CARLOS BRICKMANN
Pode ficar escandalizado desde já: na semana que vem, o senador Renan Calheiros deve ser eleito presidente do Senado (e, portanto, presidente do Congresso). Continue escandalizado: a menos que aconteça algo totalmente inesperado, o deputado Henrique Alves será eleito presidente da Câmara (e, portanto, o segundo na linha sucessória da Presidência da República, atrás apenas do vice-presidente Michel Temer). Aliás, se por qualquer motivo Alves não puder substituir a presidente da República, o próximo na linha sucessória será Renan.
Pode deixar de escandalizar-se. Renan e Henrique Alves, ambos do PMDB, são amplamente conhecidos pelos eleitores. Renan já teve de renunciar à Presidência do Senado, para não ser cassado, quando alguns dos assuntos que julgava particulares foram trazidos a público. Henrique Alves brigou com a própria irmã gêmea, Ana Catarina, por disputa de poder político; brigou com a ex-esposa, Mônica Azambuja, pela partilha de bens depois do divórcio (ela o acusou de subestimar o patrimônio do casal e de ter remetido irregularmente muito dinheiro ao Exterior). No caso dele, tudo já está certo: esta sua ex-esposa ─ bem como o filho de Henrique Alves ─ estão bem empregados em Brasília, na Conab, Cia. Nacional de Abastecimento, velho feudo do partido de ambos, o PMDB.
Nada disso é secreto; e, nas campanhas eleitorais, foi levantado por seus adversários. Mesmo assim, ambos foram eleitos. Então, caro eleitor, assuma a culpa: eles não chegaram lá sozinhos.
Jamais teriam êxito sem seu precioso voto.
Perguntas sem resposta
1 – Por que senadores e deputados (estaduais e federais) precisam de um carro à disposição, mais motoristas, com gasolina e manutenção por nossa conta?
2 – Imaginando que precisassem, por que a concorrência foi especificada de tal maneira que só dois modelos de automóveis podem concorrer?
3 – Por que magistrados precisam de carro oficial? Nos Estados Unidos, só o presidente da Suprema Corte tem direito a carro oficial.
4 – O prefeito de Atibaia, bela cidade de 130 mil habitantes perto de São Paulo, deve precisar de carro oficial, pois tem de viajar muito à Capital. Mas precisa de um Ford Edge importado do Canadá, de mais de R$ 130 mil? Da mesma marca, um Ford EcoSport, que custa a metade, não resolveria o problema?
5 – Pouca coisa? Some o número de parlamentares, magistrados, prefeitos, multiplique pelo preço dos carros, mais motoristas, mais despesas. É por essas e outras que o dinheiro para atividades essenciais acaba ficando curtinho.
Me dá um dinheiro aí
Vereadores e prefeitos andaram promovendo fartos aumentos de salários nessas últimas semanas, pouco se importando com o atendimento das necessidades da população (as cidades serranas do Rio, por exemplo, continuam em ruínas desde as chuvas do ano passado, mas Suas Excelências tiveram bons aumentos).
Até aí, neste país, tudo normal. Mas o prefeito de Nova Iguaçu, RJ, o peemedebista Nelson Bornier, tripudia sobre o cidadão. Seu reajuste foi de 102,1% (algo que o caro leitor dificilmente terá obtido), e ainda disse que este tsunâmico aumento “é digno”. Completando: “É mais do que justo para quem quer fazer trabalho sério e honesto, principalmente no momento em que há gente que vive de corrupção”.
Ou seja, o corrupto só é corrupto porque ganha pouco. Marcos Valério, pobre moço, se ganhasse melhor não estaria entre os mensaleiros.
Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/feira-livre/
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