Abundância de recursos naturais, matriz energética limpa, biocombustíveis e rearranjo das cadeias globais são alguns dos fatores que colocam o país no centro das atenções da COP-28.
O Brasil lidera os debates mundiais sobre mudanças climáticas desde a Conferência de Meio Ambiente, em Estocolmo, passando pela Eco92, Rio+20, Acordo de Paris e deve ser protagonista, mais uma vez, da COP28 – que neste ano vai acontecer de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Ainda que China e Estados Unidos sejam os países que mais emitem gases poluentes, as atenções costumam recair sobre o Brasil. Mas por que toda essa relevância? Listamos abaixo sete motivos que colocam o país no centro das atenções:
O Brasil vive uma situação única de administrar a abundância de recursos naturais. O país possui a segunda maior cobertura florestal do mundo (60% de seu território) e abriga 20% da biodiversidade do planeta, além de ser detentor de 12% da água doce do globo terrestre.
Essas características permitem o país avançar, por exemplo, na agenda da bioeconomia – que tem como uma de suas bases o uso da biodiversidade para o desenvolvimento de novos bens e serviços sustentáveis e é, atualmente, uma das áreas mais promissoras no mundo dos negócios.
O Brasil também já se encontra na vanguarda da transição energética, com elevada participação de fontes renováveis na matriz energética e segue em uma trajetória sustentável, ampliando e diversificando, cada vez mais, o uso dessas fontes. A participação das renováveis na matriz energética brasileira hoje é de 45%, mais que o triplo da média mundial, que é de 14%.
Em 10 anos estima-se expandir em 30% a oferta interna de energia e, assim mesmo, deveremos manter a participação das energias renováveis na matriz energética próxima de 48%. Situação ainda mais animadora ocorre quando avaliamos a participação das energias renováveis na matriz elétrica. Estima-se, em 10 anos, a necessidade de expansão da oferta de energia elétrica em 40%, mantendo-se a participação das energias renováveis em 84%, enquanto a média mundial é de 29%.
O hidrogênio sustentável é uma das mais promissoras soluções para o futuro da energia e representa uma grande oportunidade para a indústria brasileira se descarbonizar, manter sua relevância frente à transição energética e ajudar o país a cumprir as metas e compromissos pactuados nos acordos climáticos.
O país tem potencial para se inserir de forma competitiva nesse mercado, tanto pela disponibilidade de recursos renováveis, como dito anteriormente, como pelas possibilidades de uso interno e exportação.
Um estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que somente os projetos de larga escala anunciados a partir de 2021 somam investimentos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030.
Outro levantamento da GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) — intitulado Mercado de hidrogênio verde e power to X: demanda por capacitações profissionais – mostrou que a procura pelo combustível limpo deve aumentar em aproximadamente seis vezes, chegando a 530 milhões de toneladas em 2050. Essa demanda global representa uma oportunidade para o Brasil.
Em 2022, o BNDES lançou um programa para incentivar projetos-pilotos de produção de hidrogênio de baixo carbono, com a combinação de três instrumentos: o Fundo Clima, que financia projetos de geração e distribuição de energia renovável a partir de R$ 10 milhões; o BNDES Finem Meio Ambiente; e o Finem Inovação – com linhas de crédito voltadas à inovação e tecnologias sustentáveis.
Já em relação à energia eólica offshore, a CNI estimou o potencial energético brasileiro em cerca de 700 GW (3,6 vezes a capacidade de energia instalada atualmente no país).
Até 30 de agosto deste ano, o Ibama contabilizava 78 pedidos de licenciamento, somando 189 GW de potência instalada. Além de ajudar o Brasil no cumprimento das metas definidas pelo Acordo de Paris, há a expectativa de que o setor eólico – onshore e offshore incluídos – empregue cerca de 2,2 milhões de pessoas até 2030 e mais 2,1 milhões até 2050 no mundo, segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis.
As duas atividades constam de projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional. Há a expectativa de que as propostas legislativas sejam analisadas ainda neste segundo semestre.
Durante a Cúpula do G20 em setembro, Brasil, Índia e Estados Unidos lançaram a Aliança Global de Biocombustíveis. A iniciativa busca estimular a produção e o uso desse tipo de combustível — especialmente o etanol.
O Brasil é o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo, atrás dos Estados Unidos. Por aqui, as empresas estão aperfeiçoando e diversificando matérias-primas para a produção de combustíveis renováveis que serão vantajosos no processo de descarbonização dos meios de transporte antes da “popularização” dos veículos elétricos, prevista para ocorrer mais no longo prazo.
Além disso, a gasolina já tem 27,5% de etanol em sua mistura, e o governo federal estuda aumentar esse percentual para 30%. No caso do diesel, o Executivo espera crescer a proporção da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil de 12% para 20%.
A mudança climática e fatores geopolíticos abriram uma janela de oportunidade para que países com vantagens comparativas na produção de energia limpa e renovável possam atrair plantas manufatureiras intensivas no consumo de energia em seus processos produtivos. Essa é a definição do termo powershoring.
Entre as 20 maiores economias do mundo, o Brasil é o que mais tem fontes renováveis de energia. Além dos parques eólicos, da energia solar e de biomassa, os projetos de hidrogênio verde têm se multiplicado.
Só para ter uma ideia do tamanho desse mercado, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe vai repassar até US$ 600 milhões para o BNDES e para o Banco do Nordeste em linhas de crédito para plantas industriais verdes.
Entenda o conceito de powershoring:
O Brasil chegará à COP-28 com um dado animador. O desmatamento na Amazônia caiu 33,6% no primeiro semestre de 2023, em relação ao mesmo período de 2022. Somente em junho, a redução foi de 41%, atingindo o menor nível de devastação desde 2018. Segundo o governo federal, o número de autos de infração nesse período subiu 166% na Amazônia, para 3.341, com a aplicação de R$ 2,3 bilhões em multas.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por sua vez, aplicou 1.141 autos de infração na Amazônia no primeiro semestre, o que representa um aumento de 348% em relação à média dos primeiros semestres dos quatro anos anteriores, com R$ 125 milhões em multas.
No início deste ano, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, oficializou a retomada do Fundo Amazônia, programa de apoio a medidas de proteção da região financiado com recursos estrangeiros. A decisão integrou os primeiros atos do novo governo.
O Fundo Amazônia desempenha papel central no apoio às ações necessárias à reversão das novas tendências de desmatamento. Atualmente, conta com R$ 3,9 bilhões em caixa, doados por Noruega e Alemanha.
Por: Letícia Carvalho
Foto: Claraboia Filmes/CNI
Da Agência de Notícias da Indústria
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