Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Um hotel de luxo, dois ministros, um banqueiro oficial e 20 empresários. No cardápio do encontro, os desafios para 2012. Conheça os detalhes.

Por Luís Artur NOGUEIRA

Um brinde a 2012!” Com taças enfileiradas no centro da mesa e uma mensagem otimista para o novo ano, foi aberto, na noite da segunda-feira 12, o jantar de presidentes de grandes empresas, responsáveis por boa parte do PIB industrial, e três representantes do primeiro escalão do governo da presidenta Dilma Rousseff. O local escolhido foi o restaurante do luxuoso Hotel Emiliano, na região dos Jardins, bairro nobre de São Paulo. O hotel é famoso por ser o endereço oficial da top model Gisele Bündchen e do empresário italiano Flavio Briatore, ex-chefe da equipe Renault de F-1, quando estão de passagem pela capital paulista. Por volta das 19 horas, os convidados começaram a chegar à movimentada  rua Oscar Freire. Na frente do hotel, o isolamento de parte da calçada e a presença de vários seguranças indicavam que ali havia um encontro importante. Oficialmente, conforme consta da agenda do ministro do Desenvolvimento,  Fernando Pimentel, o jantar foi promovido pela Coteminas, cujo presidente, Josué Gomes da Silva, exerceu o papel de anfitrião e líder das conversas. 

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Na lista dos presentes, 20 executivos, a maioria ligada ao Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Entre eles, Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Raízen; Daniel Feffer, vice-presidente da Suzano Papel e Celulose; Frederico Curado, presidente da Embraer; e o empresário Carlos Eduardo Sanchez, controlador do grupo EMS, maior fabricante de medicamentos genéricos do País. Do lado do governo, estavam, além de Pimentel, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Os empresários falaram durante a maior parte do encontro, que durou quase três horas. Pimentel e Mercadante fizeram duas intervenções e Coutinho, apenas uma, porém a mais extensa de todas. Cada executivo descreveu a situação do seu setor, expôs as dificuldades e apresentou reivindicações, conforme apurou a DINHEIRO. 
 
“Os empresários não estavam nem animados nem desanimados”, diz um dos convidados, que preferiu o anonimato. “Eu diria, preocupados.” As conversas foram intercaladas pelos pratos do menu preparado pelo chef José Barattino, do Emiliano. Na entrada, salada de folhas e queijo de cabra. O prato principal tinha duas opções: uma massa com molho de camarão ou um filé de cordeiro com purê de mandioquinha. De sobremesa, frutas. “Por causa da idade, todo mundo lá já está na fase da frutinha”, afirmou um dos participantes. A sobremesa leve também ajudava a digerir o tema principal do encontro: os efeitos da crise internacional no Brasil. Havia o temor, entre os empresários convidados, de que o cenário de escassez de crédito externo, observado em 2008, se repita agora. Os ministros tentaram passar uma mensagem de tranquilidade ao garantir que os bancos estatais estão a postos para turbinar os financiamentos, caso as instituições privadas, mais uma vez,  pisem no freio. 
 
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O arsenal anticrise do governo, amplamente ressaltado no encontro, inclui R$ 477 bilhões em depósitos compulsórios, US$ 350 bilhões em reservas internacionais, aceleração do PAC, obras de infraestrutura para a Copa do Mundo, instrumentos de defesa comercial contra os importados e a possibilidade de reduzir o IPI para outros setores – o governo já desonerou a linha branca. Os empresários aproveitaram o encontro para fazer reivindicações. A necessidade de incentivar mais a inovação e os ganhos de produtividade foram colocados à mesa. “Precisamos reindustrializar o Brasil”, disse um deles. A guerra fiscal dos portos foi outro tema debatido. Segundo o relato do setor privado, atualmente dez Estados oferecem ICMS menor para as empresas que optam por entrar com os produtos importados em seus portos. 
 
“Isso penaliza a produção nacional”, desabafou um dos executivos. Nesse item, os três representantes do governo federal devolveram a bola para os empresários, dizendo que eles precisam pressionar o Congresso a aprovar uma reforma tributária que elimine essa possibilidade. Houve também, segundo o relato de um dos presentes, o “chororô de sempre dos industriais”, representado pela incansável trinca juros altos, câmbio valorizado e elevada carga tributária. Apesar das queixas, os empresários ficaram satisfeitos com a posição oficial. Os ministros repassaram aos presentes o recado da presidenta Dilma Rousseff para que continuem investindo no País, pois a demanda será cada vez mais estimulada pelo governo. Luciano Coutinho, do BNDES, também garantiu que a presidenta está focada na melhoria da logística e Mercadante aproveitou para chamar a atenção para o programa de bolsas de estudo no Exterior, o Ciência sem Fronteiras, que seria lançado no dia seguinte. 
 
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Na saída do evento, Mercadante disse à DINHEIRO que o balanço do encontro foi positivo e que o governo não vai deixar a crise internacional derrubar a economia brasileira. “Já houve uma inflexão muito importante da política econômica”, afirmou o ministro. “Nós precisamos preservar o nosso principal patrimônio, o mercado interno.” O discurso dos emissários da presidenta Dilma agradou aos empresários. “Percebemos que existe uma proximidade entre as intenções da equipe de governo e as demandas do setor industrial”, disse, sorridente, um executivo que normalmente não é afeito a muitos elogios ao governo. Afinal de contas, o desenvolvimento não pode parar. Tim-tim!
 
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Entrevista:

“Os estados vendem a alma para o inimigo”
 
Um dos temas do jantar no restaurante Emiliano foi a guerra fiscal declarada por dez Estados. O diretor do Departamento de Relações Internacionais da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, considera um absurdo a iniciativa dos governos estaduais que reduzem a alíquota do ICMS para atrair produtos importados. São eles: Santa Catarina, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Pernambuco, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Maranhão e Alagoas.
 
Por que os Estados dão incentivos aos importadores?
Os Estados querem arrecadar uma parcela do ICMS, mesmo que isso seja contra a economia nacional. Esses governos agem de forma egoísta, lesa-pátria. Eles vendem a alma para o inimigo ao deixar o produto importado entrar com vantagem sobre a produção brasileira.
 
Como assim?
Eles asfixiam a indústria nacional. Nenhum país oferece incentivos à importação nesse nível, muito menos se houver produto similar nacional. Tributamos a produção com alíquota maior que a dos importados. Isso é um absurdo, uma excrescência tributária.
 
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Como isso funciona?
Em vez de cobrar 12% de ICMS, o Estado cobra apenas 3% do importador, que vai despachar o produto para São Paulo, por exemplo, com uma alíquota interestadual de 12%. Conclusão: o importador ganha 9% “na faixa” e o Estado, que pratica a guerra fiscal, apenas 3%.
 
Qual é o caso mais grave?
No porto de Itajaí (SC), o volume de importações cresceu cinco vezes mais que em outros portos nos últimos oito anos. É um escândalo!

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Respostas a este tópico

So faltou la o Luis Barbosa.

O Eike nao foi convidado? Extranho. SdM

Eu não fui convidado , nem tampouco iria a essa farra, se o fosse! Esses caras comem no mesmo prato, como já dizia minha vó! Êles mesmos fomentam e se aproveitam das benesses de isenções de Icms que os estados dão para os importados, conforme entrevista do Roberto Giannetti da Fonseca acima. É realmente um escândalo e uma vergonha nacional,mas em Pernambuco, chegou para o Sindicato Têxtil patronal, uma relação enorme de empresas de Santa Catarina (Hering, Teka, Karsten,etc inclusivem) pleiteando ao AD - Diper (Agencia de Desenvolvimento do Estado de Pe), a isenção do Icms de manufaturados têxteis, (cuja enorme relação tinha até sacos de chão) com o objetivo de instalarem no estado, várias DISTRIBUIDORAS desses produtos. O pessoal do Sul são unidos (vejam a obs. sobre o porto de Itajaí acima), onde passa um boi, passa uma boiada! O EIKE NÃO FOI CONVIDADO PORQUE O NEGÓCIO DÊLE É MUITO MAIOR DO QUE OS DESSES CARAS!

Luiz Barbosa da Fonseca.

Mas Luiz Barbosa, voce teria algo de tangivel para esclarecer aos "nobres" Capitaos de Industria! A sua participacao poderia elucidar algumas duvidas desses distintos  senhores! Eu acho que o Eri iria, nao nao tive coragem de perguntar ao "Nobre" amigo, o Grade Eri. SdM

Eu gosto e incentivo estes jantares, pois sempre fica uma boa mensagem para os comensais. Parabéns ao Josué.

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