Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A palavra custo possui significado muito abrangente: pode ser utilizada para representar o Custo das Mercadorias Vendidas em uma empresa comercial, o Custo dos Serviços Prestados em uma empresa de prestação de serviços, o custo de Fabricação de um produto, o Custo Direto de Fabricação etc. Assim, você precisa ter consciência de que poderá encontrar conceitos distintos de custo. Procure analisar cada um deles de acordo com o enfoque que estiver sendo dado a cada caso em particular. Isso facilitará o seu raciocínio.

            Como o objeto dos nossos estudos é a empresa industrial e mais precisamente a função de produção desse tipo de empresa, o conceito de custo que nos interessa é o seguinte:

Custo Industrial compreende a soma dos gastos com bens e serviços aplicados ou consumidos na produção de outros bens.

            Para entender melhor o conceito apresentado, você precisa conhecer o significado e a diferença das seguintes palavras: gastos, investimentos, custos, despesas e desembolsos.

GASTOS

            Toda a vez que a empresa industrial pretende obter bens, seja para uso, troca, transformação ou consumo, ou ainda utilizar algum tipo de serviço, ela efetua um gasto.

            Os gastos podem ser efetuados à vista ou a prazo. Quando, por exemplo, no momento da obtenção do bem ocorre o respectivo pagamento, dizemos que o gasto ocorreu à vista, pois houve desembolso de numerário. Se, por outro lado, no momento da compra não ocorreu pagamento, o qual será feito posteriormente, dizemos que o gasto ocorreu a prazo, pois não houve desembolso de numerário no momento da compra.

            Esse conceito é extremamente amplo e se aplica a todos os bens e serviços adquiridos; assim, temos Gastos com a compra de matérias-primas, Gastos com mão-de-obra, tanto na produção como na distribuição, Gastos com honorários da diretoria, Gastos na compra de um imobilizado etc. Só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento. O gasto normalmente implica em desembolso e podem ser classificados como investimentos, custos ou despesas, conforme a sua aplicação na empresa.

DESEMBOLSO

            Caracteriza-se pelo pagamento ou entrega de numerário decorrente da aquisição de um bem ou serviço. Pode ocorrer antes da entrega do bem (pagamento antecipado), no momento da entrega (pagamento à vista) ou posterior a entrega do bem ou serviço (pagamento a prazo).

INVESTIMENTO

            Os gastos que se destinam à obtenção de bens de uso da empresa (computadores, móveis, máquinas, ferramentas, veículos etc) ou as aplicações de caráter permanente (compra de ações de outras empresas, de imóveis, de ouro etc) são considerados investimentos. Consideram-se ainda investimentos os gastos com a obtenção de bens destinados a troca (mercadorias), transformação (matérias-primas, material secundário e material de embalagem) ou consumo (material de expediente e limpeza) enquanto esses bens ainda não foram trocados, transformados ou consumidos.

CUSTOS

            Quando os gastos são efetuados para a obtenção de bens e serviços que são aplicados na produção de outros bens, esses gastos correspondem a custos. Quando a matéria-prima, o material secundário e o material de embalagem deixam de ser estoques, passando para o processo de fabricação, os valores gastos na obtenção desses bens passam da fase de investimento para a fase de custos.

DESPESAS

            Quando os gastos são efetuados para obtenção de bens ou serviços aplicados na área administrativa, comercial ou financeira, visando direta ou indiretamente a obtenção de Receitas, esses gastos correspondem a despesas. Outra forma de se considerar as despesas pode ser definida como sendo o gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas.

            Em termos práticos, nem sempre é fácil distinguir custos e despesas. Pode-se, entretanto, propor uma regra simples do ponto de vista didático: todos os gastos realizados com o produto até que este esteja pronto, são Custos; a partir daí, são Despesas. Assim, por exemplo, gastos com embalagens são custos se realizados no âmbito do processo produtivo (o produto é vendido embalado); são despesas, se realizados após a produção (o produto pode ser vendido com ou sem embalagem).

CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS OU DOS SERVIÇOS PRESTADOS

            Todo produto vendido e todo serviço ou utilidade transferidos provocam despesa. Costumamos chamá-lo Custo do Produto Vendido e assim fazemo-lo aparecer na Demonstração de Resultados; o significado mais correto seria: Despesa que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fabricação do produto ora vendido. Cada componente que fora custo no processo de produção agora, na baixa, torna-se despesa. (No Resultado existem Receitas e Despesas – às vezes Ganhos e Perdas – mas não Custos). A mercadoria adquirida pela loja comercial provoca um gasto (genericamente), um investimento (especificamente), que se transforma numa despesa no momento do reconhecimento da receita trazida pela venda, sem passar pela fase de custo. Logo, o nome Custo das Mercadorias Vendidas não é, em termos técnicos, rigorosamente correto.

PERDAS

            Bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária. Não se confunde com a despesa (muito menos com o custo), exatamente por sua característica de anormalidade e involuntariedade; não é um sacrifício feito com a intenção de obtenção de receita. Exemplos comuns: perdas com incêndios, obsoletismo de estoques etc.

            São itens que vão diretamente à conta de Resultado, assim como as despesas, mas não representam sacrifícios normais ou derivados de forma voluntária das atividades destinadas à obtenção de receita. È muito comum o uso da expressão Perdas de Material na produção de inúmeros bens e serviços; entretanto, a quase totalidade dessas “perdas” é, na realidade, um custo, já que são valores sacrificados de maneira normal no processo de produção, fazendo parte de um sacrifício já conhecido até por antecipação para a obtenção do produto ou serviço e da receita desejada.

            O gasto com mão-de-obra durante um período de greve, por exemplo, é uma perda, não um custo de produção. O material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento provoca uma perda, e não um custo; aliás, não haveria mesmo lógica em apropriar-se como custo essas anormalidades e, portanto, acabar por ativar um valor dessa natureza.

            Cabe aqui ressaltar que inúmeras perdas de pequeníssimo valor são, na prática, comumente consideradas dentro dos custos ou das despesas, sem sua separação; e isso é permitido devido à irrelevância do valor envolvido. No caso de montantes apreciáveis, esse tratamento não é correto.

Notas importantes:

* A matéria-prima adquirida pela indústria, enquanto não utilizada no processo produtivo, representa um investimento e estará registrada numa conta de Ativo Circulante (Estoque); no momento em que é requisitada pelo setor de produção, é efetuada baixa na conta de Ativo e ela passa a ser considerada um custo, pois será utilizada para produzir outros bens ou serviços.

* A matéria-prima industrial que, no momento de sua compra, representava um investimento, passa a ser considerada como um Custo no momento de sua utilização na produção e torna-se Despesa quando o produto fabricado é vendido. Entretanto, a matéria-prima incorporada nos produtos acabados em estoque, pelo fato de estes serem ativados, volta a ser Investimento.

* Os encargos financeiros incorridos pela empresa, mesmo aqueles decorrentes da aquisição de insumos para a produção, são sempre considerados Despesas.

* Custo e Despesa não são sinônimos; têm sentido próprio, assim como Investimento, Gasto e Perda.

 

 

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