Em entrevista ao IT Forum, Matthieu Rouif, CEO da Photoroom, falou sobre trajetória da startup de edição de imagens como IA.
CEO e cofundador da startup francesa Photoroom, Matthieu Rouif tem uma relação próxima com o Brasil. Além de ser casado com uma brasileira e arriscar algumas frases em português, o executivo passou uma temporada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2008, durante um programa de especialização enquanto cursava Engenharia de Materiais na Universidade de Stanford.
Sua trajetória profissional, no entanto, passou por uma transição significativa. Do campo da Física, o francês resolveu se aventurar pelo universo das startups. Seu interesse, ele conta, sempre foi o mundo da luz e das imagens, mas a experiência em Stanford o levou a enxergar o tema sob uma nova ótica.
“Durante minha graduação, trabalhei na criação de hologramas, com energia fotovoltaica e câmeras. Mas, em Stanford, percebi que a revolução que estava acontecendo no campo da luz e das câmeras vinha do software, não do hardware. Isso despertou muito a minha curiosidade”, contou em entrevista ao IT Forum.
Desde então, Rouif fundou diversas startups e experimentou diferentes tecnologias de luz e imagens. Ele também atuou como líder de Produto da Stupeflix, que seria adquirida pela GoPro. Ficou na gigante de câmeras de aventura, como gerente sênior de Produtos, até 2018. No ano seguinte, ao lado de Eliot Andres, resolveu empreender novamente no universo das imagens e fundou a Photoroom, sediada em Paris.
A startup oferece uma plataforma de edição de fotos com inteligência artificial, focada em ajudar pequenas empresas a criar imagens profissionais para promover seus produtos online. Nesta semana, Rouif fez sua primeira visita ao Brasil desde sua experiência acadêmica na UFRJ. O país se tornou um dos três principais mercados globais da empresa.
A expectativa é de crescimento no país: a Photoroom projeta um avanço de 50% nos negócios locais em 2025, com investimentos nos segmentos B2C, pequenas e médias empresas (PMEs) e enterprise. Em um ano, mais de 125 milhões de imagens foram exportadas por brasileiros. “O Brasil é um dos nossos mercados-chave”, destaca o CEO.
Para Rouif, uma das características do mercado nacional que impulsiona os negócios da Photoroom é o alto engajamento dos brasileiro com plataformas mobile. Além disso, há um grande número de pequenos empreendedores dispostos a explorar todas as tecnologias disponíveis para expandir seus negócios. “As pessoas gerenciam seus negócios pelo celular. Elas usam o Pix, WhatsApp e Photoroom, e pronto. Não é preciso muito mais para começar um negócio”, avalia.
Photoroom: uma startup de IA lucrativa
O Brasil, no entanto, não é o único mercado onde a Photoroom tem se destacado. Com 200 milhões de downloads globalmente e uma média de 20 milhões de usuários ativos mensais, a empresa atingiu, no ano passado, US$ 50 milhões em receita anual recorrente (ARR) e alcançou o breakeven. Atualmente, a Photoroom é uma das raras startups de inteligência artificial que conseguiu alcançar a lucratividade.
Segundo Rouif, o sucesso da empresa se deve a dois fatores principais. O primeiro é o foco na execução de uma estratégia bem definida. Desde o início, a Photoroom decidiu lançar sua plataforma exclusivamente para dispositivos móveis, sem disponibilizar versões para desktop.
“Quando lançamos a plataforma, analisamos de onde vinham os inputs e para onde iam os outputs. No caso da edição de fotos, as imagens vinham essencialmente das câmeras dos smartphones, e os resultados eram destinados, principalmente, às redes sociais. Então, otimizamos nosso fluxo para essa dinâmica”, explica.
O segundo fator foi a estratégia de produto. “Não estamos apenas construindo uma IA útil. Acreditamos que, se os usuários enxergam valor no serviço, eles estarão mais dispostos a pagar pelo que oferecemos”, afirma Rouif. Por conta dessa abordagem, a empresa também investiu pesado em tecnologia.
A Photoroom atua hoje com cerca de 12 modelos próprios de IA. O treinamento de modelos próprios, é claro, exigiu altos investimentos da startup. Desde sua fundação, a Photoroom já levantou US$ 62,1 milhões em investimentos. A última rodada, de serie B, foi em fevereiro do ano passado, e trouxe um novo aporte de US$ 43 milhões para a companhia.
Para Rouif, a aposta em modelos próprios tem uma justificativa clara: “Se queremos oferecer um aplicativo que facilite a gestão dos negócios dos usuários, ele precisa ser rápido. O segredo está na agilidade dos modelos”, destaca.
Ele compara essa abordagem com a startup chinesa Deepseek, que recentemente chamou atenção no mercado de IA ao lançar um modelo otimizado para velocidade e menor custo operacional. “O modelo R1 da Deepseek é muito mais barato porque foi projetado para ser ágil”, avalia.
A alternativa seria utilizar modelos de IA de terceiros, como o Dall-E, da OpenAI. No entanto, esses modelos são treinados com uma quantidade massiva de dados, muitos dos quais vão além das necessidades dos usuários da Photoroom. Como consequência, os custos operacionais da startup seriam mais elevados e a experiência do usuário poderia ser comprometida.
Perspectivas para o futuro
Rouif não divulga detalhes sobre a receita da Photoroom, mas afirma que, atualmente, a maior parte do faturamento vem do setor B2C. A expectativa é que, em “três a quatro anos”, o segmento B2B represente metade do faturamento, impulsionado por negócios com PMEs e grandes empresas.
Um dos focos de expansão de negócio da companhia é no segmento enterprise. Hoje, a startup já atende grandes clientes, como Warner Bros., Netflix, Amazon e DoorDash, e vê a crescente demanda por geração de imagens do setor como uma oportunidade.
Mas a empresa também planeja novos serviços voltado para PMEs, como criação de logos, além de opções mais atrativas para organizações com um número reduzido de funcionários. O investimento em tecnologia também continuará. “Nossos modelos vão ficar melhores e mais rápidos, então todos podem esperar novos modelos em 2025 com qualidade aprimorada”, finaliza.
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