história da indústria têxtil do Maranhão, data do século XVI e consta que na segunda metade daquela era, o Rei D. José I, através do seu primeiro Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo – Marquês de Pombal, com o propósito de garantir o fornecimento de matéria prima para a nascente indústria manufatureira da Metrópole, criou várias companhias de comércio em regiões de suas colônias.
Consta ainda, no Guia de Arquitetura e Paisagem de São Luís (2008), que na segunda metade do Século XIX, a atividade comercial foi estimulada pelos institutos de créditos, criados pelo Governo Geral, em 1874. Então, aconteceu o apogeu da economia agro-exportadora de algodão. Assim, entre 1872 e 1900, instalaram-se em São Luís, vinte e quatro fábricas, , principalmente têxteis, assim como de fósforos, cerâmicas, chumbo, sabões, prego, calçados, beneficiamento de arroz, etc, financiadas com o capital das vendas de fazendas desvalorizadas com a abolição da escravatura. Com o crescimento das exportações a valorização do algodão, dos tecidos e do babaçu, durante a Primeira Guerra Mundial, foi propiciada certa prosperidade econômica.
Foi aí que a cidade de São Luís teve tempos áureos com as indústrias de tecidos em funcionamento em seus bairros, ofertando empregos a centenas de trabalhadores, especialmente mulheres. As fábricas de tecidos movimentavam a economia da ilha e nos bairros do seu entorno, não havia pessoas desempregadas ou sem rendas.
O comércio tinha, nos operários fabris, a sua mola propulsora, que com a renda do seu emprego favoreciam os estabelecimentos, notadamente os que ofertavam gêneros alimentícios vindos do setor primário da Baixada maranhense e os manufaturados, oriundos dos grandes centros do Nordeste e do Sudeste brasileiro. Assim, a indústria têxtil impulsionava a economia do Maranhão.
No último quarteirão da Rua São Pantaleão, estavam localizadas duas fábricas, a Cânhamo e a São Luís. A primeira industrializava, com 105 teares, sacos, e tinha como matéria prima a juta e seu produto, o saco de estopa, era muito utilizado como embalagem para produção agrícola do Maranhão. Também eram exportados para outros centros e até para o exterior. Foi criada em 1891, pertencente ao Grupo Neves Sousa, com uma produção de 1.500.000/ano e tinha 250 operários. Faliu em 1969. Hoje no seu prédio, funciona o Centro de Produção Artesanal do Maranhão (Ceprama).
A Companhia de Fiação e Tecelagem de São Luís, foi criada em 1894 e ficava localizada ao lado da Companhia de Fiação e Tecelagem de Cânhamo. A Fábrica São Luís empregava 55 operários que trabalhavam em 55 teares para a produção de 350.000 metros/ano de tecidos de algodão. Faliu em 1960.
A Fábrica Santa Amélia era localizada na Rua das Crioulas (Cândido Ribeiro). Era uma das fábricas de tecidos que formavam o parque industrial da cidade na segunda metade do Século XIX. Pertencia ao Grupo Cotonifício de Cândido Ribeiro, denominada de Companhia Lanifícios Maranhenses, e depois de Fábrica Santa Amélia, no início da sua produção. Possuía 50 operários, 22 teares e outros equipamentos que serviam para a tecer os produtos de lã, seda e algodão.
O objetivo, à época, era a produção de 440 mil metros/ano de tecidos, para exportação principalmente para a Inglaterra. Faliu em 1969. O conjunto arquitetônico do seu parque fabril foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e ali instalado organismos da Universidade Federal do Maranhão, ligados à formação de turismólogos.
A Fábrica de Fiação e Tecidos Maranhense, ficou conhecida como Fábrica Camboa, por estar localizada no bairro do mesmo nome. Foi fundada em 1888 e se tornou a primeira grande fábrica têxtil da capital e a segunda do Maranhão. Após a sua primeira falência, foi comprada pelo industrial Cândido Ribeiro, passando a fábrica a ser administrada pela empresa Ribeiro, Enes & Companhia. Era a mais antiga do Maranhão. Operava com 300 teares e tinha a produção a mais de 1.800.000 metros anuais de tecido conhecido como riscado de algodão. Faliu em 1970. A área onde esta fábrica funcionava deu lugar às instalações da Rádio e TV Difusora.
A Companhia Progresso Maranhense, foi criada em 1892 e ficava localizada na Rua Antônio Rayol, antiga Rua de São João, assim denominada pelo fato de ter a cadeia pública instalada em um prédio situado em frente à igreja de São João, ao lado do prédio que foi chamado Palácio das Lágrimas, que no século XX deu lugar à Escola Modelo Benedito Leite e atualmente, tombado pelo IPHAN, a Faculdade de Farmácia e Odontologia da UFMA, aguardando ser reformado.
A Companhia Progresso Maranhense funcionou no prédio que abrigou o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do estado – SIOGE. Teve vida efêmera. Operava com 150 teares, com 160 operários para uma produção anual de 70.000 metros de tecidos.
Na cidade de Codó, foi criada em 1893 a fábrica de tecidos da Companhia Manufatureira e Agrícola do Maranhão. Produzia 750.000 metros de tecidos por ano, operando com 250 operários nas suas seções de fiação e tecelagem. Em Caxias, a fábrica Companhia União Caxiense, de 1889, com 220 teares e 350 empregados, produzindo tecidos crus. Deste empreendimento participou também o empresário Francisco Dias Carneiro, juntamente com os empresários Antonio Joaquim Ferreira Guimarães e Manuel Correia Baima do Lago.
Também em Caxias, funcionou a Companhia Industrial Caxiense (Caxias Industrial), criada em 1889, pertencente ao Dr. Francisco Dias Carneiro. Ficava na Praça Pedro II, no prédio que hoje abriga o Centro de Produção Cultural de Caxias. Funcionava com 130 teares e 250 operários para produzir 120 toneladas/ano de tecidos crus e tintos. Faliu em 1950. Ainda em Caxias funcionou a Fábrica Sanharó, construída em 1891, no bairro Trizidela, com 26 teares e 60 operários e tinha produção de 300 mil metros/ano, de tecidos (panos de algodão).
Consta que a primeira fábrica do Maranhão foi a Companhia de Fiação e Tecidos Maranhenses, em Caxias, pertencente ao industrial João Antônio Coqueiro. Em 1883 foi criada a Indústria Caxiense; e em 1892, a Companhia Manufatora de Caxias.
A Companhia Fabril Maranhense foi criada em 1893, localizada na Rua Senador João Pedro, onde hoje existe a Unidade Escolar João Francisco Lisboa, o templo Central da Igreja Universal do Reino de Deus, o prédio do Ministério da Economia ( Receita Federal), prédio onde funcionou o depósito central do grupo Lusitana e Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Maranhão- Fetiema. Funcionava com 450 teares e 600 operários produzindo 3 milhões de metros dos tecidos “riscado” e domésticos de algodão. Faliu em 1971.
A Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil, foi fundada em 1893, localizada no Bairro do Anil, no prédio onde funciona o Centro Integrado Rio Anil – Cintra, escola pertencente à Fundação Nice Lobão. Pertencia ao Grupo Jorge & Santos. Possuía 172 teares, 60 máquinas de fiação e 18 de branqueamento e tinha a produção de morins e madapolões, com 209 operários
Funcionaram também, em São Luís, a Companhia Industrial Maranhense, criada em 1894, situada na Rua dos Prazeres, com 22 teares e 50 operários, produzindo 120 toneladas/ano de tecidos; a Fábrica de Tecidos e Malhas Ewerton, criada em 1892, localizada na Rua de Sant’Ana (Centro), produzindo 500 metros de tecidos e 400 duzias de meias/mês. A Cotoniere Brasil Ltda, criada na década de trinta. Era uma empresa de origem francesa, subsidiária de Lili e que tinha o objetivo de abastecer aquela indústria de algodão de alta qualidade. Foi desativada em 1945.
A professora Raimunda Nonata Moura, 85, aposentada e viúva, natural do Piauí, foi operária da Companhia de Fiação e Tecidos Cânhamo. Ela começou a trabalhar ali no dia 17 de fevereiro de 1959, então com 24 anos de idade, quando a Cânhamo era dirigida por Raimundo Silva, proprietário de movelaria e dirigente esportivo, muito conhecido e estimado na cidade. Ela disse que recebeu o emprego como uma graça por uma promessa feita a São José de Ribamar, e permaneceu no seu posto de trabalho até setembro de 1968, quando a fábrica parou suas atividades de produção de sacos de estopa, tendo como matéria prima a juta.
Conta Dona Raimunda Moura que na época, as operárias das fábricas recebiam o apelido de “Pipiras”, mas não sabe o motivo que levavam os populares as assim denominarem. Com certa alegria, ela cita que a renumeração era quinzenal e que as operárias tinham que atingir metas para receber o salário integral, assim como podiam fazer trabalho extra para melhorar os seus salários com remuneração adicional. Este trabalho extra era desenvolvido, geralmente, pelas operárias novatas, que ficavam neste regime durante os seis primeiros meses de sua admissão na fábrica.
Com o encerramento da atividade fabril da Cânhamo, Raimunda Moura voltou a estudar e graduou-se, passando a trabalhar no magistério, até aposentar-se. Lutadora, ela enfrentou uma depressão adquirida após a morte do marido, dedicando-se à música. Assim aprendeu a tocar violão e órgão e está se programando para aprender tocar acordeon. Este conhecimento musical ela divide com outras pessoas, ensinando jovens carentes, num trabalho social que desenvolve no Centro Espírita Jardim das Almas, no Anil, onde criou um coral, grupo que já fez várias apresentações em eventos do gênero, na cidade.
Por: O Imparcial
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Nooooossa é muita história e nós que nascemos e vivemos no século 19, estudamos e trabalhamos na indústria têxtil, somos saudosos do glorioso parque têxtil Brasileiro, porém, que foi sucateado por falta de políticas adequadas de incentivo a indústria de produção de tecidos e todas suas variantes.
Como pode uma nação desprezar seus empreendedores?
Lindas histórias, tristes recordações. O sucateamento da indústria têxtil brasileira começou no governo, ou desgoverno de Fernando Collor. De lá para cá, difícil passar um (1) ano sem que feche uma fábrica de tecidos. Lamentável.
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