Quando a Petrobras alegou ter destruído as gravações que poderiam comprometer ainda mais Dilma Rousseff no escândalo da compra da refinaria de Pasadena, o pior negócio do capitalismo mundial, o Estadão quis saber se as outras estatais também eliminavam os áudios das reuniões de conselho.
Na ocasião, como mostrei aqui, o jornal descobriu o seguinte:
“Eletrobras e Caixa explicaram que os encontros de seus conselheiros de administração são registrados somente em atas. O Banco do Brasil informou que a gravação não é praxe e só ocorre quando as discussões são mais complexas, para facilitar a elaboração das atas. Nesses casos, depois da produção dos documentos, as gravações são apagadas, informou a assessoria.”
Comentei, então: O maior programa de governo do PT é o Transparência Zero.
Agora, a coluna Painel da Folha informa:
“O procurador da República Julio [Marcelo de] Oliveira, que atua junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), requisitará nesta sexta-feira à Caixa Econômica Federal atas e áudios de reuniões do Conselho de Administração em que foram discutidas as ‘pedaladas’ fiscais, atrasos de pagamentos de benefícios sociais pelo Tesouro para melhorar as contas públicas. A intenção é verificar a informação de que conselheiros se opunham sistematicamente à prática, alvo de processo no tribunal.
Se comprovada a objeção do conselho às “pedaladas”, ficará comprometida a tese de defesa do governo, de que o expediente era corriqueiro mesmo antes da gestão Dilma Rousseff, e nunca foi questionado.
O procurador junto ao TCU teme que a CEF alegue que as gravações das reuniões do conselho não são guardadas. Por isso pedirá também o registro por escrito das sessões.”
O temor de Julio Marcelo é justificado, como vimos, porque a Caixa já deu a entender que não guarda os áudios.
E, a julgar pelo caso da Petrobras, o problema do registro por escrito é que ele já elimina os trechos incovenientes das gravações.
Quando Graça Foster, então presidente da Petrobras, disse que não havia razão para acelerar as obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, “a não ser terminar a refinaria no ano de 2010”, ou seja, para fazer dela uma bandeira da campanha de Dilma Rousseff, esse trecho do áudio da reunião foi providencialmente excluído da ata.
Como comentei na ocasião: Áudio com Graça. Ata sem Graça. E as obras de Abreu e Lima, que começaram em 2007, foram de fato aceleradas de 2,5 bilhões de dólares para 18 bilhões de dólares para reeleger Dilma.
Vamos ver se Julio Marcelo ainda consegue encontrar alguma coisa na caixa-preta da Caixa, mas as únicas pedaladas a que Dilma dá alguma transparência são aquelas de bicicleta, para parecer “mais humana”, nos jardins do Planalto.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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