabaram levando 5.000 funcionários da Air France a perder seus empregos".
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Porque não fazemos uma campanha assim aqui no Brasil ? Em vez de ficarmos reclamando e implorando benesses (para não dizer esmolas) dos governantes , poderíamos fazer uma campanha valorizando o nossos produtos.
Que tal começarmos obrigando via Inmetro a colocação em todas as etiquetas de produtos feitos no Brasil o termo [MADE IN BRAZIL], o que poderá ser em seguida imitado pelos demais setores industriais.
Caros Luiz Gustavo e Eduardo,
Em função da cultura existente no Brasil de que tudo o que é "IMPORTADO" é melhor, dificilmente uma campanha dessas surtiria efeito no Brasil. Nos países europeus e norte-americanos os produtos com a conotação "IMPORTADO" são, em grande maioria, tratados como de classe inferior, diferentemente do que ocorre por aqui. Basta ver que roupas (camisetas, tops, e etc.) de marcas vendidas no "varejão" lá fora, chegam aqui por preços absurdos e tem "glamour" de grife de luxo, sendo vendidas por R$ 150, R$ 200, ou mais. É incompreensível, mas é fato.
A maioria dos produtos contam com indicação de onde é produzido, inclusive as fabricadas no Brasil (roupa é exigência legal). Pouquíssimos dão valor a isso.
Vejo hoje a cadeia têxtil /confecções ferida de morte e agonizante, contando os dias para o sepultamento final, sem horizonte e sem luz no fim do túnel. Infelizmente.
Caro Sr. Edson
O Sr. esta correto quando diz que temos um problema cultural, porém temos vários exemplos de atitudes e decisões que foram tomadas que modificaram pensamentos e culturas.
Algumas destas decisões afetaram grandes empresas multinacionais, cartéis, países e fomos taxados de loucos , mas estão aí e servem de modelos para outros países, portanto se não fazemos nada continuamos pensando que, o que é "IMPORTADO" é melhor continuaremos anunciado a nossa morte sem morrer apenas lamentando a nossa agonia
Caro Luiz Gustavo,
Aceitei sua "provocação" e acabo de publicar em meu facebook (http://www.facebook.com/photo.php?fbid=490421227659308&set=a.46...) uma imagem (anexa) que acabei de fazer, acompanhada do seguinte texto:
Muitos países enfrentam a pior crise econômica da história, que tem como uma de suas origens, a incapacidade de gerar empregos, acarretando desesperança e infelicidade, principalmente entre os mais jovens.
A desindustrialização é um dos fatores que afetam duramente esses países, e infelizmente isso tem acontecido e se intensificado nos últimos tempos em nosso país. Alguns países têm estimulado o consumo de produtos próprios por seus cidadãos como forma de aquecer e recuperar suas economias. Também podemos fazer isso, olhando com um carinho especial quando necessitarmos adquirir produtos, dando preferência aos que são feitos no Brasil. Que tal valorizar o produto nacional?
Convido você e todos os membros desse espaço a compartilhá-la.
É meu propósito não fugir da batalha e procurar fazer minha parte em defesa da indústria nacional, e principalmente, de nossa cadeia têxtil e de confecções.
As redes sociais são importantes e podem contribuir bastante para isso. Se envolva e envolva seus amigos.
Conto com todos.
Ótimo final de semana!
Eu compro [MADE IN BRAZIL] e você?
Caro Eduardo,
Não sei se sua pergunta foi dirigida a mim, caso tenha sido, digo-lhe: Sim, faço todo esforço para dar preferência ao produto nacional.
Mais do que isso, tenho batalhado bastante em prol da cadeia têxtil e de confecções. Estive no lançamento do Importômetro na ABIT e no evento realizado na Alesp em defesa da indústria nacional com mais de 90.000 participantes. Acabei de publicar algo em defesa de produtos nacionais (veja acima) no meu facebook. É uma singela contribuição. Fique a vontade para compartilhá-la.
Abs.
Caro Edson,
Fiz a afirmativa acima, como uma proposta de slogan, onde iniciativas como por exemplo, a sua possam ser potencializadas.
Att,
CARO Edson
MUITO BOA PROPOSTA !!!!!!!
Você esta de parabéns
Bem-vindo a
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