Entre janeiro e julho de 2015, o Brasil recebeu 6.245 toneladas de fibras do país asiático. Falta de sementes é o fator mais agravante no setor
MANAUS - O setor têxtil importa de Bangladesh 80% da fibra de juta consumida pela indústria do Estado. No Amazonas, o cultivo da juta, produziu na safra de 2015 aproximadamente 3 mil toneladas de fibras, enquanto o setor tem capacidade instalada para operar com 13 mil toneladas do produto. Na tentativa de resolver ou pelo menos amenizar o gargalo do desabastecimento de fibras, o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas busca subsídios junto ao governo do Estado para a compra de sementes no Pará e a posterior distribuição aos produtores dos municípios locais.
Segundo o presidente do Sindicato, Sebastião Guerreiro, no período entre janeiro e julho deste ano, o Brasil recebeu 6.245 toneladas de fibras do país asiático, quantitativo que equivale a US$4.448 milhões. Deste total, ele afirma que o Amazonas recebeu 1.445 toneladas da matéria-prima, estimadas em US$1.057 milhão.
Guerreiro explica que a falta de sementes é o fator mais agravante no segmento. No Estado, existem cerca de 45 toneladas de sementes que devem ser plantadas para a safra de 2016. A colheita acontece entre os meses de janeiro e junho, com maior pico em maio. O processo do plantio acontece no período da vazante. A produção de malva neste ano foi de 2.886, conforme dados da ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável do Estado). “Para a safra de 2016 estimo que a produção será igual à obtida neste ano, porque o volume de sementes a serem distribuídas nos próximos meses é o mesmo que foi cultivado no último ano”, comenta.
As sementes adquiridas no Pará são fornecidas aos agricultores nos municípios de Manacapuru, Anamã, Coari, Codajás, Itacoatiara e Parintins, pelo governo do Estado por meio da Sepror (Secretaria do Estado de Produção Rural). “Hoje, o que mais nos preocupa é a falta de sementes, porque sem elas não tem produção de fibra. Nos tornamos dependentes da importação e o fator ‘dólar’ nos iguala às demais empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) dos diversos segmentos que dependem da importação dos seus insumos”, analisa o presidente. “Bangladesh é o único país que tem excedente de fibra para importar. A Índia é o maior produtor, mas consome toda a sua produção e ainda importa de Bangladesh”, complementa.
O setor têxtil amazonense conta com duas empresas de beneficiamento de fibras que estão instaladas no PIM, que são: a Brasjuta da Amazônia S/A Fiação, Tecelagem e Sacaria; e a Empresa Industrial de Juta S/A. Em um contexto nacional essas empresas estão somadas à uma indústria localizada no Estado do Pará. Guerreiro afirma que a indústria têxtil paraense importou neste ano 4.281 toneladas de fibras, o correspondente a US$3.137 milhões.
Crescimento no faturamento
Na avaliação do presidente, o segmento deverá fechar o ano com um leve crescimento no faturamento estimado entre 20% e 25% em comparação a 2014. Conforme os Indicadores de Desempenho do PIM, de janeiro a maio deste ano o setor têxtil registrou crescimento de 14,26% com faturamento de R$19.9 milhões. No ano passado esse crescimento foi de 58,8% o que correspondeu a R$17.4 milhões. “Crescemos em faturamento e consequentemente em volume, mas a elevação não deverá acontecer igualada ao ano passado. Atendemos ao segmento do agronegócio dos exportadores de café e considerando que o volume de café exportado pelo Brasil será igual ou superior ao de 2014 deveremos contabilizar um crescimento entre 20% e 25%”, disse.
As fabricantes têxteis produzem sacarias que são enviadas aos Estados de Minas Gerais (maior produtor de café do país), São Paulo, Espírito Santo e Bahia. A produção atende às sacarias de café e batata. Do total produzido pelas empresas locais, 98% é comercializado ao mercado nacional e somente 2% é absorvido pelo Amazonas.
Projeto de cultivo das sementes
Guerreiro informa que o Sindicato capitaneia um projeto junto à Sepror que deve culminar em um convênio para a compra de sementes do Pará. Inicialmente o Amazonas deverá adquirir 50 toneladas de grãos que serão distribuídas aos produtores amazonenses e resultarão, sempre, na safra do ano posterior. O projeto terá duração de 5 anos e a cada ano haverá um aumento de 50 toneladas de sementes ao total adquirido.
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