Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A gentileza radical dos tricôs de Nicole Leybourne

Peças tricotadas com calma, respeito e de forma artesanal são o foco da neozelandesa conhecida como "@theknitter".

Você se veste para uma manhã de inverno. Enquanto o café ainda está quente na mesa, coloca um grande casaco tricotado, que tem um caimento único no corpo, cores inusitadas e que foi feito à mão por mulheres na Nova Zelândia. A travessia de um dia de frio não parece mais tão difícil assim, não é mesmo? Essa é a proposta de Nicole Leybourne. A tricoteira da Nova Zelândia não tinha uma marca específica, mas postava suas criações no Instagram e acabou angariando quase 20 mil seguidores. Com o intuito de se definir pelo ofício, comprou o arroba theknitter (“A tricoteira”) de uma mulher que morava em Londres por apenas 50 libras esterlinas. Ela mal poderia imaginar que pouco tempo depois criaria um site com o nome e exportaria suas peças para todo o mundo — principalmente para os Estados Unidos e para a Europa.

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(Instagram/Divulgação)

“Comecei a tricotar quando eu era criança, e minha vó me ensinou o básico. Mas minhas peças sempre tinham buracos e eu não tinha paciência!” conta à ELLE. Foi só em 2014, quando peguei minhas agulhas e tentei fazer um macacão, que essa prática voltou.” Depois disso, o caráter artesanal de suas peças foram aprendidos em um lugar muito inesperado: na internet. “Eu aprendo fácil, e durante o caminho, assisti muitos tutoriais de YouTube”, afirma.

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(Instagram/Divulgação)

Todas as peças-piloto são feitas em sua casa e, na medida do possível, ela tenta produzir tudo sozinha. Quando os pedidos ultrapassam o que ela dá conta de fazer à mão, pede ajuda para tricoteiras que conheceu por meio do Instagram. Para ela, essa simplicidade de não ter fábricas envolvidas é importante para o processo: “tento manter tudo o mais simples possível, até no material. Algumas das minhas lãs não são da Nova Zelândia, mas no futuro pretendo que sejam.”

Mesmo feitos com fios grossos, é inevitável dizer que os modelos destacam uma certa delicadeza, com suas cores leves e formato confortável. Para Nicole, pouco importa se eles “dão forma” ao corpo — eles são feitos com essa radical noção de respeito ao processo, ao material, a quem está por trás das peças e ao fato de darem um aconchego para a alma. “Cada um deles demora vários dias para ser feito, e cada uma de nós leva um tempo diferente para produzir. Aliás, também depende do momento pelo qual estamos passando. Algumas demoram semanas, outras dias. Faz parte.” Em uma época na qual as roupas parecem pipocar nas prateleiras das lojas, poucas visões são tão tocantes quanto aquelas que nos lembram que as roupas carregam vida e memória.

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(Instagram/Divulgação)

Nessa mistura de artesanal com virtual, ela conta que a questão de suas peças não é o resgate do feito à mão — e sim como a simplicidade pode enriquecer qualquer produto. Sabe aquela história de que o futuro é pequeno e local? É isso. “As coisas têm sido feitas à mão por muitos anos. A humanidade é adepta da manualidade desde sempre. Mas é legal que nossa geração tenha começado a apreciar isso. Eu só quero que meu modelo continue fácil e simples.

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(Instagram/Divulgação)

Em um post recente no Instagram, ela compartilha um sentimento de frustração que muitas pessoas vão se identificar: “hoje estou procrastinando muito. Bebendo várias xícaras de várias coisas, olhando para a porta aberta e para o sol secando a grama e os pássaros comendo as frutas. Tentando tricotar duas mangas até às 4 da tarde para que eu possa beber rosé no final de semana. As quatro horas estarão aí e eu ainda estarei aqui, pensando que devia ter feito mais. Mas eu vou me servir rosé de qualquer forma, e dizer para mim mesma que segunda-feira sempre estará aí.” Gentileza com as roupas, com os outros, com o mundo e consigo. Amém! 

Por Julia Mello

https://elle.abril.com.br/moda/a-gentileza-radical-dos-tricos-de-ni...

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