Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Varejo de rua britânico agoniza um ano após colapso do setor

Pesquisas apontam aumento de contratos sem garantias ao trabalhador e de pedidos de ajuda de famílias desempregadas a instituições de caridade.

Um ano após a rede de lojas de departamento do Reino Unido British Home Stores (BHS) ter sido vendida para um grupo de investidores por um valor simbólico de apenas uma libra, comprometendo boa parte dos 11 mil empregos que gerava, mais de dois terços das 164 unidades da rede ainda estão vazias e os funcionários aposentados vivem em piores condições, mesmo após o ex-dono, Philip Green, ter concordado em gastar até 363 milhões de libras esterlinas para apoiar o plano de aposentadoria deles. Em 2015, a rede amargou perdas de mais de 70 milhões de libras. O prejuízo foi ainda maior em 2012, quando ficou no vermelho em 116 milhões de libras. As informações são do site do jornal britânico “The Guardian”.

Para muitos funcionários que trabalham nas lojas BHS há vários anos, o fracasso da cadeia marcou um ponto de virada em suas vidas, do qual eles ainda precisam se recuperar financeiramente. E, independentemente da passagem do tempo, o dedo da culpa ainda está sendo apontado para Green.

“Estou irritado com o que aconteceu”, diz um ex-funcionário, que ainda não encontrou um novo emprego. “Nunca deveria ter chegado a isso. Éramos um grupo de pessoas que trabalhavam bem juntas e trabalhávamos duro”, declarou ao “Guardian”. Ele acrescenta: “A única razão pela qual Green não podia transformar a BHS era porque ele nunca investiu nela”.

A maioria dos funcionários da BHS recebeu menos do que devia ao ser desligada da rede, embora alguns tivessem passado décadas no grupo. Em abril deste anos, pouco mais de 100 ex-trabalhadores BHS foram compensados com um certa quantia por isso. Na sequência do fracasso do ano passado, a fundação Fashion and Textile Children’s Trust (FTCT) – instituição de caridade de extrema pobreza, que já foi presidida pelo escritor Charles Dickens – foi inundada com pedidos de ajuda de ex funcionários da BHS. Recebeu pedidos de ao menos 274 famílias nos últimos seis meses de 2016. Suas pequenas subvenções, que começam em 250 libras, são destinadas para ajudar as famílias a arcar com os custos de itens essenciais, como uniformes escolares ou roupas de inverno.

A FTCT também tem ajudado famílias de funcionários de outra rede de lojas, a Jaeger, que está enfrentando uma perspectiva incerta depois que o negócio começou a afundar, no começo do mês. Na semana passada, 209 de seus 680 funcionários foram despedidos depois que administradores anunciaram planos para fechar 20 de suas 46 lojas.

“Estamos vendo um aumento nas aplicações”, diz Anna Pangbourne, diretora da FTCT. “É fato bem documentado que o setor de varejo enfrenta tempos desafiadores e esse aumento da demanda por ajuda é um reflexo disso”, complementa.

O fato de a taxa de desemprego da Grã-Bretanha ter caído para seu nível mais baixo desde 1975 desmente a experiência de milhares de funcionários da BHS, que têm lutado para encontrar um emprego equivalente com um contrato e horas regulares. A taxa de desemprego pode ser de apenas 4,7%, mas os registros oficiais mostram que o número de pessoas em contratos de “zero horas”, que não dão qualquer garantia ao trabalhador, chegou a um recorde de 905 mil nos últimos três meses de 2016. Isso foi um aumento de 101 mil pessoas trabalhando dessa forma ou 13% em comparação com o último trimestre de 2015.

UMA “GERAÇÃO PERDIDA” DE OPERÁRIOS

No ano passado, pesquisa da British Retail Consortium (BRC) identificou uma “geração perdida” de operários predominantemente femininos que – como milhares de funcionários da BHS – correm o risco de perder seus empregos com uma mudança estrutural ocorrendo no comércio de rua britânico, com cadeias estabelecidas tendo de adaptar seus negócios para um mundo em que 20% de suas vendas se dão pela internet. Na semana passada, tanto a Marks & Spencer como a Debenhams anunciaram encerramentos de lojas, já que suas respectivas novas equipes de gestão tentam arcar com o custo de grandes cadeias de lojas físicas.

A BRC estima que cerca de 500 mil trabalhadores no varejo, com idades entre os 26 e os 45 anos, muitos com filhos e que por isso precisam trabalhar perto de casa, estavam com dificuldades para encontrar empregos alternativos. De acordo com o instituto, 1,5 milhão de pessoas trabalham em empregos de varejo no Reino Unido com baixos salários.

Norman Pickavance, presidente do grupo de trabalho da Fabian Society sobre o futuro do varejo, diz que a maioria das empresas do setor está tentando economizar dinheiro, movendo-se para modelos de emprego menos seguros. “Há cada vez mais contratos tipo ‘zero horas’ e auto-emprego”, diz ele. “Um ano após o fim da BHS, a maioria dos varejistas continuam nesse caminho de flexibilidade, mas há um risco para eles com o Brexit (saída do país do mercado comum europeu)”.

Os donos de lojas do Reino Unido estão enfrentando decisões difíceis em um momento em que os padrões de negociação estão sendo alterados pela incerteza em torno da Brexit, com os números de vendas no varejo para o primeiro trimestre de 2017 mostrando a maior queda nas compras nos últimos sete anos. Um aperto no padrão de vida desencadeado pela debilidade da libra esterlina também está pressionando os preços.

Fechar lojas físicas é tendência ainda maior nos EUA, onde os analistas têm falando em “apocalipse do varejo”, com veteranos de rua, como Macy’s e Sears, anunciando grandes programas de fechamentos de lojas. Nos shoppings não é diferente.

Fonte: O Globo

http://onegociodovarejo.com.br/varejo-de-rua-britanico-agoniza-um-a...

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Para muitos funcionários que trabalham nas lojas BHS há vários anos, o fracasso da cadeia marcou um ponto de virada em suas vidas, do qual eles ainda precisam se recuperar financeiramente. E, independentemente da passagem do tempo, o dedo da culpa ainda está sendo apontado para Green.

“Estou irritado com o que aconteceu”, diz um ex-funcionário, que ainda não encontrou um novo emprego. “Nunca deveria ter chegado a isso. Éramos um grupo de pessoas que trabalhavam bem juntas e trabalhávamos duro”, declarou ao “Guardian”. Ele acrescenta: “A única razão pela qual Green não podia transformar a BHS era porque ele nunca investiu nela”.

A maioria dos funcionários da BHS recebeu menos do que devia ao ser desligada da rede, embora alguns tivessem passado décadas no grupo. Em abril deste anos, pouco mais de 100 ex-trabalhadores BHS foram compensados com um certa quantia por isso. Na sequência do fracasso do ano passado, a fundação Fashion and Textile Children’s Trust (FTCT) – instituição de caridade de extrema pobreza, que já foi presidida pelo escritor Charles Dickens – foi inundada com pedidos de ajuda de ex funcionários da BHS. Recebeu pedidos de ao menos 274 famílias nos últimos seis meses de 2016. Suas pequenas subvenções, que começam em 250 libras, são destinadas para ajudar as famílias a arcar com os custos de itens essenciais, como uniformes escolares ou roupas de inverno.

A FTCT também tem ajudado famílias de funcionários de outra rede de lojas, a Jaeger, que está enfrentando uma perspectiva incerta depois que o negócio começou a afundar, no começo do mês. Na semana passada, 209 de seus 680 funcionários foram despedidos depois que administradores anunciaram planos para fechar 20 de suas 46 lojas.

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Respostas a este tópico

Empregos à la antiga, já há tempos estão sendo precarizados.
A globalização e era digital, entraram matando e, também, criando novos nichos.
Nossa reforma trabalhista vai dar uma modernizada nas relações no trabalho mas, será ainda insuficiente.
Em 10 - 20 anos tudo estará obsoleto.
Se não nos prepararmos, será um desastre.
Que greves, passeatas e mimimis esquerdistas, em nada contribuirão.
Preparar as atuais e vindouras gerações, para essa realidade, é o melhor, e único, caminho.

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