Conteúdos em formato de contos, são muito úteis para elaboração da parte introdutória de seu projeto ou monografia.
Aproveite o conteúdo desse tipo de literatura, para acrescentar outras palavras chaves que não estejam especificadas nos textos mas antes, etejam nas suas próprias ideias.
Vamos ao texto de autoria do escritor Ademar Magi:
Paulinha
Paulinha andava pela noite atrás daquilo que mais gostava: pedra. Como os usuários costumam chamar, ou peça, como alguns traficantes gostam que seja chamado. A não aceitação em casa fez com que caísse neste mundo de trevas. Ela não era aceita por ser uma transexual, uma menina em corpo de menino. Expulsa de seu lar vivia pelas ruas atrás de algo que a suprisse emocionalmente. Coisa que nunca encontrava adotando como solução o esquecimento que o crack proporcionava.
Certa noite ela se viu envolvida com um negão, que achou lindo, como havia feito um programa estava com dinheiro para sanar os seus desejos, pela droga e pelo corpo dele junto ao seu. Assim começaram a noite em um quintal de uma casa abandonada. Deram os primeiros pegas na pedra. Depois disso seu apetite por outros prazeres se foi, e o negão nem ai. Só queria fumar. E foram fumando até o momento em ela percebeu que não havia muito mais. Escondeu o que restava. E tentava se livrar dele que agora a perseguia vendo nela a fonte para satisfazer seu vicio pelo crack.
Ele a agradou, a alisou, se esfregou. Mas os pensamentos de Paulinha já estavam distantes. Era só pedra, e ele de possível fonte de carinho para sanar sua carência, ainda que por um breve instante, passou a estorvo. Mas não queria largar do pé dela, e ela louca para dar mais uma tragada e não podia, caso fumasse teria que compartilhar com ele e não havia o bastante, só havia para ela.
Foi quando o negão cansado de querer agradar começou a ameaçar, foi quando aquelas enormes mãos que antes ela queria em seu corpo a alcançaram, começaram a sufocá-la. Ela viu finalmente o fim de seu sofrimento, como se aguardasse ansiosa por isso, não reagiu. O negão pegou o que queria e desapareceu pela noite, deixando aquele corpo jogado nas ruas.
O corpo foi encontrado. Demoraram alguns dias até que sua mãe e pai tomassem conhecimento do ocorrido. Ainda conseguiram enterrar a filha. A cada dia que passava pai e mãe sofria, a visão do corpo morto e já fétido da filha em seus olhos, em suas narinas, testemunhando o mal que haviam feito tristeza e dor os consumiriam até o fim de suas vidas.
Muitos crêem que o que é diferente é inaceitável, é intolerável e fecham seus olhos e seus corações a qualquer um que possa fugir de seus padrões, muitas vezes abandonando aqueles que deveriam amar incondicionalmente, e quando é tarde passam a sofrer por causa de suas decisões, perseguidos eternamente por um ‘se’. Se eu tivesse feito isso... Se eu não tivesse feito aquilo...
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI