As medidas adotadas pelo governo para conter a invasão de produtos importados da China e melhorar a competitividade de alguns segmentos da indústria está conseguindo algo raro: arrancar comentários favoráveis de entidades ligadas ao setor têxtil, um dos mais ativos no lobby por reformas trabalhistas, redução de impostos e imposição de barreiras a importados, em especial de produtos chineses. De acordo com Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sinditêxtil), graças aos movimentos recentes e outros em fase de implantação, é possível que neste ano as importações permaneçam no patamar de 2011, depois de crescerem 38%, no caso de têxteis, e 70% em confecções, no ano passado.
Entre as medidas que mais agradaram o setor estão o convênio do Inmetro com a Receita Federal, assinado em abril. Segundo Bonduki, com o trabalho conjunto, ficou mais difícil que produtos sem especificação técnicas exigidas dos fabricantes brasileiros entrarem no país. A própria operação Maré Vermelha, que ampliou o número de cargas verificadas em detalhes nos portos e irritou muitos importadores e empresas que dependem de insumos vindos de fora, é vista com bons olhos.
Outra ação elogiada foi a desoneração da folha de pagamento, prevista no Plano Brasil Maior, lançado em abril. A partir de agosto, as empresas têxteis deixarão de recolher 20% de INSS sobre a folha de pagamento e passarão e contribuir com 1% do faturamento para a seguridade social.
Há ainda o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra). Ainda que o governo já tenha dito que ele não permanecerá em vigor em 2013, no curto prazo empresas participantes começam a receber 3% de suas exportações em créditos.
Salvaguardas
A expectativa agora é de que o governo federal adote uma série de medidas de salvaguarda à importação de produtos têxteis e de confecção chineses. Nos últimos seis meses, diz Bonduki, as entidades do setor levantaram informações que permitiram a identificação de 27 programas de subsídios que seriam fornecidos pelo governo chinês. Até o final de julho, a entidade quer protocolar o pleito para que medidas efetivas possam ser tomadas em agosto ou setembro, em tempo de evitar uma enxurrada de produtos asiáticos nas festas de final de ano.
As opções aguardadas são a imposição imediata de sobretaxas de até 50% aos produtos vindos da China – 70% das importações brasileiras de têxteis, que no ano passado totalizaram US$ 6,17 bilhões, vêm do país asiático, segundo o Sinditêxtil –, que poderiam cair a 30%, no prazo de três anos, ou a imposição de cotas por país e importador, diz Bonduki.
Insatisfação
O discurso de aprovação das medidas, porém, não é unânime. “O setor têxtil está se desindustrializando desde o governo Collor. O que complicou a situação recentemente foi o dólar”, diz Valquirio Ferreira Cabral Junior, diretor-comercial da Lupo, uma das maiores fabricantes de meias, lingeries e cuecas do país. “Mas essas são ações paliativas, que não resolvem o problema de fundo. Precisamos é de uma reforma tributária”.
Apesar das reclamações recorrentes do setor, o volume de importações permanece relativamente pequeno no conjunto da cadeia têxtil. Dos US$ 67,3 bilhões vendidos pelas cerca de 30 mil empresas formais que integram a indústria no país, as importações somaram US$ 6,17 bilhões, menos de 10% do total - números da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). No ano anterior, 2010, o percentual foi ainda menor. As importações corresponderam a somente 8,2% dos US$ 60,5 bilhões movimentados.
De olho na ascensão da classe C, empresas como a Invista, hoje dona da marca Lycra - originalmente criada pela Du Pont - e a Rhodia estão investindo em ampliação da capacidade de produção de fios sintéticos no país - o projeto da Invista é de US$ 100 milhões e o da Rhodia de US$ 10 milhões.
A Universo Intimo, fabricante de moda íntima feminina que tem como garota propaganda atualmente a modelo Isabelli Fontana, também vê perspectivas favoráveis de crescimento. Mesmo com o primeiro semestre fraco até aqui (a empresa diz que aumentado as vendas em 5%), o presidente Gilberto Romanato fala em alcançar os mesmos 20% registrados no ano passado, quando a empresa inaugurou uma nova confecção em Mauá, no estado de São Paulo. "O dinheiro que os bancos federais estão liberando deve impulsionar o crédito e facilitar a renegociação de dívidas dos consumidores", avalia.
"É esse novo mercado brasileiro que sustenta nossa aposta", diz Luiza Barros, gerente de comunicação da marca Lycra. Nesse cenário, com o dólar em alta a facilitar as exportações e dificultar as importações, de fato, há menos do que reclamar.
Fonte:|http://economia.ig.com.br/empresas/industria/2012-06-05/industria-t...
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Todas as industrias teem o mesmo anelo. Tal pensamento e Poliana. Diminuir, sim. Eh possivel. Estancar, nao. Seria falencia do Brasil em caso de reciprocidade de acao. Sejamos realistas! SdM
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