Em coletiva, o diretor da Serasa Experian expõe o aumento de golpes e destaca a necessidade de uma cultura de segurança digital.
No Brasil de 2025, o golpe chegou antes do pagamento. A cada 2,8 segundos, uma tentativa de fraude é bloqueada no país. Em um ano, foram mais de 11,5 milhões de ataques evitados. Mas nem todos escapam: 51% dos brasileiros já foram vítimas de fraude, e mais da metade deles sofreu perdas financeiras. Os dados, que emergem do Relatório de Identidade e Fraude da Serasa Experian, escancaram o tamanho do problema.
A digitalização do cotidiano facilitou transações, mas também abriu portas para criminosos. Se antes as fraudes dependiam de falsificações grosseiras, hoje elas são conduzidas por redes especializadas, amparadas em inteligência artificial e deepfakes. Na dark web, pacotes de fraude são vendidos como serviço: perfis falsos hiper-realistas, golpes de phishing sob medida e acessos indevidos impulsionados por engenharia social. A fraude deixou de ser um risco eventual e se tornou um setor estruturado da economia paralela.
A vulnerabilidade tem nome e idade: 57,8% dos brasileiros com mais de 50 anos relatam terem sido vítimas de golpes. Eles são o principal grupo visado, seguido por pessoas entre 30 e 49 anos (45,5%) e jovens de 18 a 29 anos (40,8%). No quesito método, os criminosos têm um favorito: o cartão de crédito. O uso indevido desses plásticos lidera o ranking de fraudes, com 47,9% dos casos, um salto de nove pontos percentuais em relação a 2023.
Outras modalidades também cresceram. O phishing – em que mensagens fraudulentas simulam comunicações reais para roubar dados – atingiu 21,6% dos entrevistados. Já os boletos falsos e transações via Pix fraudulentas somam 32,8% dos casos. Apesar do alarde em torno dos deepfakes, o uso desse tipo de fraude caiu de 9% para 3,8%, reflexo do avanço da biometria facial. “A biometria tem avançado tanto em adesão quanto em reconhecimento como uma tecnologia segura. Hoje, 71,8% dos brasileiros afirmam se sentir mais protegidos ao utilizá-la, e seu uso cresceu de 59% para 67% no último ano”, explica Caio Rocha, diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian.
O preço da segurança está embutido na fatura: 76% dos brasileiros afirmam que aceitariam pagar mais por empresas que garantam proteção digital. O dado indica um aumento significativo em relação ao ano anterior, quando 62% dos consumidores expressaram essa disposição.
A percepção de risco também alterou hábitos de consumo. Embora seja o meio mais visado por fraudadores, o cartão de crédito segue sendo o preferido dos brasileiros: 84% o utilizam e 60% o consideram seguro. O Pix, porém, perdeu espaço. Em 2024, o uso da modalidade caiu nove pontos percentuais, enquanto a confiança despencou de 32% para 22%, reflexo do alto volume de golpes associados a esse meio de pagamento. “A queda da confiança no Pix está diretamente ligada à percepção do consumidor sobre sua vulnerabilidade. Golpes como o do falso QR Code e fraudes envolvendo transferências instantâneas geram um impacto real na forma como os brasileiros lidam com essa ferramenta”, aponta Rocha.
Seis em cada dez brasileiros dizem escolher onde comprar com base na proteção oferecida. Mas há um dilema: 89% dos entrevistados valorizam a privacidade, enquanto 86% exigem boas experiências digitais. O desafio é equilibrar segurança e usabilidade, sem que uma comprometa a outra.
Para Rocha, a solução está em uma estratégia de prevenção em camadas: “A combinação de inteligência artificial, biometria, autenticação multifator e monitoramento de dispositivos cria um sistema mais robusto. É um ciclo contínuo de evolução: enquanto as empresas aprimoram suas defesas, os criminosos sofisticam suas táticas”.
Além disso, o executivo destaca a importância da educação digital para os consumidores: “A tecnologia sozinha não é suficiente. As empresas precisam investir na conscientização do usuário, explicando como reconhecer tentativas de fraude e protegendo seus dados pessoais. Sem essa cultura de segurança, as vulnerabilidades continuarão a existir”.
O aumento das fraudes expõe um paradoxo: a tecnologia que protege também pode ser usada para enganar. Perfis falsos impulsionados por IA, phishing hiper-realista e fraudes como serviço mostram que o crime se modernizou. No Brasil de 2025, a segurança digital não é apenas um diferencial de mercado – é uma questão de sobrevivência.
Repórter no IT Forum, é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria, RS. Com 2 anos de experiência em produção de conteúdo, concentra-se na elaboração de reportagens e artigos jornalísticos.
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